Análise: Jurassic World Alive (Android/iOS) aprende com os erros de Pokémon GO (Android/iOS)

Um Dinossauro Rei é o que você quer ser? Então, vem pra cá fazer a sua jogada! (Mas em outra franquia)

em 23/06/2018

Aproveitando a estreia do novo filme, Jurassic World: Reino Ameaçado, a Universal resolveu apostar em um game para celulares desenvolvido pela Ludia, empresa responsável por outros dois jogos mobile da franquia. Com forte inspiração em Pokémon GO (Android/iOS), Jurassic World Alive trás os “gigantes jurássicos” ao nosso mundo para serem colecionados e testados em batalha. Será que o game trás algo original ou é apenas mais um clone genérico? Vamos descobrir.

Obs.: O jogo é chamado de três formas diferentes no próprio game, nas lojas de apps e no ícone do aplicativo: Com Vida, Vivos e Alive. Para fins de padronização vamos utilizar apenas este último durante todo o texto.

É um novo mundo de aventuras

É muito difícil analisar este jogo sem compará-lo a Pokémon GO, afinal o game dos monstrinhos de bolso foi pioneiro e se tornou referência no gênero de localização via GPS. Logo de cara Jurassic World Alive nos apresenta uma interface familiar aos treinadores: um mapa azulado mostra uma versão simples do Google Maps, diversos Pontos de Suprimentos contendo itens para coletar e dinossauros no lugar de Pokémons. Vale notar que não existe um personagem caminhando pela tela, apenas um círculo de alcance representando a sua localização.



O que chama atenção inicialmente é a possibilidade de enxergar dinossauros fora dessa área de alcance e qual não foi a minha surpresa ao descobrir que eu podia tentar capturá-los mesmo à distância. Uma bela adição para aqueles que jogam sem poder sair muito do lugar. Mas claro que essa “visão além do alcance” não poderia vir sem algum custo e é aí que entra o sistema de captura.

Óbviamente não há pokébolas, mas sim dardos coletores de DNA e ao selecionar um dinossauro no mapa o game lança um drone para ser controlado remotamente, a fim de dispará-los. Este possui uma bateria, a qual define o limite de tempo que o jogador terá para mirar e atirar contra o dino, quanto mais distante a criatura menos tempo para realizar disparos.

Os controles são simples, basta segurar o dedo na tela, controlar a retícula com uma precisão propositalmente imperfeita e soltar quando quiser disparar o dardo. Após alguma prática e costume com a movimentação dos dinossauros é possível coletar bastante DNA em cada tentativa. Não é necessário dizer que novas criaturas são sempre mais trabalhosas.

Cada espécie tem um número básico de material genético necessário para “criar” uma versão viva dele e adicioná-la à sua coleção. Após isso, esse número cresce em 50 para subir cada nível. Dica: Dinossauros raros já começam em níveis altos, então quando você avistar uma criatura com uma aura colorida abaixo dela, não perca a oportunidade de coletar algum DNA.


Todo mundo quer ser um mestre, todo mundo quer mostrar que é bom

Durante a sua jornada para capturar suas primeiras quatro criaturas o game parece apenas um repeteco de Pokémon GO, mas com um alcance bem melhor e um sistema de captura que pode ser frustrante quando não se está muito atento. A interface possui um lento carregamento e os tempos de loading são bem longos quando comparados ao game da Niantic.

Entretanto, tudo isso muda a partir do quarto dino, quando Owen Grady (herói da franquia nos cinemas) lhe ensina o sistema de combate. Aqui parece até outro jogo, os loadings são rápidos, o pareamento com outros jogadores é quase instantâneo e tudo se torna muito mais estimulante e divertido.

Com uma equipe de oito dinossauros, o jogador é colocado contra um oponente aleatório que esteja em um rank semelhante. Quatro criaturas vão para a batalha, uma de cada vez, e vence o primeiro jogador a derrotar três (de início, a partir do tutorial, se utiliza quatro dinos, mas a partir dos oito não se pode ter menos do que isso no time).



O sistema é muito semelhante, pra não dizer igual, às batalhas single dos RPGs principais de Pokémon: um contra um, com a possibilidade de realizar substituições no meio do combate. Não há “tipos”, então aqui não existem golpes super efetivos ou pouco efetivos, cada dinossauro conta apenas com o seu poder de combate mesmo. Para treinadores experientes logo fica claro que cada criatura possui um papel típico de batalhas pokémon: defensores que aguentam muitos golpes e vão minando a vida do adversário aos poucos, atacantes super agressivos porém frágeis, etc.

