Cartuchos x Discos: uma eterna disputa no mundo dos games

Cartuchos e discos contam com defensores ferrenhos de ambos os lados. Confira quem leva a melhor neste Blast Battle.

em 25/05/2018

Dentro do mundo dos games, existem diversas questões que suscitam discussões entre os jogadores. Por exemplo, quem nunca entrou em um debate sobre qual o melhor jogo de futebol: FIFA ou PES? Ou então qual é a equipe de Pokémon mais poderosa? Qual o melhor título da série Need for Speed: Underground 2 (Multi) ou Most Wanted (Multi)? No Blast Battle de hoje, vamos conferir uma dessas eternas discussões: cartuchos (também chamados de "fitas") versus discos (popularmente conhecidos como "CDs").

Ao longo das gerações de videogames, ambas as mídias tiveram os seus momentos de glória, e, embora os consoles tenham começado com cartuchos, desde o lançamento do primeiro disco para o Sega CD, a discussão começou e nunca mais terminou. Logo, nada mais natural do que realizar um Blast Battle para definir o vencedor entre estes dois concorrentes.

Para que a batalha seja isenta, o embate utilizará somente as características reais, sem considerar o fator emocional ou nostálgico. Além disso, a análise será feita de forma geral, sem apontar diretamente para uma ou outra marca. Cinco itens serão levados em conta: resistência e outras características físicas, segurança, custo, armazenamento e velocidade de leitura. Mas antes de começar, vamos fazer uma breve apresentação dos concorrentes.

Os participantes

Os cartuchos consistem, em geral, em memórias do tipo ROM (do inglês Read-only Memory, ou memória somente de leitura). Elas são formadas por inúmeros circuitos integrados. São componentes eletrônicos minúsculos que permitem a armazenagem e processamento de dados. Graças à sua construção, as fitas permitem a integração de hardwares diferentes, de modo a melhorar o desempenho total do sistema. Um exemplo é o famoso Super FX chip para o jogo Star Fox (SNES), do Super Nintendo, que permitiu a utilização de gráficos tridimensionais.
Alguns cartuchos são sonhos de consumo pela comunidade gamer
Já os discos são mídias ópticas compostas de várias camadas diferentes, como um sanduíche. Os dados são armazenados através de “furos” feitos no disco, que são organizados ao longo de espirais. O leitor então realiza uma varredura, identificando quais os pontos que possuem ou não furos. Assim é formado um código binário, que por sua vez compõem as informações gravadas. Existem diversos tipos de discos, como por exemplo: CD-ROM, DVD ou Blu-ray.
Muitos CDs marcaram a indústria dos games ao longo dos anos
Feitas as apresentação, que a batalha comece!

Características físicas

O primeiro critério a ser considerado consiste em analisar a resistência física e a facilidade de armazenamento das mídias. Esses fatores são importantes sobretudo para o público mais jovem, com maior tendência a derrubar os cartuchos ou a arranhar os discos, e para aqueles que têm uma grande biblioteca de jogos.

CDs são altamente suscetíveis a arranhões e deformações no seu alinhamento, podendo ser danificados por quedas ou altas temperaturas. Embora os cartuchos também possam ser afetados por altas temperaturas, os mesmos suportam níveis mais extremos, sendo mais resistentes a quedas e arranhões. Além disso, videogames com disco no interior normalmente travam ao receberem um movimento brusco, enquanto os com fitas, na maioria das vezes, continuam funcionando.
Lembrando que ao assoprar uma fita, você pode estragá-la devido a umidade do sopro
A umidade tem pouco efeito sobre os discos, enquanto os cartuchos podem ser bastante danificados, já que são compostos por circuitos eletrônicos. Quanto ao armazenamento, em geral, fitas possuem uma área menor que o concorrente, exigindo menos espaço para serem guardados. As mídias ópticas precisam de uma caixa para serem guardadas, de modo a proteger seus dados. No caso dos cartuchos, isso não chega a ser um fator crítico. Considerando todos os itens, o cartucho leva a melhor no primeiro critério.

Resultado: Cartucho 1 x 0 Disco

Segurança dos dados

Este critério é bastante debatido pela comunidade gamer. Afinal, diversos consoles tiveram grandes vendas e jogos de alta popularidade graças à pirataria, sobretudo em países como o Brasil, onde os custos para ter um videogame e uma boa biblioteca são muito altos. Neste quesito, novamente os cartuchos levam a melhor.

E isso se deve ao custo: obter uma cópia de um CD é mais barato e mais fácil do que copiar uma fita inteira. Um exemplo claro é o caso PS1 x N64, onde o primeiro levou a melhor, entre outros fatores, devido justamente à alta disponibilidade de "opções alternativas" para a obtenção de jogos. Este fato é tão comum que, até hoje, é possível encontrar jogos de PS2 no comércio popular brasileiro.
A pirataria sempre ronda o universo dos videogames
As atuais gerações de videogames possuem um grande nível de segurança contra a pirataria, de tal modo que utilizar essas mídias é bastante complicado. Entretanto, assim como no passado, é questão de tempo até que alguém consiga decifrar os sistemas dos consoles. Então, devido ao menores custo e complexidade na pirataria, os discos perdem esta batalha para os cartuchos. E falando em custo, este será o critério do próximo round.

