Como seria um Assassin’s Creed no Brasil?

Saiba quais as épocas ideais e os personagens históricos mais interessantes.

em 16/02/2018


A série Assassin’s Creed já passou pelas Cruzadas por volta do ano de 1191, o Renascimento Italiano em 1476, os períodos que compreendem os conflitos entre os Impérios Otomano e Bizantino em 1509, as treze colônias na América do Norte em 1606, a Revolução Francesa em 1788, a Revolução Industrial inglesa, o Egito Antigo etc… O universo da série é vasto e torna possível que sua trama seja contada em qualquer parte do mundo ou período histórico. O que nos faz pensar: por que não no Brasil? E como seria um game de Assassin’s Creed em terras tupiniquins? Esse é o exercício que propomos a fazer.


Como começar?


A primeira questão é: afinal, como justificar que a história de um novo game de Assassin’s Creed ocorra no Brasil? A resposta está no próprio universo que a franquia construiu. Ao final do primeiro Assassin’s Creed, um mapa holográfico nos mostra que o poderoso artefato chamado Maçã do Éden, fruto das disputas entre Assassinos e Templários, encontra-se em pedaços espalhados por diversas partes do mundo e, caso você tenha a oportunidade de rever a cena, verá que um ponto brilhante está bem na América do Sul, à direita, isto é, no que conhecemos como Brasil.

A ideia de explicar a possibilidade de elementos da trama principal se encontrarem em vários pontos do mundo não foi à toa. O plano com certeza foi pensado para que, com a chegada das continuações, a equipe de produção e desenvolvimento do game pudesse ter maiores opções para criar suas histórias. E quando dizemos opções, falamos obviamente em contextos diferentes.

Já que é possível uma história no Brasil, qual seria o melhor período?


Vários jogos abordaram momentos importantes e cruciais na história de cada país. Na Itália, destacou-se o período do Renascimento, na França, a Revolução Francesa, nos Estados Unidos, os conflitos entre a colônia e a metrópole e por aí vai. Em qual época deveria ocorrer o jogo?

Por mais que as histórias de civilizações europeias ou mesmo asiáticas sejam fascinantes, a nossa história também é riquíssima em acontecimentos e reviravoltas. Não pense que o Brasil foi um local onde imperava a apatia da população. Pode-se dizer que acreditar nisso é desconhecer um pouco da nossa história. Por isso, listei alguns períodos interessantes que poderiam ser objetos de um game em nossas terras:

O Brasil do período colonial: Ao tornar o Brasil Colônia, Portugal não teve necessariamente dias de paz. Conflitos com nativos e até mesmo com outros países imperialistas marcaram o período. Seria interessante aqui um conflito entre nativos ligados à ordem dos assassinos (lembram-se do indígena assassino que lutou contra os colonizadores em Assassin’s Creed III?) e caso esteja pensando em reviravoltas, que tal inserir as invasões francesas e holandesas? Aí você pode criar um clima hostil com vários inimigos: templários contra templários (templários franceses com ideais diferentes dos templários holandeses) e até mesmo alianças improváveis para destruir um inimigo em  comum.




O Brasil Império: Esse talvez seja o período mais rico para que seja construída uma trama histórica cheia de reviravoltas e conflitos. Começamos retomando fatos acontecidos no período: caçada por Napoleão, a família real portuguesa se muda para o Brasil e, temendo perder sua terra natal, transforma o Brasil em seu novo império, longe da ameaça francesa. Poderíamos acrescentar aqui algumas motivações da guerra templários e assassinos que desencadearam na vinda da família real para o Brasil. É possível destacar também as mazelas do império de D. Pedro II e as revoltas dos escravos ou mesmo da população por condições precárias. O imperador poderia ser um membro da Ordem Templária que enfrenta uma forte resistência vinda do povo, que são apoiados pelos Assassinos.




