A invenção e evolução dos videogames criou um novo modo de proporcionar experiências únicas. Além da criação de novos conteúdos, os games também se tornaram uma nova forma de recontar histórias já conhecidas, sejam elas vindas de livros, seriados, quadrinhos ou filmes.
Entretanto, por que não seguir o caminho inverso? Afinal, se os videogames possuem histórias e experiências únicas, a adaptação deste conteúdo para outras mídias, como o cinema, é uma ideia natural. Infelizmente, este é um conceito frequentemente mal aplicado, e no Top 10 de hoje, vamos conferir os piores longas-metragens baseados em jogos.
10-Super Mario Bros.
Sendo a franquia mais famosa da indústria de games, uma possível releitura do mundo do Mario para o cinema seria inevitável. Alguns elementos chave seriam facilmente adaptáveis para as telonas, como a exploração de reinos extraordinários, a presença de heróis com habilidades especiais (pulos?) para derrotar monstros, e o resgate da princesa sequestrada por um grande vilão. Apesar de estes clichês serem aproveitáveis, a série carece de mais profundidade para gerar um filme, ainda mais com os poucos jogos lançados até então naquela época.
Pôster de Super Mario Bros.
Realmente adaptar o universo do Reino do Cogumelo para as telonas não seria tarefa fácil. E foi em 1993 que Super Mario Bros. foi lançado, utilizando vários conceitos dos jogos em uma história alternativa. Após a extinção dos dinossauros, um grupo deles conseguiu sobreviver em uma dimensão paralela resultante do choque do meteoro e assim evoluir de forma semelhante aos humanos. Milhares de anos depois, os encanadores Mario e Luigi devem salvar a princesa Daisy que, apesar de morar na nossa dimensão, descende da família real desses dinos e juntos precisam impedir a invasão do maligno King Koopa (como Bowser era conhecido) e seu exército de monstros. O filme conta com um roteiro fraco e personagens pouco carismáticos (mesmo com o apelo da franquia), resultando em uma experiência esquecível.
9-Need for Speed – O Filme
Need for Speed é uma das maiores franquias de games de toda a indústria, sendo uma referência em jogos de corrida. Normalmente focado em disputas de alta velocidade, com carros famosos e muitas customizações, o modo história dos games geralmente é relegado ao segundo plano. Sendo assim, uma possível adaptação para as telonas realmente seria um desafio.
Ao menos Need for Speed apresenta grandes máquinas para os fãs de velocidade
Lançado em 2014, Need for Speed não é exatamente um mau filme, mas está longe de ser interessante. O enredo conta a história de Tobey Marshall, piloto de corridas ilegais que busca vingança por ter sido condenado por um crime que não cometeu. A história é sem graça, as cenas de ação são bastante exageradas (até mesmo para uma adaptação de um videogame) e os personagens são pouco memoráveis. Nem mesmo o ator principal Aaron Paul, famoso pela sua ótima atuação no seriado Breaking Bad, foi capaz de salvar o filme.
8-Silent Hill: Revelação
A série Silent Hill é do gênero survival horror, e gira em torno dos segredos sinistros por trás da cidade fictícia com o mesmo nome. Em cada jogo, o protagonista precisa sobreviver ao ataque de monstros e criaturas malignas, sempre tendo como enfoque a resolução de enigmas e a descoberta de segredos. Com ótimas histórias de suspense, a adaptação dos games para o cinema tinha grande potencial.
Revelação tem muitos sustos e pouco conteúdo
Com o nome Silent Hill: Revelação no Brasil, o filme lançado em 2012 não teve boa recepção, conseguindo ter avaliações ainda menores que a primeira adaptação chamada apenas de Silent Hill. Se passando seis anos após o primeiro, temos uma história onde pai e filha precisam escapar de um culto maligno da cidade, que abriu as portas para outra dimensão cheia de perigos. Apesar de ter uma ótima atmosfera de suspense e terror, a película peca pelos personagens sem química e carisma, além da história enrolada.
7-Hitman: Agente 47
Os games da série Hitman são jogos de ação e stealth, onde o protagonista Agente 47 deve sistematicamente eliminar indivíduos, de acordo com as ordens da organização secreta ICA. Fruto de experimentos genéticos para melhorar as condições físicas e mentais dos assassinos, 47 pode utilizar rifles, pistolas e golpes de artes marciais, tem conhecimentos em explosivos e equipamentos eletrônicos.
