O ano de 2017 foi bem intenso no mundo dos jogos. Neste ano, a Nintendo lançou o Switch, o seu novo console híbrido, que já recebeu jogos excepcionais, como The Legend of Zelda: Breath of the Wild e Super Mario Odyssey. Os outros consoles também receberam ótimos jogos e vários títulos indies interessantes surgiram.
Foi um ano que joguei bastante coisa: mais de 30 títulos, entre experiências minimalistas e curtas (como Jettomero: Hero of the Universe), misturas inusitadas (como a combinação de caçada, culinária e puzzle em Battle Chef Brigade) e longas jornadas (principalmente em Persona 5). E, mesmo assim, não consegui conferir alguns títulos que gostaria, como NieR: Automata, Sonic Mania e Night in the Woods.
Eis as minhas experiências preferidas de 2017, sem ordem distinta:
Hollow Knight (PC)
Hollow Knight me intrigou desde o início com sua temática inusitada: o cenário é um mundo decadente repleto de insetos bizarros, tudo isso representado por ótimos gráficos desenhados à mão. Esse metroidvania me conquistou com seu mundo tão imenso que ficar perdido é algo corriqueiro — lembro-me que, no começo, fiquei irritado com a falta de direção, porém, depois, passei a apreciar essa característica.O combate é simples e cadenciado, entretanto é muito elegante e funciona bem no contexto dos perigos do cenário e dos inimigos. A jornada é complicada por conta da dificuldade intensa, contudo é muito recompensador sobreviver aos desafios. É uma experiência que me fez sentir simultaneamente tensão, deslumbre e alívio, um dos melhores metroidvanias que já joguei.
Tales of Berseria (PC/PS4)
Sou fã da série Tales e confesso que não estava nada animado com Tales of Berseria. Joguei a demo e não achei nada especial por conta do visual datado e o sistema de batalha que parecia não exigir muita estratégia. Mas, mesmo assim, resolvi dar uma chance ao jogo e não me arrependi: Tales of Berseria é, facilmente, um dos melhores da série.O fato de os personagens serem anti-heróis é minha característica favorita do jogo: a protagonista, Velvet, só quer saber de vingança e, para isso, faz o que for necessário. A história foge do clichê da série “heróis se unem para salvar o mundo” e é bem divertida, principalmente devido à variedade de personalidades dos personagens. Outro ponto alto é o sistema de batalha com sua flexibilidade e intensidade da ação, principalmente nas dificuldades maiores.
Horizon: Zero Dawn (PS4)
Um mundo em ruínas repleto de grandes máquinas baseadas em animais é o que me chamou a atenção inicialmente em Horizon: Zero Dawn. Gostei bastante de acompanhar Aloy em sua jornada por locais belíssimos e ótimos gráficos. Para mim, o ponto forte do jogo são os combates: boa parte dos inimigos é bem difícil de abater e estratégia é imprescindível para sair vitorioso. Não é uma aventura tão focada em exploração, mas sim em utilizar bem as ferramentas e armas que temos à disposição — é muito recompensador e divertido destruir uma grande máquina com a ajuda de armadilhas.Monolith (PC)
Monolith foi uma das grandes surpresas do ano para mim. Nesse roguelike, controlamos uma nave que explora uma misteriosa construção subterrânea em busca de um artefato. O local está dividido em salas e lembra bastante jogos como The Binding of Isaac e Enter the Gungeon — o que provavelmente contribuiu para eu ter gostado tanto do título. Toda a ambientação é bem retrô com o visual pixel art que lembra um jogo de Game Boy e música repleta de composições com chiptune. O resultado é um título nostálgico e moderno ao mesmo tempo.Como é de praxe no gênero roguelike, Monolith é muito difícil. Cada sala oferece desafios diferentes, a maioria deles muito intensos e com toques de bullet hell, que exigem reflexos rápidos e muita habilidade. Até hoje não consegui derrotar o último chefe “verdadeiro”, porém sempre me divirto nas partidas rápidas e frenéticas. O jogo tem recebido atualizações frequentes, o que me dá motivos de revisitá-lo constantemente.
Crawl (Multi)
Crawl foi um dos jogos constantes nas minhas jogatinas presenciais com os amigos, em conjunto com títulos como Wand Wars, TowerFall Ascension e Overcooked. Esse título apresenta uma experiência multiplayer que é um misto de cooperativo e competitivo. Um dos jogadores encarna um herói, enquanto os três participantes restantes controlam fantasmas capazes de possuir monstros e armadilhas a fim de matar e tomar o lugar do humano.O fluxo de jogo é bem dinâmico e é muito fácil entender as regras. O mais divertido são as conspirações durante as partidas com os fantasmas cooperando para conseguir derrotar o herói — ou seja, muita treta e confusão por conta dos complôs. Gostei também bastante do visual pixel art em baixa resolução que confere um ar único ao jogo, sendo o destaque especial os vários monstros legais.
