Análise: Conan Exiles (Multi) se supera com boas mecânicas e ótima variedade de conteúdo

Após mais de seis meses de acesso antecipado, Conan Exiles finalmente é lançado e as melhoras são gratificantes!

em 01/06/2018
Conan Exiles (Multi) é o mais novo jogo de sobrevivência da franquia do icônico bárbaro que estava em desenvolvimento pela Funcom. Com uma pegada que lembra bastante Ark: Survival Evolved (Multi) em alguns aspectos, o novo título esteve em acesso antecipado por vários meses, mas finalmente recebeu sua versão oficial e completa! Além de um layout totalmente refeito, novas áreas e novo sistema de combate, o aumento de conteúdos é estupendo e faz de Conan um ótimo título para o seu gênero.

Claro que o jogo não é perfeito, mas consegue resolver alguns problemas que os games de sobrevivência com mecânicas de sandbox insistem em manter. Entretanto, alguns outros ainda não são superados, como bugs e problemas de carregamento. Mas nada que  impeça Conan Exiles de ser bastante divertido. Preparado para começar sua jornada como exilado?


Sobrevivendo ao universo de Conan

A história de Conan Exiles não sofreu grandes mudanças se comparado ao acesso antecipado. Aqui, nosso avatar é um exilado de seu povo que, por punição, é largado no deserto para morrer. Entretanto, somos resgatados pelo próprio Rei dos Bárbaros que segue seu caminho enquanto nós, perdidos no deserto, precisamos nos virar sem absolutamente nada para ajudar.

A experiência inicial é semelhante a outros jogos grandes do gênero de sobrevivência com mecânicas de sandbox. Aqui, completamente nus (ou seminus), precisamos buscar os suprimentos mais básicos, literalmente recolhendo-os do chão árido. Os principais são fibras de arbustos, galhos secos e pedras. Daí em diante, começamos a criar ferramentas rústicas que facilitam a coleta de mais recursos e, assim, vamos crescendo paulatinamente.



Entretanto, não é só de coleta de recursos que a sobrevivência de Conan se faz. Aqui, precisamos prestar atenção principalmente na contagem de sede e de fome. Além disso, temos também a temperatura que pode aumentar a níveis escaldantes ou então se tornar congelante, dependendo da região do enorme mapa na qual estamos. Junte a isso também a possibilidade de adquirir doenças e maldições e temos um pacote bem completo de vulnerabilidades do nosso avatar.

Mundo rico e diversificado

Um dos pontos fracos de Conan Exiles em sua versão antecipada era, de fato, a falta de variedade de elementos em seu mapa, principalmente ligados à fauna e flora. Entretanto, isso foi bastante resolvido com a expansão paulatina do mapa (que aparentemente continuará mesmo após o lançamento do jogo) e com o aumento da população de NPCs. Assim, o jogo apresenta uma boa variedade de biomas e uma extensão muito boa para partidas on-line ou off-line.



Outro ponto que melhorou bastante foi a quantidade de coisas para se explorar nesse vasto mapa. Se antes diversos pontos, supostamente de interesse, não tinham realmente nada a acrescentar, agora temos vilarejos inteiros, bases avançadas, cavernas secretas, dungeons próprias para vários níveis de jogadores diferentes, baús com itens diversos, passagens secretas e muito mais.

Junte isso ao fato de Exiles possuir um sistema de interação com esse mundo muito boa e temos aqui um dos melhores mapas sandbox do gênero. Mecânicas como a de escalagem, que lembram o icônico The Legend of Zelda: Breath of the Wild (Switch/Wii U), facilitam ainda mais a vivência nesse mundo, dando maior liberdade de movimentação e aumentando os riscos em determinadas travessias.


Ótimas mecânicas de RPG

Entretanto, um dos elementos que mais se sobressai no jogo não é exatamente a sobrevivência, mas sim os aspectos de RPG. Em Conan Exiles temos um sistema de níveis muito interessante que encaixa bem com o sistema de combate do qual falaremos a seguir. Além disso, a versão final do jogo teve sua árvore de habilidades e atributos completamente modificada, dando mais poder de escolha para os jogadores, além de acrescentar estratégia na construção do personagem ao longo dos níveis.

Agora, a cada nível alcançado, o jogador pode distribuir pontos de atributo entre diversos aspectos do personagem. Até aqui, mecânicas tradicionais do gênero RPG como um todo. Entretanto, cada atributo possui uma linha de habilidades própria. Nessa linha, existem habilidades e facilidades próprias para cada atributo, forçando o jogador a ter mais estratégia no “como” distribuir seus pontos.



Caso invista bastante em fortitude, por exemplo, é possível que o jogador comece a ter maior resistência para ingerir alimentos crus (que normalmente causam infecção). Caso invista mais em pontos de força, por exemplo, poderá adquirir mais habilidades de combate corpo a corpo e assim em diante. Quanto mais pontos investidos em um único atributo mais habilidades baseadas naquele atributo o personagem terá.

Além desses aspectos enriquecerem muito a construção do personagem e a vivência de sua evolução, eles servem também como uma base para “classes” de personagem. Com a possibilidade de criar seu personagem com as habilidades e facilidades que achar mais necessárias para o seu modo de jogo, acabam se criando classes próprias, tornando irrelevante tal mecânica no jogo, o que é um aspecto inovador e bem positivo.


