Análise: Juicy Realm (PC) — tiro e frutas mutantes em uma simpática aventura

Belo visual e carisma são as melhores características deste título de tiro com visão aérea.

em 10/05/2018

Em Juicy Realm, as regras da natureza mudaram: as plantas evoluíram e agora se alimentam de humanos. Para ter uma chance de sobreviver, a humanidade decide atacar o reino das plantas a fim de acabar com essa ameaça. Essa é a premissa bizarra deste jogo que mescla tiro e roguelike em uma aventura visualmente convidativa. Produzido por uma dupla de chineses, o título já está disponível no PC e também chegará aos consoles.

Detonando as plantas

Juicy Realm é uma aventura de tiro twin stick, ou seja, uma alavanca movimenta o personagem e a outra controla a mira da arma. Na pele de um personagem, o objetivo, em cada área, é derrotar todos os inimigos. No final de cada região, enfrentamos um chefe que, normalmente, exige estratégias mais elaboradas. É fácil perceber com essas características que Juicy Realm utiliza a fórmula básica desse gênero.

Os protagonistas usam armas de fogo para acabar com os monstros, como pistolas, metralhadoras e lançadores de foguetes. Há, também, armamentos para ataques físicos, porém, eles costumam ser lentos e desajeitados — dei preferência para atacar de longe com projéteis. Um detalhe divertido são algumas armas malucas: uma delas é o símbolo do Steam e lança dinheiro, outra é uma panela vinda diretamente de Playerunknown's Battlegrounds, também encontrei a luva do protagonista de Cuphead.


Para enfrentar os vegetais violentos, temos à disposição quatro diferentes personagens. Eles apresentam pequenas diferenças entre si: o botanista conta com uma vida extra, o ninja tem ataques físicos mais fortes, já a mercenária tem maior taxa de acerto crítico. Todos os heróis também conseguem executar um movimento de deslocamento rápido (dash) para escapar rapidamente de perigos. Particularmente, achei todos eles bem parecidos entre si, sendo a principal diferença a habilidade especial exclusiva de cada um — minha preferida é a planta da mercenária que atira automaticamente em inimigos que se aproximam. Durante as partidas, os heróis podem comprar medalhas que habilitam algum tipo de bônus, como aumentar o dinheiro encontrado ou melhorar a velocidade de movimentação.

Uma das características prometidas pelos desenvolvedores é a presença de elementos de roguelike, tão popular em títulos indie. Até há esse tipo de decisão de design em Juicy Realm, porém a implementação é bem tímida. A morte é permanente, os mapas são escolhidos aleatoriamente e parte do dinheiro pode ser guardada para partidas futuras — e só isso. Fora dois personagens, não há conteúdo que pode ser desbloqueado para partidas futuras, como armas e habilidades. A sensação que eu tive ao jogar é que na verdade Juicy Realm é uma experiência mais arcade com alguns poucos elementos aleatórios.


Uma aventura simples

Juicy Realm executa bem o conceito de uma aventura de tiro twin stick. A ação é precisa e é divertido dar cabo dos inimigos com armas de fogo. A variedade de inimigos é boa, sendo especialmente complicado enfrentar muitos monstros diferentes simultaneamente. Um dos meus momentos favoritos foram as batalhas contra os chefes: todos eles exigem executar alguma ação específica no cenário para conseguir reduzir sua vida. O jogo conta também com multiplayer local cooperativo para duas pessoas. A dificuldade, no geral, pode ser um pouco baixa para quem já está acostumado com esse tipo de título, mas por sorte há uma opção mais difícil.

Enquanto Juicy Realm executa bem a mecânica principal, outros vários problemas atrapalham a experiência. O mais grave, ao meu ver, é a pequena variedade de conteúdo. Consigo contar nos dedos a quantidade de armas que encontrei durante as partidas e, para piorar, boa parte delas funcionam de maneira praticamente idêntica. As fases são escolhidas aleatoriamente de um conjunto de mapas, porém eles se repetem constantemente — ou seja, poucos estágios foram produzidos. Por fim, todas as partidas têm chefes idênticos, enfrentados sempre na mesma ordem.


As características de roguelike podem fazer com que um título tenha maior rejogabilidade, contudo isso não acontece em Juicy Realm por causa da implementação limitada desse recurso. Fora os dois NPCs encontrados nos dois primeiros mundos, não há mais nada para desbloquear. Isso, aliado ao fato de que chefes e desafios sempre se repetem, trazem um ar de simplicidade ao jogo. É possível ver tudo o que o título tem a oferecer em uma única partida — sendo assim, não vi muitos motivos para voltar ao jogo após ter chegado ao último chefe pela primeira vez.

Mesmo simples, a aventura pelo mundo de Juicy Realm é convidativa por causa do ótimo visual. Os heróis e o reino das frutas mutantes é representado por meio de gráficos 2D detalhados e vibrantes, lembrando bastante uma espécie de desenho animado. Gostei, especialmente, dos oponentes vegetais por apresentarem designs criativos e variados, como um chefe que é uma melancia parecida com um cachorro gigante. Os cenários também são repletos de elementos elaborados, em especial efeitos climáticos, como chuva ou névoa. Às vezes o visual carregado atrapalha um pouco no entendimento da ação, entretanto isso acontece raramente.


Belo e direto

Juicy Realm diverte com suas mecânicas simples e bem executadas. Explorar o mundo das plantas mutantes é bem recompensador por causa dos desafios bem dosados e do ótimo visual, principalmente na companhia de um amigo. Infelizmente a simplicidade traz também problemas: há pouca variedade de cenários, chefes e armas, resultando em uma sensação de repetição. Por sorte os desenvolvedores estão cientes das limitações e prometem mais conteúdo para o futuro. Mesmo assim, Juicy Realm é uma boa opção para aqueles que desejam uma experiência arcade de tiro descomplicada.

Prós

  • Mecânicas de tiro simples e bem executadas;
  • Visual elaborado e com boa direção de arte;
  • Várias opções de dificuldade.

Contras

  • Pouca variedade de áreas e armas;
  • Visual elaborado atrapalha a clareza em alguns momentos;
  • Uso tímido das características de roguelike.
Juicy Realm — PC — Nota: 7.0
Revisão: Ana Krishna Peixoto
Análise produzida com cópia digital cedida pela X.D. Network Inc.

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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