Os jogos que me marcaram em 2017 — João Pedro Boaventura

Os redatores do GameBlast falam sobre os títulos que mais curtiram entre os lançamentos deste ano.

em 15/12/2017

Joguei bastante coisa ao longo do ano. Algumas experiências foram bem agradáveis, outras realmente desprezíveis ou simplesmente decepcionantes (Capcom, estou falando com você!). Dos meus jogos favoritos, acabei separando os que mais me marcaram positivamente. Cada um tem seu motivo específico para estar na lista, mas sem delimitar uma ordem específica de qualidade — certo, talvez haja uma classificação na montagem do texto que reflita minha opinião sobre eles, mas afirmo que foi resultado do meu subconsciente falando.


“Aquele remake maroto”

Tinha um interesse considerável no jogo desde que li uma adaptação dele para o sistema D20 de RPG de mesa. O problema é que eu nunca tive um PS2 para aproveitá-lo, de fato. Fiquei feliz com o anúncio do Journey of the Cursed King para 3DS e, desde então, eu o adquiri e me diverti bastante. O início é um pouco lento, mas depois que a party fica completa, o game vicia e é difícil não parar de jogar até o final. A arte do Toriyama fica de bônus para o fanboy dentro de mim.


“Até o relógio quebrado acerta as horas duas vezes ao dia”

É a Ubisoft, né? Qualquer coisa que ela lançar é ser certeza de que algum problema vai ter. Com South Park: A Fenda que Abunda Força não é diferente, rolaram uns bugs e há alguns defeitos, como o fato da narrativa ter horas que estagna, mas eu fiquei feliz de verdade que não foi pior. As expectativas eram relativamente altas para mim, visto que eu estou em constante pessimismo, mas eu acabei aproveitando bem o jogo e não me decepcionei, o que é bem importante.

Acabei me divertido bastante, mesmo que na reta final eu já estivesse cansado com o seu ritmo. A questão é que eu adoro South Park, então fico feliz que os dois momentos de hora certa desse relógio que é a Ubisoft serem justamente com os dois jogos da série em questão.


“Eu não me importo que é mais do mesmo”

A questão de Pokémon é que, por mais que eu ache a Gamefreak uma mercenária safada ao ficar insistindo nos remakes e em terceiras versões definitivas de jogos que teoricamente deveriam ser versões finalizadas, eu vou estar lá no lançamento jogando o meu dinheiro na cara deles, impreterivelmente. Isso aconteceu com o Pokémon Omega Ruby & Alpha Sapphire (3DS), que durante toda a promoção eu falei que não me importava e que não precisava de um remake da terceira geração, mas no dia em que chegou às lojas eu coincidentemente fui a uma e acabei levando para casa por impulso.

Com Pokémon Ultra Sun e Ultra Moon (3DS), pelo menos, eu até criei alguma expectativa porque as novas informações a respeito do jogo me chamaram a atenção de verdade, como foi com o novo mapa de Alola com diferenças em relação ao anterior e a Team Rainbow Rocket na história. Acabei me decepcionando um pouco porque, no fim, o jogo era literalmente uma terceira versão. Por mais que eu não acreditasse nessa teoria de sequência e soubesse que seria apenas um update, achei que haveria algumas mudanças mais substanciais do que realmente ocorreram.

Ainda assim, não é como se eu não estivesse me divertindo. Pokémon é um jogo cuja campanha principal sempre entretém, mesmo na segunda jogatina. Como não gosto muito de dar New Game e perder o save, eu vou acabar aproveitando qualquer nova oportunidade de jogar os games da franquia.


“Gastei muito mais tempo do que deveria nisso”

Apesar do preconceito que até eu geralmente nutriria, sou viciado por jogos de futebol. Peguei o Pro Evolution Soccer 2018 (Multi) logo no lançamento e, como de costume, ficava horas e mais horas jogando com o juramento de que a próxima partida seria a última. Algo que me deixava um pouco mais entretido é que a dificuldade do jogo acabou subindo um pouco. Isso, junto da melhoria do gameplay, eu sentia que tinha que jogar cada vez mais para dizer que finalmente dominava o jogo.

Além disso, acho válido dizer que ele fez parte de uma espécie de simpatia em relação ao meu time, o Corinthians. Enquanto eu jogava constantemente, o Corinthians era líder invicto do campeonato. De repente, eu me ocupei com outras coisas e acabei negligenciando o jogo um pouco. Curiosamente, foi quando o Coringão passou por aquele período de instabilidade sem marcar gols. Ao voltar a jogar, o time voltou também a jogar bem, marcar gols e ganhar as partidas. Acabei assimilando uma coisa com a outra e até o jogo do Fluminense eu fiz questão de gastar umas horinhas no PES, quando o time se sagrou heptacampeão.

Um fato interessante é que eu diminuí bem o meu ritmo durante as três rodadas finais e não joguei nas vésperas dos jogos contra Flamengo, Atlético Mineiro e Sport contra quem, olha só, o Corinthians não ganhou uma só que seja. 


