Análise: Battle Chef Brigade (PC/Switch) é uma ótima mescla de culinária e caçada

Participe de uma competição fantástica na qual chefs criam pratos incríveis com partes de monstros.

em 27/11/2017

Battle Chef Brigade tem um dos conceitos mais criativos que já vi. Neste título, controlamos chefs guerreiros que participam de uma competição a fim de entrar em uma brigada de elite — todos os pratos são feitos com partes dos monstros abatidos. A receita contém puzzles, ação 2D, um pouco de RPG e até mesmo uma história cativante, o que resulta em uma experiência única e muito divertida.

Batalhas culinárias em um mundo fantástico

No mundo fantástico de Victusia, os monstros são utilizados como alimento pela população. Para acabar com as criaturas e conseguir os ingredientes, foi criada uma Brigada especial composta de habilidosos “chefs guerreiros” — indivíduos versados tanto na culinária quanto em combates. Para entrar para esse grupo, é necessário participar de uma competição que acontece somente em épocas específicas. Acompanhamos Mina, uma garota do interior que foge de casa para participar do torneio e realizar seu sonho de fazer parte da Brigada. Outro personagem controlável é Thrash, um orc que também está competindo.


Os confrontos culinários de Battle Chef Brigade são muito divertidos e são meus momentos favoritos no jogo. Eu os descreveria como uma mistura de MasterChef com Monster Hunter: simultaneamente precisamos derrotar monstros, coletar ingredientes, cozinhar pratos e servir os jurados dentro do limite de tempo. O combate é em tempo real e lembra um beat ‘em up bem ágil com combos, magias e ataques especiais. Já o momento de cozinhar funciona como um puzzle: os ingredientes são representados por peças e é necessário girá-las para combinar três partes da mesma cor a fim de melhorá-las. A transição entre os dois momentos é suave e instantânea.

O conceito das batalhas entre chefs pode parecer complicado, mas basta uma única partida para entender tudo. Claro, existem vários detalhes que deixam as coisas mais complexas: cada um dos confrontos exige utilizar algum ingrediente específico e os juízes fazem exigências como, por exemplo, uma preferência de elemento em um prato (água, terra ou fogo). Conforme avançamos na aventura, outras características são introduzidas, como ossos (não combinam com outros blocos), ingredientes levemente estragados, blocos que se quebram e mais.


Durante a aventura, Mina adquire vários equipamentos que alteram suas habilidades de alguma maneira, lembrando mecânicas de RPGs. Itens como facas congelantes e amuletos mágicos são ótimos para derrotar os monstros rapidamente, por exemplo. Meus objetos preferidos são os utensílios de cozinha, pois eles alteram as mecânicas de jogo. Um recipiente, por exemplo, habilita combinações de uma cor específica só com duas peças. Já a tábua de corte permite destruir partes dos ingredientes — perfeito para remover ossos e outros blocos ruins. Um dos utensílios mais úteis, para mim, é a panela de cozimento longo: os ingredientes colocados lá são melhorados automaticamente de forma lenta, permitindo, assim, fazer outras coisas simultaneamente. Três itens de cada categoria podem ser equipados ao mesmo tempo. Estas opções adicionam camadas de estratégia ao jogo, só é uma pena que é impossível saber o que será de fato útil no combate, já que não há informação prévia alguma sobre os ingredientes ou pratos exigidos.

Além de ser uma mescla de combate e puzzle, Battle Chef Brigade também é uma espécie de visual novel. A jornada de Mina é uma história simples, porém divertida por conta dos variados personagens. A garota encontra todo tipo de gente inusitada: um cozinheiro necromante, um anão irritadiço, uma elfa estudiosa, uma garota acompanhada por um bule-robô, e assim por diante. Cada um desses indivíduos apresentam personalidades marcantes, o que me fez me afeiçoar por eles — principalmente Thorn, a sarcástica e ácida caçadora orc. A maioria dos diálogos é belamente dublada, o que complementa a caracterização dos personagens.


O mundo de Victrusia é representado com visual desenhado à mão com a predominância de tons pastéis. Particularmente, gostei bastante do traço, que lembra bastante animes e combina perfeitamente com a proposta de “chefs guerreiros”. Algo que pode incomodar alguns é que o visual não é tão fluído em movimento, pois parece que há quadros de animação faltando. Contudo, isso não muda o fato de que o título é visualmente belo.

Sensação de frenesi ao combinar estilos

Jogar Battle Chef Brigade é uma experiência intensa e singular.

O jogo tem momentos de ação, porém fiquei com a sensação de estar resolvendo um grande quebra-cabeça. Por conta do limite de tempo dos confrontos, sempre precisei avaliar meus movimentos: fazer um prato com vários ingredientes básicos é suficiente ou será que é melhor eu perder mais tempo derrotando um monstro poderoso para conseguir partes melhores? A ação fica ainda mais frenética quando há mais de um juiz para servir, cada qual com preferências específicas — cozinhar vários pratos distintos, simultaneamente, é bem desafiador, exigindo destreza e estratégia. Isso faz com que participar dos confrontos seja uma experiência bem intensa e é muito recompensador conseguir vencer depois de realizar vários passos complicados.


O curioso é que as várias mecânicas são bem simples quando observadas separadamente: o combate é bem básico e a mecânica de cozinhar não traz nada de novo para o gênero puzzle. Contudo, o que deixa o jogo divertido e único é a maneira em que tudo isso foi combinado, com um estilo complementando bem o outro. A adição da urgência adiciona uma camada de estratégia às partidas. Mas, mesmo assim, achei os trechos de combate a parte mais fraca do título por conta do baixo desafio e das arenas pequenas e sem variedade.

A aventura é bem linear e segue a história, que é dividida em capítulos. Fora as batalhas contra os outros competidores, há algumas atividades opcionais: um modo de resolução de puzzles, tarefas envolvendo as mecânicas de combate e um minigame em um restaurante. Elas ajudam a quebrar o ritmo, porém as achei insuficientes para deixar a campanha mais variada — gostaria muito de missões alternativas ou mais variedade de objetivos e batalhas.


Fora da campanha, é possível participar desses minigames, com direito a ranking online. Existe também uma modalidade de “batalha diária” em que equipamentos e objetivos são escolhidos de maneira aleatória. Por fim, há uma versão difícil da campanha em que os monstros têm mais vida e os tempos de batalha são menores. São adições que ajudam a fazer a experiência durar mais, por mais que as achei simples demais. Particularmente, achei uma pena o fato de que o jogo não tem nenhuma espécie de multiplayer — o formato dos confrontos é perfeito para enfrentar outros jogadores.

Receita de sucesso

Battle Chef Brigade combina estilos diferentes em uma experiência sem igual. É muito divertido caçar monstros e cozinhar ingredientes em batalhas intensas e frenéticas que exigem técnica e muita estratégia. Além disso, a jornada de Mina cativa com a presença de ótimos personagens e um visual belo. É uma pena a ausência de conteúdo opcional significativo, assim como combate um pouco simples demais. Battle Chef Brigade prova que é possível trazer algo novo mesmo utilizando elementos já conhecidos.

Prós

  • Mecânicas de puzzle, RPG e combate 2D funcionam muito bem juntas;
  • História cativante e repleta de personagens carismáticos;
  • Belo visual desenhado à mão.

Contras

  • Momentos de combate simples demais;
  • Pouco conteúdo opcional.
Battle Chef Brigade — PC/Switch — Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: Switch

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.