Lançado originalmente em novembro de 2012, Far Cry 3 (Multi) chegou pelas mãos da Ubisoft e arrasou corações gamers por todo o mundo. Um mundo aberto paradisíaco, um vilão icônico e uma jogabilidade sólida fizeram de Far Cry 3 um clássico instantâneo. Para os consoles da geração passada, porém, Far Cry 3 era muito mais do que os sistemas da época conseguiam suportar, e embora a qualidade geral do game tenha sido alta, sua performance sofria bastante, especialmente no aspecto dos frames por segundo e qualidade gráfica geral. A Classic Edition chegou neste ano de 2018 para PlayStation 4 e Xbox One, e apresenta melhorias significativas em quase todos os aspectos. Mas tais melhorias justificam revisitar o game? Depende.
A definição de insanidade
Far Cry 3 acompanha a história de Jason Brody e sua jornada para resgatar os amigos, sequestrados por piratas das Ilhas Rook e prestes a serem colocados à venda no mercado negro de tráfico humano. Com a ajuda de uma tribo de guerreiros nativa, os Rakyat, Jason desenvolve habilidades que ele jamais pensou ser capaz de dominar e, conforme o game avança, se torna uma máquina de matar decidida, muito diferente do mauricinho medroso apresentado no começo da trama.A grande verdade sobre Far Cry 3 é que todo e qualquer personagem fica abaixo de Vaas, o icônico vilão que ilustra a capa do game e que rouba todas as cenas em que está presente. A performance de Michael Mando, o ator que dá vida a Vaas, é memorável, tornando-se quase o protagonista da história. Monólogos fortes, crueldade absurda e expressões piradas são características do personagem. O game até tenta apresentar outros vilões e personagens secundários e terciários, mas nenhum deles chega aos pés de Vaas.
Do ponto de vista geral, a história de Far Cry 3 funciona muito bem e tem ótimos momentos e viradas, especialmente na presença de Vaas. E é justamente em seu melhor personagem que o enredo encontra sua maior fraqueza: quando Vaas não está em tela, tudo se torna insosso.
Tudo o que amamos e odiamos
Far Cry 3 trouxe para a série diversas mecânicas que viriam a ser usadas à exaustão em jogos futuros da franquia e em outros títulos da Ubisoft, e percebemos, depois de Far Cry 4 (Multi), Far Cry Primal (Multi) e Far Cry 5 (Multi), como tais mecânicas foram sendo refinadas com o passar dos jogos. Em FC3, tudo é muito rústico, inclusive a implementação das infames torres de rádio, que devem ser escaladas para desbloquearmos o mapa da região e novos armamentos gratuitos. São 18 torres no total e, diferentemente da franquia Assassin’s Creed, que utiliza o mesmo conceito para revelar o mapa ao jogador, a escalada das torres de FC3 são lentas e, em algumas ocasiões, frustrantes, exigindo pulos precisos em sessões de plataforma que não combinam com o restante do jogo.Evoluir em FC3 consiste em completar missões e derrotar inimigos para ganhar pontos de experiência, que são usados na compra de habilidades novas para Jason, como mais precisão para armas pequenas e pesadas, ou fazer menos barulho enquanto anda agachado. As habilidades de Jason são integradas à história de forma inteligente, sendo representadas pela tatuagem dos Rakyat, que vai crescendo no braço do protagonista à medida que progredimos.
Sobreviver em FC3 também significa coletar plantas para a produção de seringas especiais que potencializam fatores diversos do protagonista, além de caçar animais para a produção de equipamentos melhores, como coldres maiores e bolsas com maior capacidade de munição. Caçar acabou se tornando uma marca de Far Cry, que perdurou até Primal e teve sua importância reduzida em Far Cry 5. Há uma bela variedade de animais selvagens no game, que não ficam ali esperando o jogador matá-los e esfolá-los. Alguns fogem e outros partem para cima. É o jogador contra a vida selvagem e isso contribui muito para tornar as Ilhas Rooks um lugar vivo e dinâmico.
Como FPS, Far Cry 3 funciona da melhor maneira que consegue. Há diversos postos avançados com inimigos prontos para serem capturados, tanto de forma furtiva quanto de forma agressiva e explosiva. Infelizmente, os tiroteios de Far Cry 3 não são tão fluidos quanto poderiam ser graças a uma zona morta do analógico de mira problemática, que torna a mira dura e brusca, prejudicando a precisão.
Para incentivar a exploração, o jogo oferece uma quantidade considerável de missões secundárias que rendem dinheiro e experiência. Temos também as provações dos Rakyat, que consistem em pequenos desafios cronometrados, como matar X número de inimigos por atropelamento, e etc. Não acrescentam muito ao game, mas estão ali para quem quiser. Há também inúmeros colecionáveis que dão experiência quando coletados, mas nada que justifique a busca por todos eles.
A Classic Edition
Podemos deixar uma coisa bem clara desde já: a Classic Edition de Far Cry 3 consiste em uma versão de PC portada para PS4 e Xbox One. Tanto que nem foi anunciada para PC, bastando a pessoa ter uma máquina potente para rodar com as opções gráficas mais altas e bonitas e voilá, aí está a Classic Edition para computadores.De fato, Far Cry 3 está lindo nos consoles atuais, com resolução maior do que suas versões originais para PS3 e Xbox 360, texturas de maior qualidade, sombras e iluminação melhoradas, e uma quantidade de detalhes elevada nos cenários, especialmente no que diz respeito à vegetação, mais densa e imersiva. Como nem tudo é perfeito, existem quedas de frames por segundo em certos momentos, mas são casos isolados e que não prejudicam a experiência.
O fato de ser um port de PC acaba fazendo da Classic Edition uma versão aquém daquilo que poderia ser. Não traz nada de novo além do que foi visto já em 2012, mas ao menos dá acesso a uma versão mais bem polida e aprazível aos olhos sem exigir um PC potente. Para quem possui o Passe de Temporada de Far Cry 5, Far Cry 3 Classic Edition pode ser adquirido gratuitamente como parte do passe; já a versão standalone é vendida por um preço um pouco salgado para um jogo de 2012.
Então, vale a pena adquirir Far Cry 3 Classic Edition? Se esta for sua primeira viagem pelas Ilhas Rook, então a resposta é sim. É um jogo incrível, como uma boa trama e um dos melhores vilões dos últimos anos. Caso esteja fazendo uma segunda viagem aos cenários paradisíacos na companhia de Jason Brody, então eu recomendo aguardar uma boa promoção.
Revisão: Renata Bottiglia