Análise: Monolith (PC) é uma mistura inusitada de shoot ‘em up e dungeon crawler

Explore uma fábrica abandonada nesse título indie de jogabilidade ágil e alta dificuldade.

em 15/06/2017

Monolith é um título independente para PC que combina inúmeros conceitos: ele é, ao mesmo tempo, um dungeon crawler, um shoot ‘em up com toques de bullet hell e também um rogue-lite. Pode até parecer que é impossível montar um jogo coerente com gêneros tão diferentes, porém o resultado é uma experiência agradável e viciante, repleta de momentos intensos.

Explorando uma fábrica abandonada

Boatos dizem que um poder incrível está escondido em uma estranha fábrica abandonada. Naturalmente, vários indivíduos adentram tais ruínas em busca do possível tesouro, porém até hoje ninguém saiu de lá com vida. Controlamos uma nave que também decide explorar a construção, que está repleta de criaturas estranhas e hostis.

A ruína é dividida em várias salas e é necessário derrotar todos os inimigos de cada uma delas para prosseguir. O desenho dos mapas é gerado de forma procedural, o que faz com que cada partida tenha progressão distinta. Um chefe espera no final de cada andar, porém eles só podem ser enfrentados depois de derrotar todos os subchefes da região. Pelo caminho estão espalhadas armas e melhorias, que também mudam de acordo com a partida. Monolith tem muitas características de rogue-lites, ou seja, a morte é permanente e há alguma espécie de progressão entre as partidas. Na prática, há pouca coisa para desbloquear para as aventuras seguintes (novas variações de armas e bombas), o que faz com que seja uma experiência um pouco mais arcade.


Ação frenética e chuva de balas

Monolith é um jogo intenso por conta da ação rápida e da agilidade das mecânicas. Controlar a pequena nave pelos labirintos é bem simples por conta da configuração de duas alavancas (uma para se movimentar, outra para atirar). A jornada, porém, não é fácil: os inimigos são bem agressivos e sempre há muitos tiros na tela. Sendo assim, cada sala é uma luta frenética para conseguir derrotar os monstros, ao mesmo tempo em que tentamos desviar dos projéteis. O jogo conta com vários momentos de bullet hell, ou seja, grandes quantidades de tiros na tela, o que exige atenção redobrada para não ser atingido.

Uma característica que gostei bastante no jogo é a dificuldade. Monolith é bem difícil, como era de se esperar de um rogue-lite, mas é um desafio mais pautado na perícia do que na sorte. A maioria das vezes que morri foi por ser descuidado ou por falta de habilidade, foram poucos os momentos em que aconteceu uma situação ruim por acaso. Cada sala traz situações intensas e que demandam muito do jogador, o que as deixam bem divertidas.


Para mim, o ponto alto são as batalhas contra os chefes: cada um desses monstros conta com padrões de ataques interessantes e é muito recompensador sair vitorioso da chuva de balas presentes nesses confrontos. Conforme fui jogando, minha habilidade melhorou e consegui chegar cada vez mais longe. O curioso é que os os subchefes são tão difíceis quanto os chefes e muitas vezes eles foram os responsáveis pela minha derrota.

Partidas variadas

A essência do jogo é a mesma em todas as partidas, porém pequenos detalhes fazem com que cada uma delas seja diferente. Monolith conta com sete tipos distintos de armas, cada qual com características únicas. Sete pode parecer um número pequeno, porém existem inúmeros modificadores que as tornam bem diferentes, o que traz sempre uma sensação de novidade. Em uma partida, por exemplo, consegui um laser triplo que atravessava paredes; em outra incursão minha arma favorita foi uma bola de fogo que congelava inimigos e explodia no impacto. Só me incomodei um pouco com a mira de certas armas, principalmente as de carregar, pois há algum problema com a calibração da alavanca analógica que faz com que os tiros sejam um pouco imprecisos.

A progressão dos estágios lembra um dungeon crawler por conta do mapa com várias salas, com direito a segredos, portas trancadas e lojas. Gostei bastante dessa divisão e sempre precisei balancear as minhas decisões: é melhor vasculhar tudo em busca de dinheiro e tesouros com o risco de perder vida, ou é melhor simplesmente ir direto para o chefe? A variedade de salas é grande, porém achei elas muito parecidas entre si — pequenas arenas com obstáculos aqui e ali. Também senti falta de maior distinção temática entre os andares, todos eles apresentam desafios parecidos. A combinação desses fatores pode deixar a experiência um pouco repetitiva com o passar do tempo.


Monolith tem várias mecânicas modernas, porém a atmosfera geral é bem retrô. Isso se dá principalmente por conta do visual em pixel art que remete a jogos de NES, lembrando bastante outros títulos indie, como Downwell (Multi). O áudio complementa a pegada clássica com composições animadas no estilo chiptune — alguns temas, como os dos chefes, são bem memoráveis. O mais curioso é que a direção de arte conta com umas coisas malucas, o que sugere um mundo bem bizarro. Os inimigos, por exemplo, são bem variados, como fantasmas, demônios, autômatos mecânicos e peixes assassinos. Enquanto isso, a nave protagonista aparece tomando café na tela de pausa — estranho, sem sombra de dúvidas.

Aventura viciante

Monolith é um daqueles jogos que gosto de revisitar frequentemente e que sempre me diverte. Explorar as ruínas cheias de perigos é instigante por conta das mecânicas simples, da ação intensa, do alto desafio e das variações entre as partidas. Só senti falta de mais situações, depois de jogar algumas vezes aparece uma sensação de repetição. No fim das contas, Monolith é uma ótima mistura de gêneros e um shoot ‘em up memorável.

Prós

  • Mecânicas simples e recompensadoras;
  • Boa combinação de dungeon crawler, rogue-lite e shoot ‘em up;
  • Visual e música agradáveis.

Contras

  • Variedade de situações reduzida pode deixar as partidas repetitivas;
  • Pequenos problemas com a mira no controle.
Monolith — PC — Nota: 9.0

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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