Após uma tentativa fracassada de reimaginar a franquia do azulão com os jogos de Sonic Boom (Wii U/3DS), que acabaram por se tornarem meros spin-offs, e uma redenção nostálgica com Sonic Mania (Multi), a Sega e a Sonic Team trazem o tão aguardado jogo que dará continuação à história da saga principal do azulão após os eventos de Sonic Lost World (Multi). Com um enredo bem similar aos Adventures e um gameplay já bem conhecido visto em outros jogos de boa fama, como Sonic Colors (Wii) e Sonic Generations (Multi) (tanto que foi feito pela mesma equipe de desenvolvedores), sem falar em algumas novidades inseridas, Sonic Forces (Multi) promete entregar a junção dos melhores elementos que um bom jogo tridimensional do ouriço pode oferecer.
O retorno de um enredo mais elaborado
Verdade seja dita: desde Sonic Unleashed (PS2/PS3/XBOX 360) que o nosso ouriço não recebia uma história à sua altura, uma vez que, em se tratando de enredo, os últimos jogos do azulão não tiveram desfechos bem elaborados (com alguns parecendo mais uma “desculpa esfarrapada” para a ocorrência do jogo). Claro que algumas ideias foram bem interessantes, mas acabavam sendo tão mal executadas que passavam uma impressão de “história sem graça”, o que chega a ser meio desanimador para uma franquia que sempre se mostrou capaz de trabalhar bons enredos e buscou expandir o seu universo mitológico a cada novo lançamento. Em Sonic Forces, a Sonic Team parece ter retomado essa questão e trará um jogo com um desfecho mais tenso e épico (algo que os fãs já estavam com saudades).
Será mesmo verdade? Eggman finalmente conseguiu dominar o mundo? |
Logo de cara somos apresentados a um mundo despótico e pós-apocalíptico onde o famoso vilão Dr. Eggman conseguiu conquistar 99% do planeta e o comanda com seu exército de robôs. Sonic, ao que tudo indica, está desaparecido e seus amigos estão buscando formar um grupo de resistência para combater as forças do tirano cientista em diversas partes do mundo (algo que até remete a muitas referências à saga Star Wars). Surpresas ainda maiores surgem quando o Sonic Clássico aparece no meio de toda essa confusão (vindo de uma outra dimensão) e um novo vilão chamado Infinite dá as caras (embora use máscara... tá, foi uma piadinha ruim) se mostrando como a maior ameaça que possivelmente nossos heróis terão de enfrentar.
Não, não é o Luke Skywalker atacando a Estrela da Morte... |
Além disso outros vilões de renome aparecem aliados ao Império de Eggman, como Metal Sonic, Chaos, Zevok e até mesmo Shadow (sim! Shadow está do lado dos vilões!). Muito mistério ainda paira sobre a própria história e diversos “porquês” prometem deixar os jogadores ainda mais imersos no jogo, curiosos para saber como tudo isso de fato começou e ainda mais como irá terminar. A história está recebendo um foco tão grande que até uma mini-série em quadrinhos contando o início da aventura em pequenas partes foi feita pela Sega. Prepare-se para um desfecho daqueles.
Um “Sonic Generations 2”?
Algo que a franquia principal teve de uns tempos pra cá foi um gradativo crescimento no gameplay de seus jogos tridimensionais, com fases que transitavam perfeitamente de momentos em 3D para 2D, sem falar na jogabilidade boost que dá ainda mais dinamismo a experiência. Um dos jogos que usa essa fórmula é o aclamado Sonic Generations, e sim, Forces parece beber da mesma fonte que ele neste ponto. Todos os requisitos que fizeram deste jogo um dos mais queridos de todos está ali, desde a exploração com pulos precisos do Sonic Clássico à correria desenfreada com o homming attack do Sonic Moderno. A trilha sonora como sempre se mostra impecável e as fases, apesar da linearidade bem presente, também contam com diversas rotas a serem escolhidas para se seguir, assim como a presença dos chefes no estilo do Sonic Unleashed, que possuem uma barra de energia (trazendo uma dificuldade a mais para o jogo).