A variedade de golpes é pouca e fixa por espécie, porém não atrapalha em nada a diversão ou complexidade de estratégias. Quanto mais raro o dinossauro, mais golpes especiais ele tem, então você vai querer montar um time com as criaturas mais raras que puder para ter a maior flexibilidade possível nos combates. E falando em flexibilidade, ela é um ponto importantíssimo, já que não se escolhe quais os quatro dinos que irão compor a equipe para cada combate, então equilíbrio nos oito principais é a chave para não se pegar em uma situação de extrema desvantagem.

Todo mundo quer sair na frente, na batalha ser um campeão

Não é necessário sair do lugar para lutar no PvP e este segue o mesmo sistema de Clash Royale (Android /iOS), inclusive todo o inventário de dinossauros também lembra muito a aba das cartas no game da Supercell. Mas voltando ao combate, os jogadores começam na Arena 1 - Reino Ameaçado e perdem ou ganham troféus a cada derrota ou vitória, respectivamente. Ao atingir um determinado número deles o jogador é promovido a uma arena superior, na qual novos dinos são disponibilizados nas incubadoras. Estas são recebidas ao vencer uma batalha e cada uma contém itens como moedas, dardos e DNA, com um tempo que varia de 15 minutos a 12 horas para abrir.



As incubadoras são importantes para quem pretende se destacar no PvP ou completar sua coleção, pois é através delas que se pode receber material genético de espécies raras e exclusivas de cada arena. Também há incubadoras grátis de seis em seis horas e diversas opções de compra com dinheiro real que trazem uma grande quantidade de DNA raro ou superior. E falando na monetização do jogo, existe ainda uma assinatura VIP mensal, cujos benefícios incluem mais itens nos Pontos de Suprimentos, uma incubadora épica a cada seis horas e um maior alcance, assim como maior duração de bateria, para o drone.

É uma longa jornada até a Arena 7 - Pântano de Sorna e com certeza uma aventura tão complicada quanto para quem quer completar a coleção capturando todas as espécies do jogo. Felizmente, para ambos os tipos de jogadores (competitivos e colecionadores), o game conta com eventos diários especiais, nos quais uma espécie qualquer (podendo ser rara ou até mesmo épica) aparece em grandes quantidades em praças e parques. Há um número máximo de tentativas de coleta de DNA, mas já é de grande ajuda para conseguir aqueles dinos mais raros ou que simplesmente não aparecem na sua região. Apenas lembre-se de confirmar se o parque que você pretende visitar aparece como uma área verde no mapa do jogo.


Mas ainda temos que pegar

Antes de concluir, vale falar sobre a mecânica que faz jus ao World no nome da franquia, que é a hibridização de espécies, ponto marcante dessa nova fase dos filmes “Jurassic”. Basicamente é possível combinar material genético de dois dinossauros para se obter DNA de um híbrido que quando for criado irá combinar as melhores (ou piores) habilidades de cada um.

É um processo trabalhoso, pois primeiro é preciso ter as duas criaturas necessárias nos níveis pré-definidos, mais o material genético extra para a combinação e o tanto de DNA do híbrido que se obtêm é sempre aleatório. Somente após algumas fusões é que se consegue quantidade suficiente para criar a nova espécie e a partir daí é como qualquer dinossauro normal. Apesar desse trabalho todo também é possível encontrar híbridos selvagens.


É uma nova jornada, com novas emoções

Jurassic World Alive chega no mercado apostando em um gênero praticamente monopolizado por Pokémon GO e, enquanto este está há dois anos cheio de promessas (somente agora as listas de amigos e trocas de monstrinhos estão chegando por lá), o game da Universal já oferece uma experiência completa nas primeiras semanas de lançamento.

Colecionar dinossauros é muito divertido e estimula o passeio pela cidade (com cuidado, por favor), enquanto levá-los a batalha sem precisar sair do lugar é contraditório à proposta original do gênero, mas extremamente confortável e perfeito para testar seu time após um longo dia de coleta de DNA. Este equilíbrio faz de Jurassic World Alive uma forte concorrência ao game dos monstrinhos de bolso, pecando apenas na lentidão geral do aplicativo, o que provavelmente há de ser resolvido em atualizações futuras.

Se gosta de dinossauros, de uma boa caminhada e ainda curte botar os bichos pra brigar, este game certamente é para você.

Prós


  • Dinossauros. Centenas deles;
  • Sistema PvP sólido e com rápido pareamento;
  • Eventos diários em parques e praças;
  • Espécies híbridas exclusivas dos filmes, como Indominus Rex.

Contras


  • Loadings demorados e uma lentidão geral na interface;
  • Sistema de mira do drone poderia ser um pouco mais preciso.

Jurassic World Alive (Android/iOS) - Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: Android
Revisão: Marília Carvalho

Mestre Pokémon de longa data, salvador de Hyrule em todas as encarnações do herói e ocasionalmente um encanador de bigode grosso.
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