Análise: The Long Journey Home (Multi) parece simples, mas não é

O estúdio Daedalic entrega uma experiência longa demais para não cansar com o tempo

em 09/12/2018

The Long Journey Home (Multi) foi desenvolvido e publicado pelo estúdio alemão Daedalic, lançado para PC em 2017 e para PlayStation 4 e Xbox One neste ano de 2018. Ao estilo “jogo de navinha” eles conseguiram trazer um enorme game de sobrevivência e exploração, com mecânicas densas o bastante para te manter jogando, infelizmente, não por muito tempo.

Perdidos no espaço

Depois de selecionar sua tripulação, nave e outras coisas, você estará na Terra, com destino marcado para Marte. Após uma viagem tranquila (ou não), sua nave será capaz de dar Saltos para outras galáxias e planetas. Com tudo pronto, Alpha Centauri é o seu novo destino, mas algo dá errado ao acionar a tecnologia e acabamos parando no outro extremo do espaço. Aqui não temos uma história profunda ou personagens marcantes, mas sim um conceito bom o suficiente para nos manter interessados.

O que sabemos sobre os tripulantes da nossa nave é a pequena história sobre seu passado e sua profissão, que o jogo mostra em seus momentos iniciais. É possível conhecer um pouco mais sobre suas personalidades quando verificamos alguns itens, onde cada um expressa sua opinião sobre ele. Se selecionarmos o rádio, por exemplo, cada integrante dirá algo como, “Quem vai nos ouvir?” ou “Isso. Vamos revelar nossas fraquezas por aí”. Então suas decisões quanto aos itens podem ser feitas a partir disso.


Depois de tudo dar errado, o objetivo é fazer o possível para voltar para casa, e isso inclui fazer favores para as raças alienígenas que encontramos no caminho. A variedade aqui é bem grande, e cada uma delas possui seus territórios e costumes próprios, como os Ilitza, e se você não tomar cuidado com eles poderá ter um de seus tripulantes escravizados. Temos também raças mais tímidas, outras mais engraçadas, ou mesmo grandes plantas voando no espaço.

A boa relação com eles será a chave para sobreviver, abrindo comércio, novas tarefas, dicas de novos planetas ou ganhando dinheiro para melhorar sua nave. Tudo isso, claro, está atrelado às suas mecânicas, simples mas cheias de nuances interessantes. É possível ainda batalhar com outras raças do universo, mas não aconselho. Esse sistema não é muito bom para isso, e ao levar tiros perdemos a defesa muito rapidamente. Então evite batalhas desnecessárias.


A difícil missão para sobreviver

The Long Journey Home (Multi) é um jogo de estratégia e simulação e em seus primeiros instantes já é possível constatar isso. Para começar é necessário selecionar seus tripulantes, quatro de oito, em que cada um é especialista em algo, como jornalismo, arqueologia, engenharia, entre outros. Essa é a forma de escolher os itens iniciais que você levará na jornada, como kit médico, um laptop, ferramentas para manutenção. Infelizmente eles são de uso único, e se necessário, novos terão que ser adquiridos ao longo da jornada, o que não será muito fácil.

Depois disso é necessário escolher um modelo de espaçonave, dos três disponíveis a variação fica no quanto você pode carregar de material, combustível, distância percorrida no salto, força da defesa, entre outros detalhes. Também é possível selecionar o padrão de cores da nave, e até que existe bastante variedade nesse sentido. Após isso tudo temos que definir qual será o nosso Lander, veículo que possibilitará explorarmos os mais diversos planetas, existindo três modelos distintos que variam quase da mesma maneira que a nave.



Com isso escolhido, agora podemos selecionar o Seed. Com o universo gerado proceduralmente, pelo código gerado aqui, podemos passar para outros jogadores explorarem essa mesma configuração de planetas. Infelizmente não há a opção de multiplayer nesse título, o que deixaria as coisas bem mais divertidas.

Mesmo com tudo isso, ainda não iniciamos a nossa longa jornada para casa. Com tudo selecionado o jogo começa a simulação, simples, mas que possui algumas regras importantes para seguir. No espaço temos uma visão de cima, com um mini mapa no canto para nos guiar. É possível ver para onde vamos por uma linha amarela na frente de nossa nave, e se não fizermos nada ela vai segui-la sem parar. Para mudar isso temos as manobras para realizar, desde orbitar um planeta ou seguir na direção de asteroides, gastando combustível no processo.



