Este ano houveram alguns espaços interessantes dedicados a jogos e jogadores de todas as idades. Quem quisesse testar um pouco de diversos lançamentos populares era só dar uma passadinha no Arkadium, uma área fechada com os mais variados consoles para o público jogar. Lá tínhamos desde Mario Kart 8 Deluxe, para o Nintendo Switch, a Dragon Ball Fighterz (Multi). Os pequenos puderam usufruir de diversas atividades na área Little Heroes, muitas delas voltadas para os jogos, como noções básicas em game design para atiçar as mentes nos nossos futuros desenvolvedores.
Foto: Andre Nascimento |
Fãs de jogos analógicos tiveram o espaço D2 District, com RPGs de mesa e cardgames para galera curtir. Amantes dos eSports puderam apreciar a Game Stadium — que cobria uma parte razoável do evento e abrigou competições fervorosas, incluindo a final do Circuito Feminino de Rainbow Six Siege (Multi).
No meio disso tudo, o mais interessante para mim foi poder ver os jogos da área indie. Exclusivamente com jogos feitos no Brasil, a área indie trouxe games promissores que ressoaram bastante com o público. Consegui jogar a maioria deles nos três dias de evento e trago para vocês os melhores jogos que passaram por lá.
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Entre amadores e políticos
A maioria dos games presentes no evento eram de estúdios iniciantes aqui do Rio, entre equipes de faculdades e estúdios que trabalhavam em seu primeiro jogo. Dos grupos de faculdade, víamos muitos conceitos interessantes ainda em estágio inicial, mas que precisariam ainda de muito trabalho para se tornarem jogos engajadores.Era o caso de Miragem (PC), um game de plataforma 3D com visuais encantadores, mas uma câmera bem quebrada. Conversando com um dos desenvolvedores, percebi que o jogo estava se encaminhando para se tornar algo digno de competir com gigantes do gênero, como A Hat in Time (Multi), com jogabilidade fluida e mundo semi-aberto.
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Um fênomeno interessante, mas que não surpreende tanto, é a presença de jogos sobre política. No atual cenário brasileiro, com a eleição presidencial batendo a porta, não é incomum que surjam games explorando a vida dos políticos e tentando explicar de maneira mais lúdica como funciona a política. Essa era exatamente a proposta de Politicagem (PC/Android), jogo que te coloca na vida de um deputado que precisa equilibrar as necessidades do povo e de outros políticos. O game mesmo repleto de texto atraiu até crianças, maravilhadas com tudo que viam no evento.
O sucesso dos jogos mobile
Para a surpresa de ninguém, nenhum outro grupo de jogos atraiu tantas crianças quanto os jogos para celular. Às vezes adaptados para funcionar com controles de arcade e numa tela grande, os jogos mobile conquistaram os pequenos com seus comandos simples e gráficos coloridos. Boa parte desses jogos, inclusive, já estão disponíveis na Play Store e os pequenos corriam para baixá-los assim que saíam dos stands.No time dos já lançados está Adventure Llama(Android/iOS). Nele, o jogador controla uma lhama que segue sempre em frente e tudo que o jogador pode fazer é pular. Ela só muda de direção quando bate em uma parede. O objetivo é pegar três nachos espalhados pela fase numa ordem específica. Nos dez níveis disponíveis, pudemos ver como essa combinação de comandos limitados vai se mostrando cada vez mais desafiadora conforme vão sendo adicionados novos obstáculos.
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O que mais nos impressionou, entretanto, foi Let's Zeppelin. Disponível atualmente pelo aplicativo Facebook Messenger, o jogo é uma genial reinvenção de Batalha Naval. Dos mares para os ares, você escolhe quatro dirigíveis para compor sua frota e os esconde no mapa. Assim como no jogo clássico, seu objetivo é tentar advinhar a posição da frota adversária e derrubá-la. Para isso, você também pode usar as habilidades especiais de cada um dos seus dirigíveis. Cheio de estratégia e gráficos muito polidos, o jogo também chegará na Play Store e Apple Store até o final do ano.
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Lendas brasileiras
Grandes sucessos do mercado nacional também estavam disponíveis para o público e atraiam em especial os marmanjos. Os jogos dos youtubers Castro Brothes marcaram presença e ambos — A Lenda do Herói (PC) e UTC - Não Pode Rir — apresentaram uma fila considerável. Apesar de já ter lançado há dois anos, A Lenda do Herói cativou bastante o público com suas músicas leves e jogabilidade retrô.Foto: Andre Nascimento |
Outro jogo com pegada retrô que chamou bastante atenção foi o game de luta Trajes Fatais (PC). Fortemente inspirado nos jogos antigos da SNK, como a franquia The King of Fighters, Trajes Fatais se aproveita da cultura brasileira para trazer o seu diferencial. Já imaginou usar um cangaceiro em um jogo de luta? Agora você pode. A pixel art do jogo está de cair o queixo e atraiu muitos olhares, mesmo daqueles que estavam só de passagem.
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Os mais promissores da feira
Dentre toda essa diversidade de jogos de qualidade, houveram dois que se sobressairam não só pela suas ideias originais, mas também por toda apresentação refinada dos títulos. Estou falando de Zaal Jinn: Wrath of Elementals(Multi) e Tiny Little Bastards (Multi) da Overlord.Dá para saber de longe a maior inspiração de Zaal Jinn: Wrath of Elementals. Seja o visual, as temáticas ou a jogabilidade do jogo, tudo aqui grita Avatar: A Lenda de Aang. Um beat 'em up onde você pode utilizar diversos poderes elementais, a equipe não esconde nem um pouco suas origens. Qualquer fã da série animada vai se sentir em casa aqui. A arte do jogo lembra bastante a do desenho, mas os personagens tem o seu charme próprio.
Na demo, pudemos jogar apenas uma fase glacial, mas todas as habilidades elementais já estavam disponíveis para testar. Era possível melhorar essas habilidades na demo e na versão final elas prometem se interligar ainda mais com os combos do personagem. O jogo deve chegar ainda esse ano para PC, mas não deve parar por aí. A ideia é que ele chegue também para o Playstation 4 e Xbox One.
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Tiny Little Bastards mistura tantas inspirações que fica difícil separar de onde vem cada ideia. No final não importa, o que importa é que o jogo está fantástico. Aqui você é um anão que teve sua cerveja roubada e precisa recuperá-la. Como todo bom metroidvania, Tiny Little Bastard traz um enorme mundo conectado que vai se abrindo a cada nova habilidade coletada. Na demo, já começávamos com algumas liberadas, mas na versão final você só começará com seus punhos mesmo.
Um dos diferenciais do jogo é como ele lida com o gerenciamento de vida. O jogador tem alguns corações que vão diminuindo conforme ele leva dano. Para recuperá-los é necessário tocar uma corneta que se enche a cada três inimigos derrotados. Assim, o jogador é incentivado a manter sempre um estilo agressivo, mesmo quando estiver morrendo. Entretanto, o sistema de energia previne que você vença qualquer luta sem uma estratégia e é uma inteligente adição. O único problema que encontrei foi seu mapa confuso e pouco intuitivo, mas isso deve melhorar na versão final. O jogo está previsto para chegar ao PC, PS4 e XBO entre o final de 2018 e início de 2019. Uma versão para Nintendo Switch também está sendo considerada.