Pôster de Hitman: Agente 47
Lançado em 2015, Hitman: Agente 47 conta uma história bastante semelhante: assassino da organização ICA, o Agente 47 tem como última missão descobrir o paradeiro de Katia, filha do cientista responsável pelo projeto de agentes geneticamente modificados. Entretanto, ao encontrá-la, surgem revelações do passado de ambos que podem comprometer a vida do assassino. Com um excesso de cenas de ação e tiroteios, deixando o “charme” do planejamento e execução de assassinatos e missões de lado, Agente 47 deixou uma má impressão para o público e para a crítica, sendo considerado apenas mais um filme de ação sem profundidade.
6-Lara Croft: Tomb Raider
O primeiro jogo da franquia Tomb Raider foi lançado para PS1 em 1996, tendo como principais características a exploração, os quebra-cabeças e a ação. A grande quantidade de localidades exóticas e as aventuras utilizando fatos históricos e lendas mitológicas, somadas a uma protagonista interessante e cheia de recursos tornam os games da série um prato cheio para uma adaptação nas telonas. Infelizmente, não foi tão simples assim.
Seja na primeira ou na segunda adaptação, os filmes de Tomb Raider ficaram devendo
Contando com Angelina Jolie como a protagonista, Lara Croft: Tomb Raider foi lançado nos cinemas em 2001. Apesar de a atriz ter agradado, a história confusa, a atuação fraca dos demais atores e as cenas de ação exageradas acabaram por prejudicar o filme, sendo que a sua sequência sofreu dos mesmos males. Em 2018, um reboot foi lançado nos cinemas, também com o mesmo nome. Embora tenha tido uma melhor recepção, o filme ainda recebeu muitas críticas, sobretudo pelo excesso de cenas de ação exageradas e pelo roteiro desinteressante.
5-Resident Evil: O Hóspede Maldito
Desde o primeiro título, lançado para o saudoso PS1, a série Resident Evil é sinônimo de bons jogos de terror, suspense e ação. Independentemente das polêmicas sobre alguns títulos terem deixado os dois primeiros itens de lado, o sucesso da franquia é inegável, assim como as possibilidades para a adaptação no cinema dos combates contra intermináveis hordas de zumbis, a exploração de cenários assustadores e os enfrentamentos com monstros aterrorizantes.
Resident Evil não faz jus ao sucesso dos games
Ignorando boa parte das boas histórias já contadas pelos títulos lançados até o momento, o filme Resident Evil: O Hóspede Maldito, de 2002, seguiu por um caminho diferente. Infelizmente, a história proposta não tem o mesmo charme que os videogames. O grande destaque da película são as boas cenas de ação; entretanto, existe um excesso do uso da violência, o que comprometeu ainda mais a qualidade do desenvolvimento do enredo. As sequências do primeiro filme, embora tenham incorporado mais elementos da série, continuaram em um nível mais baixo do que esperado pelos fãs.
4-Mortal Kombat 2: A Aniquilação
Desde que o seu primeiro título foi lançado, a série Mortal Kombat se tornou um clássico dos jogos de luta, principalmente devido às suas disputas violentas. Apesar de este fator ser marca registrada, os games contam com histórias interessantes: a ideia principal se baseia na existência de diversos mundos paralelos, sendo os principais EarthRealm (Terra), OutWorld (Exoterra) e NetherRealm (Submundo). A guerra entre esses universos se dá através da disputa do torneio Mortal Kombat, que recebe os melhores lutadores de cada mundo.
Aniquilação é um Fatality para os fãs da série
Considerado uma das piores adaptações já feitas, Mortal Kombat 2: A Aniquilação, lançado em 1997, continua a história deixada pelo filme anterior. E se o primeiro filme foi apenas ruim, esta sequência conseguiu ser muito pior. A confusa história conta como os guerreiros da Terra enfrentam a invasão do mundo OutWorld pelo imperador Shao Kahn. Efeitos especiais muito precários, cenas de luta mal executadas e uma história e elenco deficientes são os maiores defeitos do filme.
3-Assassin’s Creed
Antes do lançamento do filme homônimo, a franquia de games Assassin’s Creed era uma das mais requisitadas para aparecer nas telonas. A história dos títulos da série se baseia no uso de uma tecnologia que acessa as memórias genéticas de um indivíduo, permitindo a ele reviver momentos de seus antepassados. Utilizando esta ideia, a série leva o jogador para visitar períodos, monumentos e personagens históricos da humanidade, passando pela Renascença, Grandes Navegações e Guerras Civis.
