Lançada no final de outubro para PC e no início de novembro para PS4 e XBO, a nova expansão apresenta o território de Murkmire, na costa sul de Black Marsh. Local de nascimento de toda a cultura Argoniana, a qual, inclusive, temos contato de sobra no DLC. Com um terreno pantanoso incrível, excelentes histórias a respeito da raça de répteis e ótimo design de masmorras, o DLC agrada bastante, mesmo que não seja tão grandioso quanto Summerset.
Caçando Tesouros no Pântano
A premissa de Murkmire coloca o jogador numa aventura com um quê de “Indiana Jones”. Isso por apresentar uma sequência de missões com ideias relacionadas à exploração de tumbas antigas, recuperação de relíquias perdidas e o descobrimento de novos detalhes sobre a antiga cultura Argoniana que existia no território há muito tempo.Inicialmente chegamos ao território pantanoso com a missão de ajudar nas relações controversas entre imperiais e argonianos. Isso é muito bacana para os jogadores que curtem o roleplay de ESO. É possível ver “nos bastidores” as relações dos Argonianos com as outras raças num território onde, pela primeira vez, eles são a raça dominante. O que é bem bacana.
Além disso, outros traços da cultura da raça e seus comportamentos foram bem delimitados, como os costumes religiosos, rituais de entrada em grupos, nascimento e cuidado com ovos e outros detalhes. Os personagens NPC que encontramos pelo caminho também são muito bem construídos e cativantes, com uma excelente variação estética, mesmo se tratando em sua maioria de lagartos.
A principal linha de missões do território tem início em Lilmoth, uma cidade próxima à costa sudeste de Murkmire. Depois de falar com Famia Mercius, é iniciada uma expedição para buscar artefatos Argonianos perdidos. Essa linha de missões possui cerca de sete capítulos individuais longos e leva somente algumas horas para ser concluída.
Ou seja, em comparação a pacotes de expansão completos, Murkmire tem uma vida útil bem mais curta, uma vez que é apenas um DLC e não uma expansão como Morrowind ou Summerset. Entretanto, existem inúmeras missões secundárias e missões diárias repetíveis para se aprofundar.
Invadindo tumbas
Porém, o maior foco da aventura é, inquestionavelmente, a exploração de tumbas para a recuperação de tesouros perdidos. E isso Murkmire faz muito bem. Mesmo as missões comuns, fora da nova arena Blackrose Prison, são excelentes. Para além da conversação que os fãs de roleplay vão adorar, os ávidos por ação também não tem com o que se decepcionar aqui.
O design das masmorras está ótimo, com desafio na medida, novas criaturas incríveis e situações dignas de Lara Croft ou Nathan Drake. Uma das inovações mais divertidas foi a inclusão das criativas armadilhas de campo: espinhos que saem das paredes, chamas surpresa e dardos venenosos que são acionados por botões no chão.
Isso deixa a dinâmica de exploração de masmorras muito mais divertida, pois não permite que o jogador saia desenfreado pulando de onda em onda de inimigos e buscando baús pelo caminho. Com uma atenção maior aos detalhes das masmorras, para não sofrer danos desnecessários, eventualmente a imersão nessa exploração aumenta também. Deixando toda a experiência mais completa e muito divertida.
Além disso, alguns locais possuem puzzles para serem resolvidos que também favorecem essa imersão. Como manivelas que precisam ser deixadas nas posições corretas para uma ponte ser acionada ou portas trancadas que precisam de uma combinação certa de botões para serem abertas. Tudo é muito mais interativo e vivo nas terras antigas e pantanosas de Murkmire.
Território pequeno, mas cativante
Como dito anteriormente, Murkmire fica em Black Marsh, mais precisamente na costa sul da região. Como tal, é uma área bastante pantanosa que combina muito bem com os costumes tribais dos Argonianos. E aqui precisamos levantar mais um grande elogio para o novo pacote de DLC de ESO: pântanos podem ser profundamente chatos, repetitivos e entediantes, mas Murkmire consegue ser o oposto dessas três coisas.
Os pântanos da terra natal dos Argonianos possuem três biomas diferentes. Além disso, uma extensa variedade de vegetação e formatos de terreno, propiciando uma complexidade ímpar, mesmo que em um território tão pequeno. Incrivelmente eu me senti mais convidado a explorar Murkmire do que Summerset; e olha que o reino dos Alto Elfos era incrível também.
São nos detalhes que esse terreno pantanoso mais se mostra cativante: a água quase sempre rasa favorece bastante a exploração despretensiosa, além de criaturas surpreendentes de serem enfrentadas, como ursos-lagarto, tartarugas gigantes, dragões elétricos e trolls do pântano. Por fim, ainda temos uma vegetação agressiva que pode deixar sua exploração ainda mais perigosa.
Complementando esse cenário incrivelmente desafiador e cativante, temos a arquitetura própria dos lagartos que combina pontos rústicos tribais com construções em ruínas mais antigas que remetem bastante as culturas mesoamericanas como os Maias, Incas e Astecas. Mas é possível também notar algumas interações desse lugar com outras raças, como alguns traços de arquitetura imperial e dos elfos sombrios, por exemplo.
A Prisão Rosa Negra
Outro dos destaques dessa região é a nova arena de Blackrose Prison. Infelizmente não temos novas dungeons ou mapas PVP em Murkmire. A falta é sentida principalmente nas dungeons, uma vez que todo o contexto de Murkmire favorece a exploração de tumbas, seria interessante ver uma masmorra pensada para esse local. Porém, mesmo sem esse tipo de conteúdo, a arena já é uma presença um tanto quanto imponente.
Com uma duração bem extensa, a Blackrose Prison é, sem dúvidas, uma das arenas mais difíceis já feitas para The Elder Scrolls Online. Com um ritmo bem intenso de inimigos, várias habilidade distintas e quase nenhum local de fuga, a arena traz praticamente tudo de pior que podemos enfrentar no território pantanoso em sua versão mais horrenda.
Assim, mesmo que Murkmire não apresente uma vastidão de conteúdo tão considerável, com apenas uma arena, essa é muito focada nos níveis mais altos próprios do ending game, o que já é um diferencial considerável para os jogadores de longa data.
A majestade e simplicidade de uma raça oprimida
Murkmire não muda tanta coisa no contexto geral de Cyrondil. Além disso, não pode ser comparado com as gigantescas expansões que foram Summerset e Morrowind. Entretanto, é muito mais enriquecedor em conteúdo que outras como Wolfhunter. O DLC traz um mapa que possui como ponto positivo justamente o fato de ser pequeno, pois o que falta em extensão os desenvolvedores compensaram com detalhismo e beleza.
Criar pântanos bonitos e convidativos de serem explorados não é algo fácil. Combinar isso com uma ambientação tribal que traduz ao mesmo tempo diferenças e aproximações entre os vários clãs de lagartos, com uma história de aventura e, muitas vezes, de resgate, é algo, no mínimo, primoroso. Junte isso ao fato do DLC ser o primeiro a ser distribuído de forma gratuita como recompensa de login diário e temos aí um ótimo pacote extra para curtir Elder Scrolls Online.
Finalmente os Argonianos receberam o holofote que merecem, não tão grandioso como outras raças, mas respeitoso. Com detalhes interessantíssimos sobre sua cultura, relações com outras raças e, o mais interessante, ver sua terra natal pulsante de vida. Murkmire é isso, pequeno, cativante e cheio de vida.
Análise produzida com cópia digital cedida pela Bethesda.