Análise: Aragami Shadow Edition (Multi) é uma aventura mortal pelas sombras

Abrace a escuridão e elimine inimigos com os poderes de um ninja das sombras.

em 06/06/2018

Lançado originalmente para PC e PS4 em 2016, Aragami surpreendeu por colocar o jogador na pele de um ninja e criar uma das melhores experiências stealth dos últimos tempos. Agora, o game retorna aos consoles e PC - além de fazer sua estreia no Xbox One - com a Shadow Edition, uma versão definitiva do título que traz algumas melhorias e novidades à aventura de um assassino mestre das sombras.

Silencioso como um… Ninja!

Já tivemos o prazer de analisar a edição original do game onde pudemos observar a bela apresentação artística do jogo que, aliada a uma mecânica de stealth, consegue misturar os melhores elementos do gênero (vide games como Assassin’s Creed e Dishonored) para entregar uma experiência única e desafiadora ao jogador. Sendo assim, nesta análise da nova versão do game tentaremos não entrar muito em detalhes de mecânica, jogabilidade ou história, os quais já discutimos anteriormente.



Além dos conteúdos extras que iremos explorar mais adiante, a Shadow Edition entrega um jogo bem mais polido e fluido que o original. Por se tratar de uma produção de um grupo independente de desenvolvedores, Aragami possuía algumas falhas técnicas e glitches que, dependendo das circunstâncias, podiam atrapalhar a experiência do jogador. A Shadow Edition corrige a maioria desses erros tanto em nível das mecânicas quanto no cenário e na IA dos inimigos.

Assim como no game original, em Shadow Edition a palavra-chave do game continua sendo “furtividade”. Dando total liberdade ao jogador de qual caminho ou estratégia tomar quando quer eliminar todos os inimigos de uma região e chegar ao objetivo, Aragami preza que o usuário nunca irá tentar alguma atitude arriscada para comprometer sua missão. O jogo alerta quando seus inimigos podem te detectar ou estão desconfiados, mas, caso você seja descoberto, não existem alternativas para lutar além de fugir.



Felizmente, as habilidades únicas do ninja tornam toda a experiência stealth mais interessante. De todas as técnicas das sombras que você pode aprender ao longo da aventura, a que eu considerava mais importante era o poder de conjurar sombras e o teletransporte. Utilizar essas habilidades em conjunto garante ao jogador poder montar estratégias únicas como criar sombras próximas dos inimigos e se teleportar para eliminá-los em poucos segundos.

Além disso, se o jogador quiser obter as pontuações máximas em cada missão, é altamente recomendável utilizar a técnica de consumir sombras, já que com ela você pode consumir corpos em forma de sombras e evitar que outros inimigos descubram as mortes e alertem outros guardas. Alertas e mortes não silenciosas descontam muitos pontos do jogador, então é bom ficar atento a isso.



Certamente, a melhor característica de Aragami é a liberdade que o jogo proporciona ao jogador em cada missão. Não existe limite de tempo ou mesmo uma exigência de que você elimine todos os inimigos. O jogador pode concluir a missão do jeito que quiser e montar sua própria estratégia. E justamente onde se encontra a maior força do game é onde reside seu maior problema.

É estranho que em um jogo que foque tanto em stealth o jogador consiga concluir uma missão alertando todos os inimigos. Isso aconteceu em diversos momentos enquanto jogava: se eu estava sem paciência de esperar um guarda mudar a direção do seu passo ou se mover para uma direção específica, corria para matá-lo sem nenhum cuidado. Obviamente, o jogo me punia retirando pontos e alertando guardas próximos. O problema era que a IA dos inimigos não era inteligente o suficiente para me seguir.



Muitos dos guardas apenas desviavam um pouco de sua rota padrão, inspecionavam o local onde eu estava e voltavam ao seu movimento rotineiro. Isso quebra o ritmo do jogo, uma vez que eu podia repetir esse procedimento inúmeras vezes e simplesmente jogar a furtividade janela à fora. Em Assassin’s Creed e Dishonored, é extremamente difícil se livrar de inimigos que foram alertados e, mesmo considerando que por ser um game de produção independente devemos perdoar tal falta de refinamento da IA dos inimigos, podíamos esperar que o jogo tentasse compensar essa falha de outra forma (algo que não acontece).

Felizmente, a falha que Aragami mais compensa é sua fraca e simples trama. A história é um clichê da clássica história japonesa dos ninjas, com direito a uma donzela em perigo, luta de clãs pelo poder e a honra do protagonista acima de tudo. A forma como o jogo compensa o enredo supérfluo é com uma estética única que parece saída de uma aquarela clássica japonesa. Os cenários conseguem ser ricos e simples ao mesmo tempo e a temática “ninja” é incorporada ao game de forma tão bem-feita que podemos perdoar os roteiristas por não terem investido em uma história mais elaborada.


Na escuridão das sombras

O grande destaque da Shadow Edition certamente está em todo o conteúdo extra que essa versão oferece em relação ao game original. Nesse caso, o modo multiplayer e co-op do DLC Nightfall. Não se preocupe com a questão de história ou mesmo dos personagens, pois, mesmo se passando antes dos eventos da campanha principal, a trama continua sendo tão rasa e clichê quanto, e a dupla de novos ninjas Hyo e Shinobu possuem as mesmas habilidades que o Aragami, como granadas de sombras e shurikens explosivos.



Tanto no modo multiplayer quanto no modo co-op, felizmente os servidores do game não apresentam nenhum problema de lag ou de queda de conexão (algo que seria péssimo se tratando de uma experiência em que timing é crucial para completar as principais missões quando se joga em dupla). Dessa forma, os jogadores podem se concentrar única e exclusivamente em coordenar suas ações para eliminar os inimigos da forma mais simples e furtiva possível.

Mesmo com o nível de dificuldade no máximo, os problemas da IA persistem em Nightfall. O que muda significativamente é a rapidez com que os inimigos percebem você ou seu amigo quando dão um passo em falso. Por isso, é altamente recomendável que a dupla use e abuse dos poderes das sombras para se manter escondida a maior quantidade possível de tempo.



O único problema com a expansão é que aqueles que não gostaram do game principal ou consideraram as missões muito repetitivas não irão gostar de Nightfall, uma vez que seus curtos quatro capítulos entregam o mesmo tipo de experiência. Porém, é uma ótima pedida para quem quer testar seus próprios limites e habilidades junto de um amigo ou um jogador desconhecido para saber até onde consegue eliminar seus inimigos sem levantar nenhum alerta ou suspeita.

Aragami Shadow Edition é a versão definitiva e polida desse belo trabalho da Lince Works que entrega uma sólida experiência solo e também em conjunto com outros jogadores para aqueles que adoram furtividade e também o universo dos ninjas do Japão Feudal. Ao mesmo tempo em que essa versão corrige várias falhas técnicas em relação ao game original, seu conteúdo extra ainda oferece o mesmo que já era encontrado na campanha principal. No fim, o resultado ainda é muito positivo e, ao contrário do próprio Aragami, essa obra de arte eletrônica fica longe das sombras.


Prós

  • Correção de vários bugs e glitches;
  • Co-op e multiplayer tornam a experiência mais desafiadora.

Contras

  • História clichê;
  • Conteúdo adicional sem muitas novidades.

Aragami Shadow Edition - PC/PS4/Xbox One - Nota: 7.5
Versão utilizada na análise: PS4

Análise feita com cópia digital cedida pela Lince Works
Revisão: Renata Bottiglia

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
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