As várias referências de South Park: A Fenda que Abunda Força (Multi) — Parte 2

Focada nas referências espalhadas pelo mapa de South Park, confira a segunda parte nosso levantamento das principais alusões feitas pelo jogo em relação à série.

em 15/11/2017

Na primeira parte, você conheceu as principais alusões da história e da temática de A Fenda que Abunda Força (Multi) em relação à série. Agora, vamos explorar um pouco mais da própria cidadezinha do Colorado e identificar as melhores referências espalhadas por ela.

Conhecendo os aposentos dos garotos

Além das referências mais proeminentes espalhadas pelo enredo, o próprio mundo do jogo representa a série muito bem ao introduzir menções a diversos acontecimentos de South Park. Isso faz com que o fã da série acabe se estimulando ao explorar o mapa do jogo em questão de maneira minuciosa atrás de cada alusão. Ao transformar a cidade num mundo palpável, a equipe de desenvolvimento teve de usar a criatividade para preencher determinados locais a serem desbravados. Um exemplo disso é a forma como os armários dos personagens foram concebidos ao armazenar uma série de elementos-chave referentes a cada um ao longo de mais de vinte anos da série.

O Armário do Stan, por exemplo, conta apenas com um escudo do Capitão América, que lembra o episódio “Um Pesadelo no FaceTime” (temporada 16, episódio 12), em que os garotos se vestem como os Vingadores. O armário de Kyle também conta com uma referência a esse episódio por conta do Martelo do Thor que lá está guardado, além de sua roupa de escoteiro do episódio “Jubileu” (temporada 3, episódio 9), em que Moisés aparece e exige por figuras feitas com macarrão, objeto utilizado no jogo para invocá-lo.



Entre vários outros itens no armário de Kyle há uma bola de basquete que alude a vez em que ele fez uma negroplastia para poder ficar negro e alto e conseguir entrar para o time no episódio “Senhor Garrison ganha uma nova vagina” (temporada 9, episódio 1) e uma foto de Leslie Meyers, personagem proeminente da décima oitava temporada de quem ele gostava, mas descobriu-se ao fim que ela era apenas um robô e foi morta pelo Diretor PC em “A Vingança Final do Diretor PC” (temporada 19, episódio 10), além da roupa de elfo que ele usa em The Stick of Truth.

O armário de Cartman tem uma série de tralhas remanescentes das infinitas vezes que ele aprontou ao longo da série. Nele é possível encontrar o corpo que ele acoplava em sua mão do tempo em que Mitch Conner personificava Jennifer Lopez, os absorventes que ele usa por acreditar que estava menstruando no episódio “Você está aí Deus? Sou eu Jesus” (temporada 3, episódio 16), um boné da Spacex da vez em que ele queria colonizar Marte ao longo da vigésima temporada, uma série de materiais remanescentes de quando era dono da marca Washington Redskins no episódio “Vai se Fundar” (temporada 18, episódio 1), os votos que ele roubou para que o Obama se elegesse na eleição de 2012 em “Obama Vence” (temporada 16, episódio 14) e o capacete de sua roupa da vez em que ele tentou trapacear ao se inscrever nas paraolimpíadas do episódio “A Baixo de Esteroides” (temporada 8, episódio 2).


Há também o livro Kyle Chapeuzinho Vermelho que ele mesmo concebe e o lê para as crianças do jardim de infância em “Lembrovitas” (Temporada 20, episódio 1), o projetor que ele utiliza em uma série de apresentações na escola como em “Crianças Ruivas” (temporada 9, episódio 11) ou “Chupa, Cartman” (temporada 11, episódio 2).

Encontram-se também a roupa que ele utiliza em The Stick of Truth, a camiseta “Token’s Life Matters” que ele usa ao longo da vigésima temporada, o chapéu de tubarão do episódio “Willzyx Livre” (temporada 9, episódio 3), e o material da campanha “Danishes for Denmark”, do episódio “Babaca e Dinamarquês” (temporada 20, episódio 5), dentre várias outras que ainda ficaram de fora da nossa lista.



O Armário de Token, o Tupperware, é bem arrumado em relação aos outros. Nele há uma referência aos esportes de rico que fazem com que as outras crianças debochem dele em “Aí vêm os vizinhos” (temporada 5, episódio 12). Isso faz com que uma série de eventos se desenrolem e Token acaba indo ter que morar com os leões no Zoológico, fato que é igualmente aludido pelo leão de pelúcia presente em seu closet. É possível encontrar lá, também, uma cesta cheia de Chinpokomon (temporada 3, episódio 10), e uma caricatura dele com sua namorada, Nichole, feita no episódio “Cartman faz o Amor” (temporada 16, episódio 7).