“Limpou a barra da franquia”

Eu tive uns problemas sérios no começo dele porque realmente demora para pegar no tranco. Muita conversinha e picuinha enquanto eu estava acostumado ao formato dos jogos anteriores, de uma batalha principal por capítulo, enquanto aqui são capítulos bem maiores formados por várias batalhas.

A questão é que, depois que o Fiat Palio 1.0 que é o ritmo do jogo no começo embala na descida, é difícil parar de jogar. Fire Emblem Echoes: Shadows of Valentia serve como um bom contraponto em relação ao que acontece com os jogos da dobradinha que compõem o Fire Emblem Fates (Conquest e Birthright), ambos também para o 3DS, e me serviu para tirar o gosto ruim da boca que eles deixaram.

As novas mecânicas contribuíram para isso. Aquela dos herdeiros, introduzida no Fire Emblem Awakening (3DS) com algum sentido narrativo e reproduzida novamente em Fates de forma totalmente gratuita finalmente foi removida aqui — ou melhor, considerando que é um remake do Fire Emblem Gaiden (NES), o segundo da série, foi uma decisão correta não implementá-la mais uma vez.

O formato de envolver um mapa overworld com as fases a serem jogadas pode estranhar no começo (por conta dos títulos antecedentes), mas depois é notável que é o melhor que pode acontecer por permitir tanto o grinding para elevar a experiência das unidades mais fracas quanto fazer com que o jogador prossiga no próprio ritmo. Das mudanças, meus únicos questionamentos são: 1) a existência das dungeons em terceira pessoa, completamente chatas e desnecessárias e 2) A cutscene final poderia ter reproduzido a do Gaiden original. De resto, só elogios.


“Você não fez mais do que obrigação”

É um baita jogo. Disparado um dos jogos mais bem-feitos e detalhistas em anos. A minúcia da produção de The Legend of Zelda: Breath of the Wild chega realmente a impressionar. A questão é que, depois de tantos adiamentos, de todo hype criado e de até mesmo uma mudança de console, praticamente, a Nintendo não fez absolutamente mais do que a obrigação.

Não como se isso fosse um demérito. Numa indústria que hoje se alimenta basicamente mais de hype do que unidades vendidas e repercussão positiva após o lançamento, anda realmente difícil encontrar um jogo que cumprisse o mínimo que ele se promete. Enquanto isso acontece até mesmo na própria série The Legend of Zelda, como foi com Twilight Princess (GC/Wii), Spirit Tracks (DS) e Skyward Sword (Wii), esse aqui consegue realizar a façanha de entreter do começo ao fim, mesmo com um final questionável.

Eu lamento só que tenha demorado para finalmente colocar as mãos no título. Como a versão de Wii U por essas bandas esgotou muito rápido em relação à de Switch (visto que ninguém tinha o então novo console da Nintendo), só consegui experimentá-lo para valer em agosto. Deu para dizer que valeu a pena. É provavelmente um dos meus jogos favoritos de toda a franquia ao lado de The Wind Waker (GC) e Phantom Hourglass (DS).

Acho que a palavra que melhor define o título (mesmo parecendo ironia, dado que “Breath of the Wild é praticamente um sabor de pasta de dente) é frescor. A maneira como uma infinidade de elementos passados da franquia foram resgatados e reutilizados o tornam praticamente o Zelda definitivo. Basicamente, aqui não existe “eu não tenho mais nada para fazer”.

O jogo está presente nas listas dos meus três colegas aqui do Blast que já publicaram as suas anteriormente. Comigo são quatro e tenho certeza que ainda haverá mais algumas citações a ele, pode contar com isso.


“Prêmio Platinum Games de Jogo do Ano”

Eu brinco que todos os jogos da Platinum Games são, moralmente, os "Game of the Year" morais de seus anos de lançamento. A questão é que no caso de NieR: Automata, há material válido para tornar essa jocosidade verdadeira. Tem uma história realmente envolvente, um universo maravilhoso, personagens com os quais você se importa e uma trilha sonora realmente fantástica. Tudo no melhor estilo de gameplay da Platinum de ser, com combate hack and slash desenfreado contra chefes de tamanhos colossais e pura epicidade.  

Algo que me chamou atenção também é a maneira como a jogabilidade do jogo se alterna, como as distintas fases de nave, momentos de exploração e a hora do combate, sempre misturando elementos de RPG’s mais pé no chão. Acho que o único incômodo real que acabei sentindo foi por conta da péssima otimização para o PC.

Eu detesto comparar filme com videogame, mas NieR é provavelmente o melhor exemplo de jogo que carrega características do cinema sem ter sua jogabilidade e essência comprometidos, como acontece a toda hora com outros projetos pretensiosos. A forma como o jogo alterna os ângulos de câmera para o jogador são uma figuração clara do que eu estou dizendo.


É jornalista formado pelo Mackenzie e pós-graduado em teoria da comunicação (como se isso significasse alguma coisa) pela Cásper Líbero. Tem um blog particular onde escreve um monte de groselha e também é autor de Comunicação Eletrônica, (mais um) livro que aborda história dos games, mas sob a perspectiva da cultura e da comunicação.
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