De volta a velha formula do boost com o Sonic Moderno |
Boa parte deste acerto também se dá graças à Hedgehog Engine, uma ferramenta desenvolvida pela própria equipe da Sonic Team que permite a iluminação de objetos a partir de um determinado ponto, garantindo efeitos realistas em ótima qualidade. Agora em Sonic Forces é apresentada uma versão ainda melhor da mesma: A Hedgehog Engine 2.0, que permite o uso de uma luz em todos os objetos de uma vez, ao invés de colocar efeitos de sombra individualmente em cada um. Embora muitas fases do jogo sejam já bem familiares para os fãs, porém com uma roupagem diferente da de costume (Green Hill, Chemical Plant, City Escape), a Sega ainda está fazendo muitos mistérios sobre este ponto, o que leva a questionar que novas e antigas fases podemos nos aventurar em Forces.
A jogabilidade clássica também marca sua presença |
“Junte-se a Resistência!”
Falando de novidades, uma das coisas que levou diversos fãs à loucura foi a possibilidade de criar o seu próprio personagem e jogar com ele. O chamado “Hero Mode” permite ao jogador fazer um personagem customizado com uma vasta gama de roupas e acessórios, além de usufruir do mesmo com um gameplay inédito. Apesar disso remeter bastante a Dragon Ball Xenoverse (Multi) (claro, não seria a primeira vez que Sonic teria inspiração na obra de Toriyama), tal ideia se deu pelo fato de Takashi Iizuka, principal responsável pela série, ver o quanto os fãs de Sonic gostam de fazer fanchars (personagens criados por fãs); ele inclusive chegou a dizer que já tinha planos para introduzir este conceito em um jogo do ouriço a muito tempo.
Crie seu avatar e ajude nossos heróis na batalha contra o Império de Eggman |
No que diz respeito ao gameplay deste, ele retorna ao uso de armas na franquia (algo visto pela última vez em Shadow the Hedgehog (PS2/GC/XBOX)), só que aqui elas são chamadas de “Wispons”, sendo armamentos elementares que não só utilizam a energia dos Wisps para destruir inimigos e alcançar longas distâncias como também funcionam como ganchos em alguns pontos específicos das fases. Entre algumas dessas armas destacam-se o lança-chamas, o chicote elétrico e o martelo que transforma inimigos em anéis. Isso sem mencionar que este também traz uma jogabilidade com uma velocidade reduzida se comparada à de Sonic. Para compensar isso haverá ainda uma quarta modalidade de jogo chamada “Tag Mode”, onde é possível intercalar uma fase jogando com Sonic e seu avatar juntos, o que agrega ainda mais riqueza ao gameplay.
Isso é o que se pode chamar de "trabalho em equipe" |
Com um pé na frente e outro atrás
Apesar de todos os pontos positivos apresentados, alguns ainda se tem a impressão de que o jogo é bastante ambicioso em sua proposta mas não aparenta ter toda a grandiosidade que promete. Muito desse pessimismo se deve ao fato das fases serem relativamente curtas (embora não se saiba ainda a quantidade que teremos no jogo) e detalhes como “inimigos que não atacam em trechos para usar o boost” (algo que também é presente em Sonic Colors e Generations, contudo deixaram passar batido). Mas certamente o maior erro da Sega foi a disponibilidade de uma demo com apenas 1 minuto de duração, onde após expirar o tempo ele simplesmente é resetado. Isso revoltou muitos fãs por se tratar de uma demonstração que nem sequer lhe permite experimentar de fato o jogo (leva-se em conta que a demo tenha sido proposta para o público japonês, que por sinal já é bem acostumado com essa forma).
Naoto Oshima, um dos designers mais famoso da franquia, prestou sua homenagem ao jogo com esta linda arte |
Claro que se basear numa demo com tempo limite para presumir se o jogo será bom ou não é algo bem pretensioso, fora que os gameplays mostrados (e experimentados) na E3 são bem mais sólidos para se tirar esse tipo de conclusão. Além do mais, desde seu teaser trailer que algumas pessoas criticavam o jogo com a premissa que “Sonic em 3D não presta” sem talvez nem saber muita coisa sobre os jogos 3D do ouriço. É normal temer o novo, mas vamos nos lembrar que Sonic está retornando à sua linha de jogos principais e dando a tão aguardada continuidade à saga que já estamos familiarizados, se utilizando de uma fórmula que deu muito certo em títulos anteriores. Com tudo que foi apresentado, aguardamos que Sonic Forces mantenha todo o sucesso que Sonic Mania já conseguiu recuperar para a franquia do azulão.
Sonic Forces - PS4/XBO/Switch/PCDesenvolvedor: Sonic TeamGênero: PlataformaLançamento: 7 de novembro de 2017Expectativa: 4/5
Revisão: João Paulo Benevides