O último dos armários a ser considerado é o do Craig, cuja presença de uma espada samurai referencia o episódio “Bons Tempos com Armas” (temporada 8, episódio 1) e sua roupa de flautista peruano dos episódios “Pandemia” e “Pandemia 2: o susto” (temporada 12, episódios 10 e 11). Ambos os episódios também são referenciados em seus dois golpes especiais possíveis ao longo do jogo.


O primeiro ataque diz respeito à sua afinidade com porquinhos da índia descoberta no especial supracitado de duas partes, e o segundo, liberado após uma sidequest, é uma referência ao seu relacionamento com Tweek incitado no episódio “Tweek x Craig” (temporada 19, episódio 6). Nele, o estilo gráfico muda para uma versão em animê e o amor dos dois avassala os inimigos ao som da música “Vamos Lutar, Amor”, do episódio Bons Tempos com Armas. A questão do relacionamento dos dois garotos, aliás, é material para uma sidequest em que o jogador precisa recuperar as 40 fanarts no estilo Yaoi presentes pelo jogo e que foram feitas pelos fãs da série a pedido dos criadores da mesma.



Além disso, há outros quartos que apresentam alusões aos episódios do desenho. No quarto de Ike, irmão canadense de Kyle, há uma foto da princesa do Canadá cujo casamento é tema central do enredo de “Pudim Real” (temporada 15, episódio 3). No quarto do próprio garoto judeu há a uma escrivaninha com uma orca em referência ao episódio “Wilzyx Livre”, uma foto do acampamento judeu de “Jubileu” e outra do garoto com seu elefante do episódio “O elefante faz amor com um porco” (temporada 1, episódio 5).


Um dos quartos na casa do Butters pertence à sua avó, cuja primeira aparição se dá no episódio “Butterballs” (temporada 16, episódio 5). Nota-se que a roupa que ela se veste para fazer frente ao Professor Caos está presente lá, além de uma fotografia do garoto em sua época de sapateador, carreira que abandonou ao matar 11 pessoas durante uma apresentação, como retratado no episódio “Você Ganhou um A” (temporada 8, episódio 4). O quarto do próprio Butters tem uma foto de sua namorada canadense, Charlotte, cujo relacionamento se inicia no episódio “Onde o Meu País foi Parar” (temporada 19, episódio 2).


O quarto da senhora Cartman também conta com algumas referências às várias histórias de seu filho, como é o caso da foto de quando ele pegou AIDS em “Problemas com as Amígdalas” (temporada 12, episódio 1), de quando ele era criança no episódio “Pré-Escola” (temporada 8, episódio 9) ou das vezes em que ele visitava o restaurante Casa Bonita (temporada 7, episódio 11).

Entendendo as Side Quests

As várias missões paralelas presentes no jogo também carregam uma infinidade de referências. Em “A Aposta do Caos”, o atendente do banco é o mesmo que aparece no episódio “Margaritaville” (temporada 13, episódio 3) e que ficou conhecido pelo bordão “and... it’s gone!”, traduzido como “já era!”. O fato de o jogador distribuir os cartões de serviço de entretenimento da senhora Cartman pela cidade na sidequest “Marketing de Justiceiro” chama a atenção do cafetão visto em “As Vadias do Butters” (temporada 13, episódio 9).


Desse mesmo episódio há a roupa que o sargento Yates utiliza como disfarce para pegar os interessados em utilizar os serviços de prostituição ilegal, bem como todas as provas — no caso, o sêmen dos clientes — ainda guardadas na delegacia, além de uma foto do casamento entre o mesmo cafetão e o próprio sargento disfarçado.


Lá também é possível encontrar um artefato chamado “Canção do Cavaleiro Bêbado”, que é uma ficha criminal do Bat-pai, um pai gordo com a máscara do Batman que é bêbado, briguento e cujo filho é um dos jogadores de beisebol do episódio “À Beira da Derrota” (temporada 9, episódio 5), além da sala onde fica o Senhor Adams, do episódio “O Pobre Garoto” (temporada 15, episódio 14), que inclusive ganha uma sidequest própria.


