A maioria dos jogos do Odyssey² tinham como maior objetivo bater recordes, e os desafios eram feitos com a molecada do bairro. Lembro de inúmeras vezes quebrar o controle do Odyssey² porque morria logo e não conseguia ultrapassar a pontuação do meu irmão no Senhor das Trevas.
Mesmo assim, pouquíssimos jogos do Odyssey² nos davam a opção de competir com a máquina, como era o caso de Interlagos, Duelo no Velho Oeste, Alien! e Em Busca dos Anéis Perdidos (quando deixávamos a própria máquina assumir o papel de Senhor dos Anéis).
Alien! para Odyssey² |
Porém, esta sensação de sentir-se desafiado, de realmente jogar um game com um objetivo na cabeça, e realmente adentrar-se na história do jogo, veio com a 3ª geração de consoles. Ela mudou o modo de ver os videogames, trouxe novos desafios e nos fez criar um novo termo que virou sinônimo de objetivo. Agora, os jogos vieram a nós para podermos, finalmente, zerá-los.
O primeiro jogo zerado
O Master System foi o console que me fez entrar na 3ª geração. Para mim, foi um salto tecnológico grande, comparando com o Odyssey². Lembro que um dos jogos que meu pai trouxe junto com o videogame foi Altered Beast.
Foi minha impaciência infantil e a ânsia de jogar logo o game que não me deixaram atentar a um detalhe. No próprio manual do jogo, nas fitas Tec Toy, havia no final uma sessão chamada Dicas úteis (poderia ser mais óbvio) e na do Altered Beast tinha uma muito boa: como conseguir “continues”.
A partir daí, já bastante treinado no jogo, se tornou muito mais fácil resgatar Athena. Cheguei, após algumas partidas, no covil do nefasto Neff, consegui memorizar todo o seu movimento e traçar uma estratégia de ataque capaz de derrotá-lo, que consistia em pular, virar uma bola de fogo (lembrando que na última fase estamos na forma de Lobo Dourado) e ficar o atingindo, repetitivas vezes por cima da cabeça. Logo a criatura explodiu, um pássaro branco surge do céu e se transforma em Athena, finalizando a jornada do centurião revivido por Zeus.
Lembro até hoje de detalhes deste final, da música e da sensação de ter zerado pela primeira vez um jogo. Foi uma satisfação grande de dever cumprido.
O próximo desafio: Black Belt
Dessa vez, procurei algo um pouco mais desafiador na minha biblioteca de jogos do Master System. Black Belt era um jogo bem mais frenético, muito mais que o Altered Beast. Você tinha que ser muito preciso nos golpes para poder correr e atingir seus adversários sem levar dano.
Uma vez descoberta a manha do correr e bater, o próximo passo foi descobrir como derrotar os sub chefes e os chefes, e nesse quesito irei destacar dois que me deram muito trabalho: Gonta e Oni.
Gonta até hoje me dá um certo trabalho, com ele eu precisava ser preciso nos saltos e não podia deixá-lo me acertar, pois seus golpes são muito fortes e tiram muito dano. Já Oni foi um caso a parte, demorei muito para descobrir uma maneira de acertá-lo, as dicas que vinham no manual não ajudava muito e, na raça, acabei descobrindo seu ponto fraco.
Quando zerei o Super Mario Bros. 3
Na minha infância nunca tive um console Nintendo, mas, mesmo sendo um seguista, sempre admirei os jogos da rival da Sega, que pude aproveitar muito na casa de amigos e primos. Um amigo que tinha era meu vizinho de condomínio, Fernando, que tinha um Phantom System. Quando ele ganhou o Super Mario Bros. 3 decidimos que iríamos dedicar nossos finais de semana para zerá-lo.
Mas foi graças às boas revistas da época que descobrimos o caminho, era uma Supergames que vinha debulhando o Mario, dava dicas de como passar das fases e ainda de como conseguir itens secretos, inclusive as flautas mágicas. A partir daí, chegar no Castelo do Bownser foi moleza.
A famosa Warp Zone, local onde a flauta nos leva |
Na outra semana conseguimos chegar ao Bownser e derrotá-lo, desta vez sem euforia, ficamos apenas parados observando aquela tela final, a qual a Princesa agradece ao Mario por libertá-la e logo depois um retrospecto das fases que passamos até o resgate da Princesa. Finalmente conseguimos desfrutar o gosto da vitória e a sensação de orgulho pelo resgate da Princesa Peach.
A terceira geração trouxe um novo patamar de desafios para os jogadores, talvez seja a geração que tenha os jogos mais difíceis, alguns chamados de “inzeráveis”, como o Battletoads, e outros mais hardcores como os da série Contra (estes eu consegui zerar). Com isso, a 3ª geração trouxe de volta a vontade de ficarmos horas na frente da TV tentando ser o herói e salvar o dia, o mundo, Princesas, namoradas e até o Presidente. A 3ª geração de consoles foi a verdadeira heroína salvando todo o mercado de jogos eletrônicos e mantendo verdadeiros apaixonados pelos videogames como nós.
Revisâo: Ana Krishna Peixoto