Mais do que os próprios protagonistas, os Baker ocuparam os principais holofotes de Resident Evil 7 biohazard. Não é difícil imaginar que, no futuro, nos lembraremos do game pela imagem de Jack ao invés de Ethan Winters. Por terem conquistado o público, é compreensível que os dois últimos DLCs do jogo focam no destino de dois membros da família: os filhos Lucas e Zoe.
Inicialmente, estava previsto somente a expansão Not a Hero, que mostra Chris Redfield explorando a propriedade dos Baker para encontrar Lucas, suspeito de repassar informações sobre Eveline para grupos bioterroristas. Porém, com o sucesso de crítica do título, a Capcom resolveu atrasar em alguns meses o lançamento do DLC para disponibilizar o conteúdo adicional juntamente com End of Zoe, focada no desfecho da saga da única amiga de Ethan na Luisiana.
Em busca do fugitivo
Desde que terminei a campanha principal de Resident Evil 7 biohazard e recebi a informação do DLC Not a Hero, fiquei com a expectativa bastante elevada. Primeiro, para descobrir se o soldado que aparece no final do game realmente seria o famoso Chris Redfield. E segundo porque esperava intensos desafios bolados por Lucas, que durante o modo história soube mesclar ação e puzzles complexos.Chegou a hora de caçar Lucas Baker |
Fiquei bastante satisfeito quando percebi que a Capcom se preocupou em explicar que o personagem jogável do DLC é mesmo Chris. Afinal, um imenso ponto de interrogação surgiu quando o soldado vindo do helicóptero da Umbrella se apresentou como Redfield. Seria plausível um dos maiores inimigos da corporação mudar de lado? A resposta para a dúvida é sanada através de diálogos de Chris com a agente que se comunica com ele durante a missão.
O passado do personagem foi respeitado e ele se mostra desconfortável em ter que trabalhar para a Umbrella. A empresa quer apagar seu histórico problemático e corrigir os erros, por isso, recrutou os melhores soldados do planeta para acabar de vez com qualquer tipo de ameaça bioterrorista que tenha sido desenvolvida pelos profissionais da corporação.
A missão de Chris é simples: capturar Lucas vivo para que ele seja interrogado e revele a identidade dos grupos terroristas com quem vinha negociando. Assim, o soldado entra nas minas que existem na propriedade dos Baker e parte em busca do fugitivo. Todo DLC se passa no subterrâneo e exige um inteligente controle de recursos para conseguir prosseguir na tarefa sem grandes sustos.
Bem-vindo às minas (de novo) |
No entanto, senti bastante falta dos puzzles. Eles praticamente não existem e, se tratando de Lucas Baker, era de se esperar que os mais complexos quebra-cabeças estivessem protegendo o esconderijo. Para quem criou armadilhas dignas da série de filmes Jogos Mortais, não ter desenvolvido nenhum tipo de arapuca chega a ser um tanto quanto decepcionante. Apesar de oferecer boa dose de ação, Not a Hero falha quando o assunto são os puzzles.
Minha decepção com a falta de quebra-cabeças foi um tanto quanto amenizada com a batalha final do DLC. O grande boss que fecha Not a Hero faz jus ao seu nome e pode facilmente figurar entre grandes chefes da franquia, como Nemesis e Tyrant. É totalmente possível dizer que o confronto trouxe desafio digno dos primeiros capítulos de Resident Evil. Depois de derrotar o monstrengo, a dificuldade Profissional é liberada, oferecendo um desafio extremamente mais difícil, com Chris entrando nas minas portando apenas um canivete.
Uma batalha digna da franquia Resident Evil |
Família em primeiro lugar
Se fiquei frustrado com a falta de puzzles em Not a Hero, com End of Zoe acabei sendo surpreendido positivamente. Sem sombra de dúvidas, a filha da família Baker foi a personagem que mais sofreu desde a chegada de Eveline à Luisiana e a história dela merecia um final digno. Deixá-la para morrer com os seus pais não gerou o melhor dos sentimentos em mim durante o modo história e gostei de acompanhar como o caminho da garota não se encerrou no cais próximo a propriedade dos Baker.O DLC começa pouco depois do ponto em que Ethan se separa de Zoe. A garota acaba não resistindo por muito tempo no pântano e cede à infecção causada por Eveline. No entanto, as tropas da Umbrella logo a encontram, mas, antes que pudessem ajudá-la, surge Joe Baker, tio da jovem e irmão de Jack. O homem se desespera a ver sua sobrinha desmaiada e não hesita em nocautear os soldados usando apenas seus punhos.
Joe leva Zoe para sua cabana e entra no pântano em busca da cura para a garota, e assim começa a trama do DLC. O jogador assume o papel de Joe, um dos personagens mais badass de toda a franquia Resident Evil. O velho criado não precisa de armas para acabar com as criaturas mofadas, afinal, seus punhos são tudo o que ele usa durante todo o enredo do conteúdo adicional. Com isso, End of Zoe propõe uma jogabilidade totalmente nova e interessante.
Tudo pela saúde de Zoe |
Senti certo prazer ao socar o rosto das criaturas mofadas que tanto me importunaram no modo história e demais DLCs. Cada soco na cara dos monstrengos era como uma vingança por cada morte que sofri jogando Resident Evil 7 biohazard. A mecânica de usar os punhos é muito bem aproveitada durante toda a campanha de End of Zoe, principalmente, na batalha contra o subchefe e boss final. O confronto parece uma luta de boxe, com a luta transcorrendo de maneira até melhor do que muitos games da modalidade.
É incrível como em pouco mais de uma hora de DLC, Joe é capaz de cativar os jogadores, mostrando grande preocupação com a saúde de Zoe, além de apresentar modo de combate totalmente divertido. Gostaria bastante que o personagem voltasse a ser aproveitado no futuro da série e, da maneira que a história da expansão é finalizada, não seria uma surpresa se Joe Baker tivesse presença confirmada em outros Resident Evil.
Para aproveitar um pouco mais de Joe, ao finalizar End of Zoe pela primeira vez é liberada a dificuldade Joe Deve Morrer, em que toda a saga se torna, praticamente, impossível. Inimigos mais resistentes, armadilhas bem posicionadas e o vilão principal sendo praticamente imbatível tornam o fator replay o maior desafio de todo RE7.
Queremos mais Joe Baker no futuro! |
Os últimos capítulos de um retorno triunfal
Resident Evil 7 biohazard tem em seus DLCs bons exemplos de como as expansões deveriam ser. O primeiro, Gravação Proibida Vol. 1, trouxe uma série de três minigames explorando um pouco mais a história dos caçadores de fantasmas que visitaram a propriedade dos Baker em busca de imagens para seu programa. Já o segundo, Gravação Proibida Vol. 2, começou a explorar melhor a história da família Baker, mostrando como todo o pesadelo começou.Por fim, End of Zoe e Not e Hero fecham a trama da melhor maneira possível, explicando como terminou a história dos dois únicos personagens que ficaram com o futuro em aberto na trama principal. Com todos os DLCs, conhecemos o início, meio e fim da saga de terror de Eveline e são deixados alguns pontos que podem ser explorados futuramente em alguma sequência direta. As duas expansões trazem o final mais do que digno e merecido para um dos melhores games de 2017.