Análise: Fracter (iOS/Android) é uma bela e iluminada aventura pela escuridão

Com desafios bem estruturados e belo visual monocromático, o jogo é um deleite para os amantes de puzzles.

em 24/07/2018

"A luz e a escuridão em cada coração lutam para se libertarem. Até que um vença, esses gêmeos opostos sempre estarão em desacordo". É assim que somos apresentados a um mundo bastante obscuro e misterioso em Fracter. Disponível para dispositivos iOS e Android, o jogo é uma jornada de puzzles e de reflexão.

Fracter não apresenta enredo, o jogador começa guiando uma garota em um mundo completamente escuro. Ela chega até uma estranha área circular com uma pequena luz no centro, que utiliza para iluminar as pilastras ao redor. Assim, um grande espelho é revelado e, após tocá-lo, vários espectros de luz e sombras saem do objeto. A área ao redor logo apresenta sete portas que a garota deve explorar para recuperar as suas partes que escaparam do espelho.


A luz no fim do túnel

Utilizando os conceitos de luz e escuridão e de bem e mal, Fracter é uma mistura de Monument Valley com Limbo. Apresentando visão isométrica, é preciso interagir com objetos dos cenários para superar puzzles. Enquanto controla a garota pelo joystick digital no canto inferior da tela (o game deve ser jogado com o smartphone na horizontal), é preciso clicar e pressionar mecanismos para iluminar pequenos cubos que desbloqueiam ou revelam o caminho seguinte.

Por exemplo, há uma pilastra que dispara um feixe de luz. Ao manter pressionado o dedo sobre ela, é possível girá-la para mudar o ângulo. Essa interação com os itens do cenário é sempre exigida e interessante porque também é utilizada para proteger a garota. Os espectros escuros perseguem a protagonista ao vê-la e sua única defesa é a luz. O feixe iluminado funciona como um bloqueio que impede a passagem desses seres malignos, mas muitas vezes a saída é se esgueirar pelas paredes, acrescentando um pouco de elementos de stealth no jogo.


Com exceção da última porta, que reúne todos os enigmas encontrados em Fracter, cada uma das outras seis acrescenta uma mecânica diferente nos puzzles. Botões que precisam ser pressionados para abrir portas, blocos que devem ser empurrados, posicionar espelhos em ângulos corretos para refletir luz, e plataformas para girar, elevar ou baixar constroem puzzles bem estruturados e desafiadores. Os enigmas possuem sempre uma única solução, por isso tentativas e erros fazem parte do jogo.

Por outro lado, alguns puzzles são prejudicados pelo joystick digital. Como a visão é isométrica, em áreas maiores você acaba movimentando a garota por engano quando na verdade queria interagir com um objeto no canto do cenário. Em outro momento, quando há vários elementos para interagir em um puzzle, a proximidade deles faz com que você interaja com um desintencionalmente. Felizmente o game permite que você altere o joystick fixo para um móvel nas opções de jogo.

Encontre sua luz

Fracter é bastante linear, são raros os momentos em que o jogador pode escolher um caminho a seguir, mas todos devem ser explorados para alcançar a saída. O visual monocromático e repleto de efeitos de luz é o verdadeiro charme, já que o jogo é absurdamente escuro. De certo modo, isso favorece a exploração, pois a maioria dos espectros de luz espalhados pelas fases estão escondidos em caminhos quase imperceptíveis. Coletá-los é opcional, mas acrescenta um nível de desafio a mais.

A trilha sonora, por sua vez, combina com o clima proposto por Fracter ao trazer um ar de mistério. Além disso, cada interação com os elementos do cenário para solucionar os puzzles gera um som diferente, sem contar a música dramática ouvida cada vez que um espectro escuro se aproxima da protagonista. Entretanto, a trilha apresenta um defeito: ela é baixa. Aconselho que, para ouvi-la e ter uma experiência imersiva, você jogue com um fone de ouvido.


Apesar dos pequenos defeitos, Fracter é uma jornada excelente. Seus enigmas oferecem uma boa dose de desafio e são acompanhados de uma ótima ambientação. É uma pena que seja um jogo curto, sendo possível finalizá-lo em poucas horas. O game mostra que nós mesmos criamos as luzes e as sombras no nosso caminho e que, apesar dos desafios que encontramos, sempre há uma luz no fim do túnel.

Prós

  • Belos visuais monocromáticos e efeitos de iluminação;
  • Puzzles muito bem estruturados e desafiadores;
  • Trilha sonora contribui para imersão e perigos nos estágios.

Contras

  • Curta duração;
  • A volume da trilha sonora é muito baixo;
  • Alguns puzzles são prejudicados pelo joystick digital na tela .
Fracter — iOS/Android — Nota: 8.5

Versão utilizada para análise: Android
Revisão: Link Beoulve 
Análise produzida com cópia digital cedida pela 4L Games.


Desde que aprendeu a jogar videogames com Yoshi's Island e Donkey Kong Country 2, sempre é visto com um controle ou portátil da Nintendo na mão. Descobriu o amor por The Legend of Zelda com Ocarina of Time e sempre está querendo mais Zeldas. Gosta de escrever notícias, análises e bobagens aqui enquanto não está sonhando com um novo Silent Hill.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.