Etrian Odyssey V: Beyond the Myth (3DS)
O novo Etrian Odyssey retomou os conceitos básicos da série e introduziu poucas novidades. O resultado é uma aventura mais clássica e contida, focada no núcleo da franquia, ou seja, dungeon crawling.O que me prendeu em Etrian Odyssey V é a imersão proporcionada pelo jogo. A visão em primeira pessoa, as pequenas aventuras e diálogos espalhados pelo labirinto, a administração direta de um grupo de aventureiros e a excelente trilha sonora de autoria de Yuzo Koshiro contribuem para essa sensação. Além disso, o combate continua ótimo e repleto de possibilidades, principalmente por conta da presença de dez classes distintas.
Splatoon 2 (Switch)
Quando comprei um Switch, não estava nos meus planos jogar Splatoon 2, afinal não gostei tanto assim do original. Entretanto, dei uma chance à continuação e viciei. Splatoon 2 está mais para uma atualização do que uma sequência, porém gostei bastante das novidades, como as novas armas e o excelente modo cooperativo Salmon Run.Um outro fato que contribuiu bastante para eu gostar do título é a facilidade de começar a jogar proporcionada pelo Switch: em poucos segundos já estou procurando uma partida, afinal o console liga bem rápido. E ele é, também, uma ótima opção para curtir localmente com os amigos nos encontros de jogadores.
Ys VIII: Lacrimosa of Dana (PS4/Vita)
Esse foi o primeiro jogo da série Ys que tive a oportunidade de conferir e fiquei me perguntando o motivo de demorar tanto tempo para fazer isso. Ys VIII: Lacrimosa of Dana é um RPG de ação ágil e muito divertido. Minha característica favorita diz respeito aos sistemas de jogo, que conseguem ser simultaneamente simples e complexos — pode parecer um simples button masher, porém há muito espaço para estratégia. Além disso, a aventura tem personagens cativantes, muitos locais para explorar e uma trilha sonora excepcional. Com certeza quero conhecer os outros jogos da franquia.The Legend of Zelda: Breath of the Wild (Wii U/Switch)
Eu já tinha altas expectativas em relação a Breath of the Wild, porém me surpreendi ainda mais após jogar a nova aventura de Link. O novo Zelda me prendeu com seu mundo extenso e a progressão de fato aberta; achei sensacional poder ir para onde quisesse, na ordem que eu bem entendesse e tentar alcançar os inúmeros locais do cenário. A sensação de imersão e deslumbre, para mim, foram os maiores destaques do jogo. Alguns detalhes me incomodaram bastante, porém eles não mudam o fato de que The Legend of Zelda: Breath of the Wild é um título que mudou profundamente paradigmas.Super Mario Odyssey (Switch)
A nova aventura de Mario pega as melhores características da série e tem como resultado uma aventura variada e muito divertida. Gostei bastante da liberdade oferecida pelo jogo, mesmo que limitada — a graça é justamente explorar todos os cantos em busca das luas escondidas em inúmeros desafios inusitados. Curti também a variedade de roupas disponíveis para Mario e os inúmeros inimigos que podem ser possuídos pelo chapéu Cappy. Meu Mario 3D favorito ainda é Super Mario Galaxy e seu excelente level design, entretanto Super Mario Odyssey não deixa de ser um jogo notável.Persona 5 (PS3/PS4)
Depois de jogar Persona 4 Golden (PS Vita), me tornei fã da série. Sendo assim, aguardei com muita ansiedade o lançamento de Persona 5, e todas as expectativas foram superadas. O sexto título principal da série de JRPGs me conquistou com sua atmosfera estilosa, personagens densos, história que aborda inúmeros temas da sociedade moderna e ótima trilha sonora. Gostei, também, das mudanças estruturais na fórmula, como os calabouços com mapas elaborados, combate mais flexível e o sistema de Confidants. Precisei de mais de 100 horas para terminar a jornada — valeu a pena cada segundo gasto com Persona 5.Menções honrosas
Hatsune Miku: Project Diva Future Tone (PS4), Flinthook (Multi), Dead Cells (PC), Pyre (PC/PS4), Graceful Explosion Machine (Multi), Old Man’s Journey (PC/Mobile), Fidel Dungeon Rescue (PC), Caveblazers (PC), The Legend of Heroes: Trails of Cold Steel (PC), Tooth and Tail (PC/PS4), Metroid: Samus Returns (3DS), SteamWorld Dig 2 (Multi), The Mummy Demastered (Multi), Sundered (PC/PS4), Loot Rascals (PC/PS4), Cuphead (PC/XBO), SUPERBEAT: XONiC (Switch), Hand of Fate 2 (PC/PS4), Battle Chef Brigade (PC/Switch).E vocês, o que jogaram em 2017? O que me recomendam?
Revisão: Bruno Alves