Além de figuras icônicas para a trajetória e linha do tempo dos videogames, a BGS 2017 também teve a honra de receber figuras importantes para o desenvolvimento atual de jogos eletrônicos, como o diretor de Assassin's Creed Origins, Bruno Guerin. Em sua primeira vez no Brasil, ele se mostra animado para contar mais sobre o futuro da franquia e o que o novo título está trazendo.
Confira conosco essa entrevista exclusiva, concedida no terceiro dia de evento:
GameBlast — Qual divisão da Ubisoft está trabalhando mais no desenvolvimento de AC Origins?
Bruno Guerin — Nossa equipe-base de desenvolvimento está localizada em Montreal, mas há muitos estúdios contribuindo com o projeto, desde Cingapura e Shangai até Sofia, na Bulgária. Nós amamos fazer jogos juntos.
GameBlast — Sim, estávamos comentando sobre isso mesmo um pouco antes dessa entrevista. É bom quando vemos esse tipo de abordagem multicultural, pois temos elementos diferentes de culturas diversas, e o desenvolvimento e design varia muito de acordo com cada país.
Guerin — Percebemos isso ainda durante o estágio inicial de desenvolvimento de Assassin's Creed Origins, que fora um projeto idealizado pela Ubisoft Montreal. Acho muito importante esse tipo de questão multicultural, já que a franquia é toda uma mistura de culturas.
GameBlast — Conversamos anteriormente com Bertrand Chaverot, que nos contou um pouco das mudanças de plano na franquia, e que o título já está há quatro anos em produção. Gostaria de saber se vocês encontraram algum problema significativo que poderia ter atrasado a entrega do jogo para depois de 2017, ou se vocês pensaram em adiar por algum motivo.
Guerin — Já sabíamos, desde o início do projeto, que deveríamos descobrir a fórmula de sucesso e o que jogar Assassin's Creed representava de verdade. Tínhamos 2017 em mente e, à medida que estabelecemos nossas metas, não houve "empurrões" ou "puxões" com relação ao tempo, portanto rapidamente entramos em um acordo com os líderes da Ubisoft e a data foi aceita.
GameBlast — Nós sabemos que, com exceção de AC Syndicate, os últimos títulos da franquia tiveram alguns problemas graves e sofreram críticas em muitos aspectos. Vocês receberam esse feedback de muitos jogadores e críticos, então gostaria de saber o que será feito para mudar um pouco do jogo para fazê-lo o melhor título da série.
Guerin — Estamos muito felizes como o jogo que temos. Tivemos um norte com algumas partes de sucesso de AC IV: Black Flag, que, aliás, foi um dos jogos desenvolvidos por nossa equipe principal. Nós queríamos modernizar essa franquia que já está há algum tempo no mercado, e criar uma experiência inédita para os fãs. Esperamos que todo o tremendo esforço de nossa parte seja suficiente para vocês.
GameBlast — Como se relaciona a história contada no novo título com as de títulos previamente lançados? Ela terá total impacto na linha do tempo, ou será mais orientada como um spin-off?
Guerin — AC Origins é um novo começo. Não é um reboot propriamente dito da série, tendo em vista que levamos em consideração todos os eventos que aconteceram em episódios anteriores, incluindo o filme. O diferencial é que queríamos contar uma história que falasse muito do passado, bem como o nome sugestivo do título, como foi a origem e toda a base para as histórias contadas desde o primeiro título da série. Esse era o tipo de história que tínhamos em mente.
GameBlast — Pensando em bons recursos presentes em outros jogos da Ubisoft, como a coruja em Far Cry Primal (Multi), houve algo que vocês quiseram emprestar de outras franquias e implementar em AC Origins? Eu vejo uma certa semelhança entre a coruja e a águia do protagonista Bayek...
Guerin — Bem, eu entendi o que quis dizer, e posso te dizer que foi uma coincidência [risos]. A águia, para nós, representa algo como o ancestral da visão de águia, presente na franquia desde o primeiro jogo. Já que quisemos nos posicionar tão no passado e falar da relação das origens com partes mais modernas, foi importante também ilustrar e trazer toda a questão da ancestralidade de muitos features apresentados ao longo da franquia.
GameBlast — Os jogos de AC geralmente são trazidos praticamente completos, sem muito a adicionar nas DLC, o que é bom para quem compra o jogo no lançamento. Há perspectivas para conteúdo adicional em AC Origins?
Guerin — Sim, com certeza. Já anunciamos, há alguns dias, o conteúdo do season pass [pago], que contará com duas expansões maiores e significativas. Nós levaremos os jogadores a novos horizontes e expandiremos ainda mais a jornada de Bayek, que continuará sendo o protagonista. É uma boa oportunidade para jogadores continuarem jogando, adquirindo mais armas, mais roupas e descobrindo novas maneiras de customizar seu personagem. Além disso, neste exato momento, estamos fazendo a divulgação de um novo conteúdo adicional gratuito que será distribuído para todos que adquirem uma cópia de AC Origins, a começar pelo Discovery Tour. É um recurso muito interessante — na verdade, um novo modo de jogo — que retira toda a parte narrativa e os conflitos, para que jogadores possam curtir o jogo livremente, como ele é. Há diversos "passeios" ensinando sobre costumes da cultura egípcia, como técnicas de mumificação. Esse tipo de modo de jogo é voltado para jogadores que estão interessados em aprender sobre fatos históricos, talvez também para professores poderem comunicar seu amor sobre o Egito antigo para os alunos. Também há quests diárias, que recompensarão com informação útil e o modo fotografia
— que permite registrar os melhores momentos históricos.
GameBlast — Como vocês escolhem o período histórico de cada título? Por que o Egito desta vez?
Guerin — Para ser sincero, nós queríamos visitar o Egito Antigo há muito tempo, e sabíamos que muitos fãs pediam por isso também. Nós queríamos retratar algo que fosse ainda mais antigo que os primeiros títulos da franquia, como o primeiro AC. Escolhemos Egito por ser muito antigo, mas também por ser um período muito crucial na história da humanidade. Há muitos eventos que poderiam ser e foram retratados no jogo, como a ascensão e queda do Império Egípcio, e poderemos ver isso pelos olhos de Bayek, além de eventos que culminaram na criação da Irmandade. É uma época fantástica para nós pois há também muitas figuras históricas, que puderam aparecer no jogo. AC funciona pois mistura nossa ficção com fatos históricos, e se torna algo que realmente faz sentido.
GameBlast — Recentemente, Final Fantasy XV (Multi) e AC fizeram uma parceira, como um crossover com DLCs para roupas para o RPG da Square-Enix. Podemos esperar conteúdos mistos assim no futuro com AC Origins?
Guerin — Teremos muito conteúdo adicional para nosso jogo. Sobre crossover com outras franquias...eu não sei [risos].
GameBlast —Ótima resposta [risos]. Essa é a graça dos videogames, esperar pela hora certa para nos surpreendermos.
Guerin — Exatamente [risos].
Registro fotográfico após aquele "papo cabeça" sobre AC Origins. |
E você, gostou da nossa entrevista e está ansioso por Assassin's Creed Origins? Não se preocupe, pois o lançamento mundial será em 27 de outubro. Ou seja, mais alguns dias, e poderemos testar esse título que está prometendo ser tão diferente e único.