Deixando de lado os espaços aglomerados próximos da Sony e Microsoft na BGS, os corredores menos concorridos reservam surpresas até mais interessantes do que aquelas apresentadas pelas produtoras internacionais. Foi em uma dessas caminhadas que a equipe do GameBlast encontrou um estande bastante grande e movimentado, onde o estúdio responsável exibia seu novo projeto multiplayer, realizando campeonatos entre os visitantes da feira. Tentando entender melhor o que de fato acontecia naquela área, nos deparamos com um game visualmente interessante e, para nosso deslumbre, totalmente nacional.
Trata-se de Skydome, um tower defense que está sendo desenvolvido pela Kinship, empresa sediada na cidade de São Paulo. “Curtimos bastante o gênero e achamos estranho que ninguém vem apostando nesse estilo de jogo”, conta Matheus Zanetti, um dos profissionais do estúdio. Para avaliar se o projeto seria bem aceito pelo público, essa não foi a primeira vez que a Kinship participou da BGS. Na edição do ano passado, a empresa ocupou um dos estandes da área indie e apresentou o primeiro protótipo de Skydome. “Em quatro meses fizemos o protótipo e, na feira, recebemos feedback bastante positivo. Saímos com o conceito validado e com o moral lá em cima. Tivemos a certeza que esse era o caminho”, comenta.
Depois do sucesso conquistado na BGS do ano passado, a equipe da Kinship cresceu. O estúdio, que nasceu em abril de 2016, contava inicialmente com seis pessoas e funcionava em um coworking — ambiente de trabalho compartilhado por diferentes empresas. Porém, ao ter certeza que o projeto apresenta futuro promissor, a equipe foi crescendo e hoje já tem 18 membros, além de sede própria. “O protótipo de 2016 foi jogado no lixo e o projeto recomeçou do zero. Isso porque não estava preparado para a estrutura de um jogo online. Já os conceitos permaneceram, passando apenas por um processo de refinamento”, relembra Zanetti.
Matheus Zanetti, um dos profissionais da Kinship |
É mais um MOBA?
Skydome nasceu visando expandir o gênero tower defense. “A galera chega aqui pensando ser um MOBA, mas não é bem assim. Preferimos chamar de action tower defense. Existem alguns jogos assim no mercado, mas nenhum pensado desde o início para ser multiplayer”, conta Zanetti. Durante a BGS 2017, foi apresentada a versão mais recente do game e o público foi convidado a manifestar sua opinião sobre o jogo. “Queremos críticas negativas agora, pois é o momento de solucionar possíveis problemas”, diz. O título também vem chamando a atenção de profissionais de eSports, como a CNB e INTZ. “Recebemos deles um feedback qualitativo”, complementa.O estande da Kinship na BGS |
Conhecendo Skydome
O conceito do jogo são duas arenas separadas, onde competem duas equipes de quatro integrantes cada. O jogador escolhe uma criatura que terá a missão de atacar o artefato adversário, que fica no final do campo inimigo. Também é preciso determinar quais serão os caminhos percorridos pelos monstros. Tanto a estratégia de criaturas como a de rotas pode ser alterada a qualquer momento. Além disso, há também os personagens controláveis que armam a defesa contra os seres enviados pela equipe adversária.Cada personagem tem um estilo e função diferentes, sendo que sua força vai crescendo a cada nova onda. Há ainda as habilidades chamadas de intervenção, que são skills que acertam o território inimigo, atrapalhando as defesas deles. “A briga é essa, ajudar suas tropas a chegarem ao objetivo e não se descuidar da própria defesa, tudo ao mesmo tempo, causando um excelente nível de profundidade estratégica”, detalha Zanetti.
Pôster e chaveiros do game estavam à venda no evento |
A dedicação é tamanha que nomes importantes já marcam presença no projeto. Por exemplo, alguns dos personagens foram dublados pelos mesmos atores que fizeram as vozes de Freeza e Mr. Satan em Dragon Ball Z.
“Tem um pessoal que bate o olho e pensa que é um jogo tipo League of Legends. Mas não é assim, não tem porque eu tentar competir com uma empresa como a Riot. Por isso, estamos fazendo algo completamente diferente e original”, finaliza Zanetti.
Um dos banners que enfeitavam o estande |
Conferindo o game
Nossa equipe se dividiu e pudemos aproveitar a oportunidade para conhecer mais sobre o jogo da melhor maneira possível: testando. Havia oito computadores (quatro para cada lado), equipados com periféricos muito confortáveis e de boa qualidade, e cada estação era acompanhada de um técnico — que faz parte da equipe de desenvolvimento.Seu primeiro passo em Skydome é escolher um herói — havia quatro opções, distinguíveis entre si pelas categorias e pelas habilidades que poderiam ser conquistadas e utilizadas. Os visuais pareceram-me bem originais, seja na aparência física, vestimentas ou equipamentos de combate. Como o jogo ainda está em desenvolvimento, não é plausível criticar a falta de variedade de heróis na versão apresentada ao público.
Apesar de depender de trabalho em equipe e das escolhas de um herói, Skydome não é um MOBA — mesmo que pareça. O seu herói é forte o suficiente para destruir torres e lacaios hostis, mas a base inimiga só pode ser alcançada e atingida com seus minions. É sua obrigação, portanto, gerenciar o tipo deles e em qual corredor eles irão se posicionar para o combate. Cada um dos quatro jogadores escolhe uma estratégia de combate de perto, combate distante ou defesa, estudando também os padrões de inimigos que atravessam a ponte em direção ao seu Nexus.
As habilidades dos minions geralmente são estáticas, mas as do herói são bem dinâmicas e podem ser carregadas a partir da quantidade de dano causado nos inimigos. Jogando de DPS (categoria que prioriza ataques rápidos e inviabiliza mecanismos de defesa), consegui me movimentar rapidamente e destruir muitas hordas de lacaios inimigos com uma das habilidades que tinha tempo de refresh menor. As habilidades são basicamente do tipo dano físico, mágico e cura, possibilitando abordagens táticas muito distintas.
As novidades sobre Skydome podem ser acompanhadas pelas redes sociais do game.
Colaboração: Arthur Maia