Outra missão do jogo resgata os personagens Peixe Gay, Seaman e Jesus. Enquanto o último é um personagem fixo recorrente na série presente em vários episódios, o Peixe Gay é uma referência ao rapper Kanye West. No jogo, ele aparentemente completou sua transformação após assumir tal identidade (depois de muita negação) no episódio “Palitos de Peixe” (temporada 13, episódio 5). O Seaman, por sua vez, é um herói dos Super Melhores Amigos, equipe apresentada no episódio homônimo (temporada 5, episódio 3) e formada por Jesus, Buda, Maomé, Moisés e outras deidades.

Espalhadas por South Park

Dentre as referências espalhadas pela própria cidade, ao noroeste de South Park, há uma fazenda de cultivo de lembrovitas, frutinhas recorrentes na vigésima temporada, e a estrada para o Canadá, que agora se encontra cercado por um muro. O fato de o personagem ser impedido a prosseguir vem do episódio “Onde o Meu País foi Parar”, em que, numa sátira ainda no início de toda a questão envolvendo o Trump e sua candidatura para a presidência, o novo presidente do Canadá acaba erguendo um muro para impedir a entrada dos americanos — curiosamente, esse Trump canadense acaba sendo morto, o que fez com que a produção do desenho transformasse o senhor Garrison no próprio Trump posteriormente.


A loja de fotografia também conta com uma infinidade de alusões a acontecimentos da série ilustrados em fotos espalhadas pelas paredes. Nos fundos da loja é possível observar Cartman fazendo tirolesa do episódio “Eu nunca deveria ter ido fazer Tirolesa” (temporada 16, episódio 6), do debate presidencial entre o babaca inútil e o sanduíche de merda do episódio “Ducha e Merda” (temporada 8, episódio 8).


Lembramos também dos Judeusianos que transformaram a Terra em um reality show no episódio “Cancelado” (temporada 7, episódio 4) ou do velório da mãe do Clyde que acabou morrendo no episódio “Segurança no Banheiro” (que inclusive foi referenciado também quando o garoto acha que vai morrer e faz um post no Guaxinimgram se despedindo: “Pai, se estiver vendo isso, te amo. Eu dou um oi para a mamãe por você”), entre outros.


Dentre outras referências em South Park, há o Raisins, paródia do restaurante Hooters, que é um local recorrente na série e foi onde Butters acreditou ter arranjado uma namorada, a Lexus, no episódio com o mesmo nome do local (temporada 7, episódio 14). Tem também o escritório da mãe da Wendy, um dos prédios sem identificação da cidade, que acaba se mostrando como o escritório que as crianças alugaram em “Associação de Bebês Viciados em Crack” (temporada 15, episódio 5) antes de serem enganados pela EA Sports e perderem todo o dinheiro que conseguiram com o negócio em questão.


Por fim, é interessante lembrar que a cidade tem dois núcleos afetados pela gentrificação forçada: CtPaTown e SoDoSoPa, ambos formados no episódio “A Cidade parte da Cidade” (temporada 19, episódio 3), sendo que o segundo foi destruído pelo primeiro numa guerra distrital pelo monopólio comercial na cidade e vem se tornando um acampamento de sem-teto onde é possível desbloquear a conquista “Não pense em crise, trabalhe” ao coletar todos os trocados no chão em referência ao episódio “A Noite dos Mendigos Vivos” (temporada 11, episódio 7).



O terraço de SoDoSoPa, acima da casa do Kenny, marca a primeira aparição dos Ninjas como inimigos em A Fenda que Abunda Força — o que também é uma brincadeira com o episódio “Ninjas Malditos” (temporada 19, episódio 7), em que as crianças utilizam o local para brincar de Ninja e acabam sendo confundidos com terroristas do Estado Islâmico.

Conseguimos listar até aqui uma infinidade de referências ao longo desses dois textos e, com certeza, sabemos que há algumas que nem sequer citamos. É por isso que jogamos a bola para você, caro leitor: quais outras você encontrou espalhadas por A Fenda que Abunda Força? Participe nos comentários!

Revisão: Luigi Santana

É jornalista formado pelo Mackenzie e pós-graduado em teoria da comunicação (como se isso significasse alguma coisa) pela Cásper Líbero. Tem um blog particular onde escreve um monte de groselha e também é autor de Comunicação Eletrônica, (mais um) livro que aborda história dos games, mas sob a perspectiva da cultura e da comunicação.
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