Resultado: Cartucho 2 x 0 Disco

Custo

Como já comentado no critério anterior, a fabricação em série de discos é mais barata que a de cartuchos. O maior fator para a diferença é o material usado em cada mídia: enquanto os CDs são feitos predominantemente de polímeros, as fitas são construídas por semicondutores, que possuem um custo maior no mercado.
Não podemos esquecer que, no final das contas, as empresas de games sempre visam o lucro
Além da diferença de custo no material para produzir cada mídia, o processo de fabricação dos cartuchos é mais complexo, e assim mais caro, que o do concorrente. Embora esta diferença já tenha sido maior no passado, ela ainda existe na atual geração de videogames. Este fato pode ser observado na diferença de preço entre o mesmo jogo para o Nintendo Switch e para o PS4, por exemplo. Sendo assim, os discos vencem este round.

Resultado: Cartucho 2 x 1 Disco

Capacidade de armazenamento

Aqui, analisamos quanta informação é possível armazenar em cada tipo de mídia. Em geral, os discos possuem capacidade de armazenamento superior aos cartuchos, sendo esta uma das suas principais vantagens na disputa com os cartuchos. Tal fato, por exemplo, fez com que Final Fantasy VII (PS) não fosse lançado para o N64, cujas fitas não tinham capacidade suficiente para armazena-lo.
O jogo Final Fantasy VII precisou de 3 discos para rodar no PS
Entretanto, com o avanço tecnológico dos últimos anos, é possível a fabricação de memórias com capacidades semelhantes aos discos, embora o custo/benefício seja maior. Considerando apenas a capacidade de armazenamento, este critério termina em um empate, já que ambas as mídias possuem recursos semelhantes.

Resultado: Cartucho 3 x 2 Disco

Velocidade de leitura

Talvez o critério mais palpável deste Blast Battle: a velocidade de leitura consiste em quão rápido a mídia é capaz de fornecer as informações necessárias para o console rodar os jogos. E neste caso, a vitória é dos cartuchos. Os videogames conseguem acessar as informações dos circuitos eletrônicos das fitas rapidamente,  agilizando o seu processamento; já no caso dos discos, o leitor precisa varrê-lo para obter uma certa quantidade de informações, e só então o console poderá processá-las.
Alguns jogos até possuem minigames nas longas telas de carregamento, como em Okami (Multi)
  Retornando ao exemplo do PS1 versus N64, é inegável que enquanto o primeiro exigia vários segundos na tela de carregamento, o segundo permitia acesso aos jogos de forma muito mais rápida. O mesmo vale para outros videogames, inclusive nos casos dos portáteis, como o PSP e o NDS. Uma solução dos novos consoles é instalar parte dos dados na memória do mesmo, agilizando o acesso às informações. Ainda assim, os cartuchos são superiores e vencem este embate.

Resultado final: Cartucho 4 x 2 Disco

Conclusão

No final, os cartuchos vencem os discos por 4x2 nos critérios utilizados neste Blast Battle. Entretanto, por que, dos três consoles da nova geração, apenas um utiliza cartuchos? A resposta é simples: o custo. Embora nesta discussão ele tenha peso igual aos demais itens, na prática ele é um fator determinante, se tornando tão competitivo quanto os cartuchos. Mas temos que lembrar que esta diferença já foi maior, o que torna o uso das fitas atrativo pelas suas qualidades.
Os discos saem vencedores da batalha, mas os cartuchos ainda estão no páreo
Outro ponto importante é que, com o grande crescimento das mídias digitais, seja via download ou por acesso pela internet, as mídias físicas tendem a perder espaço no mercado. Os consoles agora contam com memórias internas, permitindo que os jogos possam ser armazenados diretamente no videogame. Desta maneira, a compra de jogos físicos, seja em forma de fitas ou CDs, acaba se tornando desnecessária. E, em muitas vezes, também custosa e complicada, já que os games digitais são mais baratos e estão (quase) sempre à disposição na internet.
No fim, o que mais importa não é a mídia, mas sim o game que ela guarda!
Ainda assim, enquanto o acesso à rede mundial de computadores não for universal e de alto desempenho, e existirem pessoas que gostam de possuir o jogo em mãos, as mídias físicas continuarão a ter o seu valor. Seja utilizando cartuchos ou discos, o que importa mesmo é que os jogos continuem cumprindo o seu papel: entregar diversão para todos os jogadores e amantes dos videogames.

Revisão: André Carvalho

é produtor de conteúdo sobre games desde 2016 e um grande fã da décima arte, embora não tenha muito tempo disponível para ela. Seus games favoritos (que formam uma longa lista) incluem: KH, Borderlands, Guitar Hero, Zelda, Crash, FIFA, CoD, Pokémon, MvC, Yu-Gi-Oh, Resident Evil, Bayonetta, Persona, Burnout e Ratchet & Clank.
Também encontra-se no Twitter @MatheusSO02 e no OpenCritic.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.