O aprendizado para executar esses movimentos não é fácil e gastar muito combustível para acessar uma pequena lua será uma grande possibilidade. Para recarregá-lo, como também nossos escudos, precisamos de recursos e tiramos eles dos planetas que visitamos. Cada um deles possui um bioma, temperatura, gravidade e outros pontos que variam entre eles, além da dificuldade. Então ao entrar em um planeta em um tipo de mini game, temos acesso a uma área pequena onde a física agirá sobre o nosso Lander. Se a gravidade for muito pesada, não conseguimos nos mover muito bem, e se for muito leve nos moveremos com pouco impulso.

As possibilidades são bem legais nesse sentido, mas infelizmente, no começo, muitos planetas são de alto risco, e a possibilidade de matar o tripulante em uma missão desta é bem alta. Então se você está precisando recuperar o escudo de sua nave, não vale a pena entrar em um planeta extremamente quente, é só achar um mais tranquilo e escavar metais para isso, ou mesmo gastar créditos para carregá-lo em 100%. Mesmo que dinheiro seja uma coisa difícil de acumular com o tempo, ele ainda é uma ótima alternativa.


Cuidado onde pisa

O universo é muito vasto e hostil para quatro tripulantes humanos, então todo cuidado é pouco. O jogo destaca bem essa parte, já que podemos danificar nossa nave e Lander com certa facilidade, podendo até deixar algumas ferramentas desabilitadas, como o piloto automático para orbitar planetas ou mesmo a chance de escapar de um corpo celeste caso o Lander seja destruído.

Além de cada batida ou efeito, como calor e radiação, fazerem mal para cada um dos tripulantes, e sem os cuidados necessários, eles vão perecer logo, de forma permanente. Por causa disso reiniciei uma nova galáxia várias vezes, até não perder ninguém por boa parte da jogatina. Não que o jogo se preocupe em que nos formamos laços com eles, mas algumas tarefas só podem ser executadas por especialistas.


Universo belo

Uma das coisas que mais chamam atenção neste título são os visuais e a variedade dos mais diversos planetas, não tão grandiosos como em No Man's Sky (Multi), mas que contém seu charme. Desde planetas tropicais, com lava, inundados por água, gasosos, são bonitos de acessar, principalmente aqueles que possuem o sistema de dia e noite, trazendo alguns detalhes bem legais na jogatina, como ver outros cosmos por perto. Os gráficos não são de ponta, mas cumprem bem o seu papel.

As músicas também trazem um sentimento bem legal de aventura ou drama quando é pedido. Como quando perdemos algum tripulante, ou exploramos alguns asteroides. Vale a pena prestar atenção nisso também.


Uma aventura talvez longa demais

Esse título me trouxe muitas impressões interessantes. A mais legal é a impressão de estar jogando uma aventura de Star Trek, cheia de planetas desconhecidos e raças de alienígenas divertidas. Infelizmente suas mecânicas e detalhes não sustentam isso por muito tempo, cansando com suas rotinas para sobrevivermos. Cuidar de muitas coisas acaba sendo meio sem graça. Talvez se fosse mais contido e trabalhasse melhor seus personagens, teríamos em mãos um excelente produto, mas o que temos é só legal mesmo.

Prós

  • O conceito da história é interessante;
  • Os sistemas de sobrevivência funcionam muito bem;
  • Os planetas são variados e com alguns detalhes bem interessantes;
  • Músicas muito bem compostas;
  • Os alienígenas têm características bem interessantes, como sua aparência e modos de agir.

Contras

  • O universo é extremamente grande e longo, cansando com o tempo;
  • Suas mecânicas de movimentos são difíceis de dominar;
  • A dificuldade de conseguir créditos é desanimadora.

The Long Journey Home — PS4/XONE/PC — Nota: 6.0
Versão utilizada para análise: PS4
Análise produzida com cópia digital cedida pela Daedalic 
Revisão: Francisco Camilo



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