O game de ação em plataforma ressuscita bons elementos do estilo clássico de Ghosts 'n Goblins, bem como elementos que lembram bastante os primeiros jogos da franquia Castlevania. Mas prepare-se, pois o game traz também um alto nível de dificuldade mesmo para aqueles mais acostumados com os jogos clássicos. Morrer acaba virando parte da rotina do jogo.
Um enredo simples, mas o suficiente
A história de Cursed Castilla se passa por volta do ano 1801, na Espanha. Lá, um antigo demônio usa seus poderes para desencadear o surgimento de diversas criaturas do submundo por todo o Reino de Castela. O Rei Afonso VI de León chama então o grupo de seus mais destemidos cavaleiros, Don Ramiro, Quesada, Don Diego e Medonza para resolver o problema. Nós, comandando Don Ramiro, temos que passar então por seis fases, que possuem quatro finais diferentes cada, enfrentando chefes ao final delas.O enredo é bem simples e nada chamativo, mas é o necessário para ambientar uma aventura medieval na medida certa. Além disso, como o jogo é uma homenagem aos clássicos arcade dos anos 1980, não seria preciso nada muito mais elaborado que isso, pois o foco não é a história em si, mas a jogabilidade.
Visual retrô muito agradável
Um fator que agrada desde o início da jogatina são os seus visuais. Com personagens, fundos e fases muito bem feitos e sempre apelando para o estilo gráfico dos fliperamas antigos, Cursed Castilla Ex fica muito fiel aos seus jogos inspiradores. Completando a experiência de forma muito gratificante estão as músicas e efeitos sonoros do título, todos igualmente monofônicos, mas muito bem desenvolvidos, servindo como um fundo que acrescenta mais prazer ao “revisitar” o título.
Revisitar é o termo pois a impressão que dá é que o jogo é um retorno de algum clássico para as plataformas de jogo atuais. Não é de surpreender se alguém confundir seu gameplay com um emulador ou então um remake, pois todo o ar que Cursed Castilla Ex traz é de ser um jogo que viajou no tempo, dos anos 1980 para cá. Mas claro, ele é um daqueles títulos que “envelheceu muito bem”.
O jogo é tão bem pensado em seus visuais que na versão de 3DS, por exemplo, você pode escolher se a tela do jogo ficará no formato de resolução da tela do 3DS ou se ficará no formato quadrado clássico, com bordas laterais que lembram bastante os fliperamas clássicos. Essas bordas, é importante ressaltar, melhoram ainda mais a sensação de profundidade que o 3D do portátil possui.
Os desafios de outrora nos comandos atuais
O nível de dificuldade do jogo pode incomodar jogadores pouco acostumados com a época, mas aqueles mais adéptos do old school vão se apaixonar. Com um único nível de dificuldade, o jogo segue a ideia de ser fácil de se aprender e dificílimo e se dominar, o que o torna levemente viciante. Morrer é algo tão comum no game que não é tão punitivo como em outros jogos. Aqui, mesmo com o game over, você só perde sua pontuação acumulada e os itens que seu personagem havia conquistado durante a fase.
Mesmo com essa naturalização da morte, ela ainda é frustrante, pois perder determinados itens pode ser bem custoso para a aventura, inclusive porque muitos você pegou em fases anteriores e assim vai precisar explorar o que vem à frente com a espada básica e nenhuma habilidade secundária.
É bom ressaltar também que todo este desafio é proporcionado por um excelente design de fases, que coloca as respostas rápidas e noções de espaço do jogador à prova. Em contrapartida, os comandos do jogo não seguem os padrões difíceis e não ergonômicos que muitos jogos antigos possuíam. Aqui você é livre para usar os direcionais ou o analógico (dependendo da plataforma ou do controle que você use), facilitando a adaptação aos comandos do jogo, que são bem básicos.
Experiência no tempo certo
Mesmo que muitos possam achar seis fases com quatro finais cada um conteúdo um tanto quanto curto, o nível de desafio que o jogo proporciona aumenta bastante o tempo que o jogador vai precisar passar em cada fase para conhecê-la por completo. Além disso, tentar superar todos os desafios sem ver a tela de game over, para assim acumular seus pontos até o final é um desafio à parte que precisará de uma maestria extra dos jogadores.
Talvez um placar global com as pontuações de cada um seria um recurso interessante, para fomentar ainda mais a aura dos fliperamas antigos, nos quais os jogadores tentavam sempre dominar as lojas com o maior recorde do local. Quem sabe um dia não é mesmo?
No geral, o jogo é excelente e cumpre com eficiência suas promessas. A versão de 3DS só possui o efeito 3D e a segunda tela como diferenças significativas às versões dos outros consoles. Entretanto, o 3D é dispensável, mesmo que seja bonitinho. Já a segunda tela é totalmente inútil, pois tenta representar a base de um fliperama com controles sensíveis ao toque, mas estes são minúsculos e nem um pouco funcionais.
Mesmo assim, seja no portátil, no PC ou nos consoles de mesa, Cursed Castilla Ex é uma experiência sensacional diretamente vinda de um túnel do tempo que fará qualquer um com mais de 25 anos sentir saudades dos arcade antigos. Além disso é uma ótima viagem para jogadores mais novos que queiram se aventurar em materiais “clássicos”.
Prós
- Gráficos retrô muito bonitos;
- Level design bem planejado aumenta o desafio;
- Trilha sonora ajuda no ar retrô do título;
- Nível de dificuldade alto pode agradar a um público restrito;
- Mortes não são excessivamente punitivas;
- Bordas da versão de 3DS ajudam na nostalgia;
- Poucas fases são compensadas com finais alternativos;
- Levemente viciante;
- Fácil de aprender, mas dificílimo de dominar.
Contras
- Versão de 3DS tem segunda tela inútil;
- Alta dificuldade pode desagradar alguns;
- Pouco número de fases pode incomodar.
Cursed Castilla Ex — PC, XBO, PS4, 3DS — Nota: 9.0
Versão utilizada para a análise: 3DS
Revisão: Vitor Tibério