Melhorias gráficas de layout e de acessibilidade

Lançado em versão antecipada entre agosto e setembro de 2017, Conan, não possuía gráficos tão exuberantes na época, mesmo que agradáveis. Entretanto, o pessoal da Funcom investiu bastante na otimização do jogo. Assim, ao mesmo tempo que o visual se tornou muito mais belo do que outrora, o jogo também aparenta estar muito mais leve em configurações e movimentações, exigindo menos do PC ou dos consoles para apresentar uma imagem muito mais bonita. 

Além disso, o layout do jogo foi totalmente reformulado, tornando os menus muito mais agradáveis do que já eram, além de tornar alguns elementos como as barras de vida, stamina, experiência, fome, sede e outras muito mais instintivas. Assim, o jogo se torna mais acessível e muito mais fácil de ser compreendido de um modo quase natural, sem extensos tutoriais ou mecânicas repetitivas demais. Outro ponto que corrobora isso são as missões de cada nível, as quais podem ser feitas em qualquer ordem, mas que servem de um guia mínimo para que o jogador entenda o que ele precisa fazer.



Por fim, temos um dos games de sobrevivência em sandbox mais acessíveis ao público em geral. Isso porque, ao contrário da maioria dos títulos do mesmo subgênero, Conan Exiles é pensado para vários níveis de dificuldade diferentes que podem ser escolhidas de forma bem simples. Ao contrário de jogos como Ark, onde passamos, no mínimo 30 minutos configurando todo o mapa para criarmos nossa partida da melhor forma possível, aqui, basta escolhermos o nível de dificuldade e tudo se adequa automaticamente.

Além disso, em níveis mais “fáceis”, o jogo se torna acessível para um single-player pleno. Nesse modo, até bosses aterrorizantes são passíveis de serem vencidos por um único jogador, dependendo do seu nível e de sua habilidade de jogo. Mas, caso você seja amante dos modos multijogador cooperativo ou competitivo, Conan Exiles também possui bons servidores on-line, que funcionam com estabilidade considerável.


Combates baseados na habilidade do jogador

Um dos pontos mais positivos do jogo foi a reforma total que fizeram em seu sistema de combates. Agora o jogador pode ter combos gerados a partir da sequência certa entre golpes fortes e fracos. Além disso, novos movimentos podem ser liberados paulatinamente no decorrer da evolução do personagem. O esquema de combate lembra bastante combates como os vistos em Monster Hunter World (Multi) por exemplo, mas sem tanta complexidade.

Com a possibilidade de usar comandos de defesa, esquiva, ataque fraco e ataque forte, além de movimentos próprios para cada tipo de arma utilizada, os combates de Conan Exiles são complexos na medida e bastante divertidos. Desse modo, mesmo que fatores como a resistência e ataque da arma influenciem no sucesso do combate, a capacidade do jogador de pegar o tempo de ação do inimigo, assim como o desvio na hora certa são muito mais importantes.



Além de tornar o combate muito mais desafiador, isso faz com que um único jogador consiga proezas que em outros jogos do gênero seriam impossíveis. Assim, vencer inimigos muito mais fortes com equipamentos fracos, combater sozinho bosses de masmorras e vencer diversos inimigos ao mesmo tempo vai depender muito mais da capacidade do jogador de administrar a batalha ao seu favor do que, necessariamente, quantos pontos de ataque sua espada possui.

Um ótimo exemplo a se seguir

O trabalho feito pela Funcom foi excepcional. A melhoria de Conan Exiles é estupenda, mesmo que alguns problemas ainda persistam, entre eles podemos citar alguns bugs de textura e relacionados à inteligência artificial de alguns inimigos (que simplesmente congelam durante o combate). Entretanto, esses não são problemas tão gritantes assim, mesmo que nos impeça de dizer que o jogo está entre as maiores notas possíveis.



Por fim, podemos dizer que Conan Exiles é um ótimo exemplo para o seu gênero. Isso por conta das soluções interessantes para abarcar jogadores solitários ou ávidos por multiplayers. Além disso, o trato honesto que a Funcom teve com o jogo merece elogios. Em um período de um pouco mais de seis meses, a evolução do jogo é mais que notável, assim como sua constante possibilidade de crescimento. 

Prós

  • Visual otimizado de primeira;
  • Sistema de combate baseado na habilidade do jogador;
  • Boa variedade de conteúdo;
  • Abertura para jogadores individuais ou cooperativo;
  • Sistema de habilidades e atributos muito bom;
  • Mecânicas de sobrevivência e exploração bem niveladas;
  • Mapa extenso e cheio de conteúdo;
  • Layout muito bem pensado tanto para PC como para consoles;
  • Ritmo de evolução gratificante;
  • Exploração bem recompensada.

Contras

  • Alguns problemas com a A.I. dos inimigos;
  • Bugs raros referentes ao carregamento de texturas.
Conan Exiles — PC/PS4/XBO — Nota: 9.0
Versão usada para análise: PC
Análise produzida com cópia digital cedida na época do acesso antecipado pela Funcom.
Revisão:Ludmila Ribeiro

Gilson Peres é Psicólogo e Mestre em Comunicação pela UFJF. Está no Blast desde 2014 e começou sua vida gamer bem cedo no NES. Atualmente divide seu tempo entre games de sobrevivência e a realidade virtual.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.