Assassin's Creed: uma das adaptações com maior potencial desperdiçado
Ainda que um filme razoável, Assassin’s Creed, lançado nos cinemas no início de 2017, parece ter ignorado o real potencial da franquia. O roteiro é confuso, fazendo com que a história não progrida de maneira agradável. Ao contrário dos jogos, o filme não possui grandes e emocionantes momentos, contando com cenas de ação pouco empolgantes. Mesmo o grande elenco escolhido para o longa parece ter perdido o brilho nesta adaptação um tanto decepcionante.
2-Príncipe da Pérsia: As Areias do Tempo
A franquia Prince of Persia no Brasil é conhecida como Príncipe da Pérsia. Baseado em uma trilogia de jogos para PC iniciada em 1989, o game Prince of Persia: The Sands of Time (Multi) foi lançado em 2003 para PS2, GC, XB e PC. O jogo é do tipo ação/plataforma, com combates bastante dinâmicos utilizando manipulações do tempo e diversos quebra-cabeças e desafios de habilidade, onde movimentos acrobáticos devem ser aplicados, tais como andar pela parede e executar saltos mortais.
Príncipe da Pérsia é um filme e uma adaptação ruim
O filme Príncipe da Pérsia: As Areias do Tempo, lançado em 2010, tem uma história base bastante semelhante ao jogo, que gira em torno das ditas Areias do Tempo, material mágico que pode alterar o fluxo temporal. Entretanto, o roteiro não é suficiente para salvar a película. Entre diversos problemas, o elenco é fraco e com personagens sem carisma; a história não tem grande evolução, sendo que o filme se sustenta basicamente nos efeitos especiais e nas cenas de ação, que são usados em demasia.
1-Street Fighter: A lenda de Chun-Li
Contando com uma grande quantidade de jogos, a série Street Fighter é sinônimo de lutas disputadas e emocionantes, sempre com personagens carismáticos e boas histórias de fundo. Em particular, a personagem Chun-Li sempre foi uma das preferidas dos fãs. Nascida na China, ela é uma investigadora da Interpol, que começou a aprender artes marciais desde criança, tendo o pai como inspiração. Seu estilo de luta, baseado principalmente em chutes, foi criado por ela mesmo, sendo uma mistura artes marciais chinesas, Capoeira, Taekwondo, Karatê, dentre outros.
Pôster de A Lenda de Chun-Li
Sendo um personagem com grande potencial, foi lançado em 2009 o filme Street Fighter: A lenda de Chun-Li. Entretanto, o longa metragem teve uma péssima recepção, devido aos seus muitos defeitos: a história, que conta como a heroína busca vingança pelo desaparecimento do pai, embora aceitável, não é nada interessante; com algumas poucas exceções, as cenas de luta são estranhas e forçadas; as atuações, incluindo a protagonista, são pouco convincentes. Conseguiu até mesmo ser pior que a adaptação do jogo de 1994, Street Fighter: A Batalha Final, que contou com Jean-Cloud Van Damme atuando como Guile.
Menções “Honrosas”
Além dos dez listados, existem vários outros exemplos de filmes que não conseguiram atingir o mesmo padrão de seus respectivos jogos. Dentre eles, podemos citar Warcraft, filme baseado na franquia homônima e que tinha potencial para ser muito mais; Ratchet & Clank, bastante corrido e com pouca profundidade, que gerou inclusive um reboot da série de videogame; além de outros títulos famosos como Double Dragon, Dead or Alive e Max Payne.
Bom, aqui termina o Top 10 dos piores filmes baseados em games. E você leitor, o que acha? Faltou algum título? Ou quem sabe você trocaria a posição de algum filme? Participe nos comentários!
Revisão: Link Beoulve
Matheus Senna de Oliveira
é produtor de conteúdo sobre games desde 2016 e um grande fã da décima arte, embora não tenha muito tempo disponível para ela. Seus games favoritos (que formam uma longa lista) incluem: KH, Borderlands, Guitar Hero, Zelda, Crash, FIFA, CoD, Pokémon, MvC, Yu-Gi-Oh, Resident Evil, Bayonetta, Persona, Burnout e Ratchet & Clank. Também encontra-se no Twitter @MatheusSO02 e no OpenCritic.
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