Análise: Seven: The Days Long Gone (PC) une RPG, stealth, parkour e gameplay confuso

O título tenta unir muitos gêneros em uma mecânica fluída, mas a falha tentativa atrapalhou na experiência do game

em 22/02/2018
RPG nunca esteve tão na moda. Até franquias como Tomb Raider e Assassin’s Creed adotaram marcas do gênero. Nesse novo cenário dos games surge Seven: The Days Long Gone, o jogo de temática pós apocalíptica que mistura RPG de ação, stealth e parkour, tudo isso com visão isométrica. Qual pode ser o resultado dessa ofensiva do estúdio IMGN.PRO?

Pós-humanos de uma pós-guerra

Você já conhecerá o mundo de Seven como caótico. “Desde os dias longínquos, o mundo já estava em ruínas”, a primeira frase do jogo. Uma grande guerra aconteceu entre humanos e demônios. Quando o conflito acabou, só sobrou destruição e alguns seres humanos sobreviventes morrendo um por um. Até que o “último profeta da humanidade”, Dugun, navegou pelo mundo buscando o poder perdido dos ancestrais e reunir os humanos restantes sob sua bandeira: o Império de Vetrall.


Entretanto, as pessoas já não era mais as mesmas depois da guerra. Tudo o que foi necessário para sobreviver ficou, toda a agressividade, corrupção e ditadura. É nesse mundo que vive Teriel, o mestre dos bandidos, sempre a fim de violar regras para o próprio lucro.

Tudo vira de cabeça para baixo quando um roubo dá errado. Teriel é encaminhado para uma ilha onde reside toda a escória rejeitada pelo Estado. Para deixar a situação ainda mais estranha, Teriel se tornou hospedeiro de um espírito, ele alega que o fracasso na missão foi planejado e que agora seus dotes de bandido irão servir para um bem maior.

Apesar do prólogo ser interessante, o jogo não consegue manter o enredo tão interessante. Há um universo enorme há se explorar, tanto físico quanto literário, porém Seven não consegue dá o engajamento para isso.

Por exemplo, em um RPG é essencial a leitura de documentos para saber mais sobre o mundo, mas isso acontece em Seven de forma aleatória. Não há marcadores de documentos e os textos exibidos são curtos. O que entristece é que mesmo nesses poucos documentos que se acha e lê, o jogador se sente instigado por achar mais, pois o universo de Seven é interessante, porém difícil de se conhecer. Cabia aos desenvolvedores um entendimento de que um mundo tão vasto também deve exibir melhor sua cultura. 

Será que eu estou na lagoinha?

O maior problema de Seven: The Days Long Gone é sua desorganização. O grande mapa, apesar de suas legendas, não oferece muito guia na questão principal: marcar um ponto. Se você marcar um ponto no mapa, ele não ficará presente te guiando no minimapa. Você está sempre obrigado a ficar abrindo para ver se está na direção certa.



Durante sua exploração no mundo, muitas missões podem aparecer e você aceitar. Minutos depois estará perdido, vendo várias exclamações brancas no mapa. Não há lista lateral para exibir missões secundárias, só as principais. Essa falta de atenção às missões secundárias faz com que o jogador não se dedique bem a elas e fique apenas na história principal.

Analisando as missões, elas são diferenciadas entre si. São aquelas já comuns em RPG, com recolher objeto, assassinar alguém, entregar tal coisa. Porém, existe uma variedade interessante que pode fazer o jogador seguir adiante. Toda missão tem um contexto, personagens um tanto cativantes e uma janela de diálogo com algumas possibilidades de se saber mais da tarefa.



Infelizmente, ainda assim o progresso em Seven pode não sair como o desejado. Os problemas de interface estão sempre presentes, mesmo ao se acostumar eles ainda incomodam. As missões, sem grandes surpresas, são legais de serem cumpridas. Entretanto, é inegável que a experiência de gameplay não ocorre como deveria.

Isometria e arte: aliadas e rivais



A arte visual de Seven é muito bonita. Houve um belo trabalho em todo o desenho. É cartunesco, ainda assim com muitos detalhes e presença de uma ótima paleta de cores. Em muitos momentos você vai se pegar aproximando a câmera para ver mais detalhes do cenário. Porém, a visão isométrica, apesar de ser perfeita para exibir o grande e bonito mundo, ela também pode atrapalhar na exploração.

Muito do jogo vem da estratégia, estudar o ambiente e as melhores formas de adentrar. Entretanto, há momento que a visão isométrica acaba dando noções erradas de espaço. Você entra numa casa e só dentro, por acaso, descobre que existe uma escada para um andar superior. Coisas como essa podem fazer o jogador criar estratégias erradas.

Houve um caso em eu estava em uma sala proibida. Apertei Q para ter exploração em “raio-x” do cenário. Acreditei que estava tudo limpo. Quando saí, havia dois guardas numa varanda que nem havia sido exibida antes. Toda a estratégia foi falha. A visão isométrica, apesar de ser interessante, pode atrapalhar quando má implementada.



Enquanto a arte sonora, os desenvolvedores fizeram um trabalho perfeito. Muito da experiência do jogo é transmitida pela música, dando muita imersão com batidas nas horas certas, em ritmos ideais. É bom estar sempre com o fone jogando Seven.

Um jogo que tentou ser demais e não conseguiu


Tentando unir características de RPG, stealth, parkour, Seven: The Days Long Gone acaba não sendo um bom exemplo de mistura. O jogo tropeça em si mesmo por pontos cruciais, desde o mapa até na organização das missões.

É triste ver um jogo de potencial para tanto se perder em si mesmo. O problema de Seven não foi sua ambição, mas a execução falha dessa versatilidade. Ainda assim, é recomendado para aqueles que gostam de RPG e jogos isométricos, com certeza irão se entreter bastante pelo mundo do game e todas suas possibilidades.

Prós

  • Plano de fundo interessante, com boa história;
  • Mundo enorme, tanto físico quanto cultural;
  • Arte visual muito bem-feita e soundtrack envolvente;
  • Personagens, por mais passageiros, são cativantes em seus diálogos;
  • Missões empolgantes, apesar de não surpreendentes em seus objetivos.

Contras

  • Enredo de execução falha;
  • Sem aprofundamento na cultura do mundo;
  • Mapa sem recursos essenciais;
  • Não mostra missões secundárias numa lista durante o gameplay;
  • Isometria não é bem implementada e atrapalha em alguns momentos que se deseja estudar o ambiente.
Seven: The Days Long Gone – PC – Nota: 6.5

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