Já conhecida por seu popular tag team system –– sistema de batalhas com múltiplos lutadores na tela, conceito que surgiu em Street Fighter Alpha: Warriors’ Dreams (Multi, 1995) –– a adição de novos personagens foi muito bem-vinda e apenas o fato de tê-los à disposição já colocava o título entre os mais falados pelos jogadores da época. Ver o mais famoso robô azul dos games na escaramuça com o Homem-Aranha? Quem não queria isso? Ou um duelo de titãs entre Captain Commando e Capitão América? O apelo era gigantesco e quem ganhava com isso éramos nós, jogadores. Não à toa a série existe até hoje em seu mais recente lançamento, Marvel vs. Capcom: Infinite (Multi, 2017).
Antes restrita ao universo de Street Fighter, a Capcom abriu, pela primeira vez, as portas de várias de suas franquias |
Mais interação
Como a maioria dos jogos de luta, Marvel vs. Capcom: Clash of Super Heroes foi desenvolvido originalmente para os arcades. A placa (CPS-2) era a mesma que serviu de base para os dois títulos anteriores, X-Men vs. Street Fighter (Multi, 1996) e Marvel Super Heroes vs. Street Fighter (Multi, 1997). O diferencial estava nas novas mecânicas de batalha que aprimoravam o tag team system e permitiam mais interação entre os personagens jogáveis e não jogáveis.Nos dois primeiros títulos, podíamos selecionar a dupla de batalha com um lutador ajudando o outro em certos momentos através do variable attack, recurso que permitia ao jogador chamar seu parceiro para atacar o oponente com um golpe especial, substituindo-o em seguida. Tal mecânica foi trocada pelo sistema de assistentes. Embora semelhante na prática, não ocasionava a troca da dupla de lutadores, mas sim a aparição rápida de um personagem convidado (guest). Ele era aleatório, determinado antes da partida e podia ser chamado por um número limitado de vezes durante a luta.
Você era um daqueles que jogavam Clash of Super Heroes nos arcades? |
Já o Duo Team Attack dava ao jogador a possibilidade de controlar seus dois lutadores simultaneamente por um breve período, mecânica que abria espaço para técnicas devastadoras antes mesmo do oponente poder defender-se. Ambos os recursos abriram mais oportunidades para que víssemos diversos personagens em ação ao mesmo tempo na tela. Pela primeira vez, era possível travar uma briga entre Hulk e Morrigan, por exemplo, usando Mega Man como parceiro para um ataque especial em conjunto e contarmos, em seguida, com a entrada de um Sentinela para nos ajudar. Uma verdadeira aula de crossover em jogos de luta.
Novo sistema de luta permitia chamar personagens convidados para ajudar durante a luta |
A nova proposta de jogabilidade combinou com a intenção da equipe de desenvolvimento em oferecer mais interação entre personagens de Marvel e Capcom. Como a participação da desenvolvedora japonesa não se restringia apenas aos lutadores de Street Fighter, as novas opções incluíam Captain Commando, Chun-li, Jin Saotome (Cyberbots: Full Metal Madness), Mega Man, Morrigan Aensland (Darkstalkers), Ryu, Strider Hiryu (Strider) e Zangief entre os principais. Do lado da Marvel, tínhamos Capitão América, Gambit, Hulk, Homem-Aranha, Venom, War Machine e Wolverine. Os secretos eram Red Venom, Gold War Machine, Orange Hulk, Roll, Shadow Lady e Lilith-Style Morrigan.
Escolha sua dupla e prepare-se para a batalha! |
Mesmo com a mescla de grandes nomes, essa é a versão de Marvel vs. Capcom que conta com menos personagens em toda a série. No entanto, não tirou o mérito de Clash of Super Heroes em unir tantos contextos diferentes num único jogo.
A interação também se refletiu no enredo da campanha principal, tendo como base o arco X-Men: Onslaught dos quadrinhos da Marvel. A história retrata um incidente envolvendo o professor Charles Xavier, que se vê forçado a entrar na mente de seu maior inimigo, Magneto. A união causa um choque entre a raiva do vilão e as emoções mais obscuras do mentor dos X-Men, resultando no surgimento da entidade psíquica Onslaught. Parte da consciência de Xavier consegue, de alguma maneira, enviar um chamado aos heróis da Capcom para que pudessem impedir os planos do novo vilão.
A interação também se refletiu no enredo da campanha principal, tendo como base o arco X-Men: Onslaught dos quadrinhos da Marvel. A história retrata um incidente envolvendo o professor Charles Xavier, que se vê forçado a entrar na mente de seu maior inimigo, Magneto. A união causa um choque entre a raiva do vilão e as emoções mais obscuras do mentor dos X-Men, resultando no surgimento da entidade psíquica Onslaught. Parte da consciência de Xavier consegue, de alguma maneira, enviar um chamado aos heróis da Capcom para que pudessem impedir os planos do novo vilão.