O Brasil República: Também chamada de Primeira República ou República da Espada. O período pode ser tratado durante a transição do império para a república. Seria interessante se víssemos, por exemplo, uma mudança de lado dos Templários ao saberem que o império estava com seu fim decretado e que eles apoiaram, sem que ninguém soubesse, nem mesmo os Assassinos, a república. Os militares no poder no início deram um ar de que a velha política havia sido enterrada com o fim da escravidão. No entanto, medidas como o massacre em Canudos e vários outros pontos demonstraram como uma nova batalha ainda estava por vir e que os Assassinos não estavam completamente inertes.





Os personagens históricos


Todo game da série tem uma série de personagens que assumem papel importante na trama. Já passaram pelo game Maquiavel, a família Bórgia, Leonardo da Vinci, o pirata Barba Negra, Benjamin Franklin, Robespierre, Cleópatra e vários outros. Quais personagens poderiam fazer parte da trama e de que forma poderiam contribuir?

D. Pedro II: Talvez como um membro dos Templários ou então como um personagem manipulado por esse grupo com grande influência. D. Pedro foi imperador por 48 anos até sua deposição. Destacam-se vários momentos durante todo o seu período de regência, como a Guerra do Paraguai, a abolição da escravidão e a sua queda. Todos esses momentos podem ser abordados na trama entre os dois grupos milenares.

Antonio Conselheiro: Esse é um dos meus favoritos. Há várias versões para esse personagem histórico o que nos dá mais liberdade ainda. Uns o consideravam louco, outros um verdadeiro profeta ou inimigo do Estado. O que importa é que Antonio Conselheiro pode representar a liderança dos assassinos, por exemplo, e se quisermos abordar sua loucura, podemos dizer que um pedaço do Éden que ele teve contato o tornou louco. Legal, não?


Antônio Conselheiro interpretado pelo ator José Wilker



Tiradentes: Joaquim José da Silva Xavier é outra figura contraditória de nosso passado. E quanto mais ambíguo e complexo, mais interessante será inseri-lo em um Assassin’s Creed no Brasil. Seria Tiradentes um Templário ou um Assassino? Nesse caso, eu o colocaria como um Templário disfarçado de Assassino, sendo parte de um plano dos Templários para alcançarem apelo popular e fazer com que o país se torne independente e totalmente sob o domínio da Ordem.

Zumbi dos Palmares: A escravidão é uma mancha em nossa história e ela não deve ser esquecida no game. O líder do quilombo dos palmares lutou durante todo o período colonial pela libertação dos escravos e merece uma caracterização em nosso jogo. Muitos diziam que ele atacava e eliminava os senhores, libertando os escravos. Acho que ele se encaixaria muito bem na Irmandade dos Assassinos.

Machado de Assis: Ora, se foi possível ver o Marquês de Sade, Leonardo da Vinci e Maquiavel como ilustres pensadores da época, por que não José Maria Machado de Assis? Considerados por muitos como um dos maiores escritores brasileiros, ele presenciou a transição do Brasil Império para a República. Que tal um trabalho na Irmandade para o escritor? Talvez um informante que passa notícias aos seus companheiros através de textos em jornais com mensagens escondidas…

E o nome?





Isso vai depender muito de qual época abordaremos. Mas algo como Assasin’s Creed Colony, Assassin’s Creed Empire ou Assassin’s Creed Republic seriam interessantes e seguiriam a tendência da série por nomes curtos e relacionados ao contexto em que se passa.

E então, o que achou? Concorda com uma versão brasileira de Assasin’s Creed? É claro que muitos nomes e momentos históricos podem ter ficado de fora e para que esse texto saísse era preciso escolher alguns em prol de outros. Por outro lado, você pode nos contar como seria o seu jogo perfeito passado em terras brasileiras. Diz aí pra gente!

*Observação: a imagem da capa desta matéria pertence ao ilustrador Diogo Carneiro e a imagem acima é de Mateus Alberone

Revisão: Bruno Alves

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