A persistência de quem sabe desviar de um raio super poderoso |
Clash of Super Heroes definitivamente colocou a franquia no caminho do sucesso e ajudou a popularizar o conceito de jogos de luta entre personagens de Marvel e Capcom, uma vez que os heróis dos games e quadrinhos abrangiam uma parcela enorme de fãs dos dois universos.
Um fato interessante era o apelo gerado em cada região. Os americanos, já familiarizados com os quadrinhos da Marvel, encontravam em Clash of Super Heroes a oportunidade de conhecerem mais personagens da Capcom. Do outro lado do mundo, no Japão, o efeito era o contrário. Inseridos na cultura dos animes e mangás, os japoneses viam no jogo a chance de serem introduzidos aos heróis da Marvel.
Um fato interessante era o apelo gerado em cada região. Os americanos, já familiarizados com os quadrinhos da Marvel, encontravam em Clash of Super Heroes a oportunidade de conhecerem mais personagens da Capcom. Do outro lado do mundo, no Japão, o efeito era o contrário. Inseridos na cultura dos animes e mangás, os japoneses viam no jogo a chance de serem introduzidos aos heróis da Marvel.
Nos consoles
A versão de Clash of Super Heroes para arcade foi muito bem recebida por crítica e jogadores, a fórmula perfeita para levar o título ao próximo passo: versões para consoles. Lançados em 1999, dois ports foram desenvolvidos, um para Playstation e outro para Dreamcast. O jogo que chegou ao aparelho de 128-bits da Sega foi o mais fiel ao original, incluindo cinco modos de jogo e todo o processamento necessário para gerar os diversos personagens simultâneos do tag team system.Versão de Dreamcast manteve os mesmos aspectos do original, com os efeitos dos múltiplos jogadores na tela |
Assim como havia ocorrido nos dois títulos anteriores, a versão para Playstation passou por modificações devido à baixa memória RAM do hardware da Sony, fato que não permitia a realização do tag team system de modo contínuo pela dificuldade em processar vários personagens ao mesmo tempo. A solução foi a mesma de antes: alterar a jogabilidade para o modo um contra um já padronizado em outros jogos de luta.
Intitulada Marvel vs. Capcom EX Edition no Japão, esta versão abria espaço para o tag team system apenas em modo espelho, ou seja, quando jogadores escolhiam os mesmos personagens em ordem invertida, diminuindo o processamento de hardware. O Duo Team Attack também sofreu mudanças. Para suprir a falta de memória necessária para gerar o efeito simultâneo dos personagens na tela, a versão de Playstation trocava este modo pela possibilidade de chamarmos os assistentes mais vezes durante a luta.
Intitulada Marvel vs. Capcom EX Edition no Japão, esta versão abria espaço para o tag team system apenas em modo espelho, ou seja, quando jogadores escolhiam os mesmos personagens em ordem invertida, diminuindo o processamento de hardware. O Duo Team Attack também sofreu mudanças. Para suprir a falta de memória necessária para gerar o efeito simultâneo dos personagens na tela, a versão de Playstation trocava este modo pela possibilidade de chamarmos os assistentes mais vezes durante a luta.
No Playstation, o jogo funcionava no sistema de um contra um, já popular em outros jogos de luta |
Mesmo com versões diferentes, é inegável a influência de Clash of Super Heroes entre os jogadores dos anos 1990. Fosse nos poucos amigos donos de um Dreamcast ou na galera da rua que tinha um Playstation, não era difícil encontrar o jogo e passar horas na frente da TV. Em 2012, a Capcom lançou Marvel vs. Capcom Origins (PS3/X360), uma coletânea que continha o clássico dos arcades Marvel Super Heroes (Multi, 1995) juntamente com Clash of Super Heroes, disponibilizado através das lojas virtuais PSN e Xbox Live.
O jogo recebeu um tratamento gráfico em HD, mas também permitia o uso do visual original. A jogabilidade foi mantida, com opção para modo multiplayer on-line e gravação das lutas, bem como um sistema de desafios que recompensavam o jogador com pontos que desbloqueavam artes conceituais e personagens secretos. Contudo, o título saiu das lojas virtuais com o fim do acordo dos contratos de licença entre Marvel e Capcom em 2014. Quem sabe agora com o lançamento de Marvel vs. Capcom Infinite as duas empresas não possam rever essa situação.
O jogo recebeu um tratamento gráfico em HD, mas também permitia o uso do visual original. A jogabilidade foi mantida, com opção para modo multiplayer on-line e gravação das lutas, bem como um sistema de desafios que recompensavam o jogador com pontos que desbloqueavam artes conceituais e personagens secretos. Contudo, o título saiu das lojas virtuais com o fim do acordo dos contratos de licença entre Marvel e Capcom em 2014. Quem sabe agora com o lançamento de Marvel vs. Capcom Infinite as duas empresas não possam rever essa situação.
Certamente a união de Marvel e Capcom foi uma das melhores experiências em jogos de luta dos anos 1990 |
E você, tem alguma lembrança de Clash of Super Heroes? Não deixe de comentar e compartilhar suas memórias sobre um dos jogos de luta mais badalados da década de 1990 e que fez parte da infância e adolescência de muitos jogadores.
Revisão: João Paulo Benevides