Black Desert (PC) dá os primeiros passos para a reinvenção da imersão nos RPGs online

Finalmente o MMO coreano anunciado em 2014 chega ao Brasil pela RedFox Games. Confira agora tudo que foi visto no Closed Beta.

em 08/06/2017
A RedFox Games é a empresa responsável por trazer para o Brasil servidores de games online como RF Online (PC), Rumble Fighter (PC) e Karos Returns (PC). Há algum tempo a empresa conseguiu os direitos para distribuir o MMO coreano Black Desert (PC), o qual foi lançado em terras orientais em 2014. A empresa abriu do dia 01/06 ao dia 07/06 o primeiro acesso ao Beta do novo servidor sul-americano, disponível para aqueles que adquiriram algum pacote de pré-venda do jogo ou então ganhou uma das chaves por sorteio.


O contato que tivemos com o game, mesmo que por um curto período, serviu para entendermos como funciona a imersão do jogo, um de seus pontos mais relevantes. Com gráficos de última geração, um sistema de combate sem igual e uma variedade incrível de elementos e mecânicas a serem explorados dentro do jogo, Black Desert tem potencial para ser um RPG online de primeira e conquistar o Brasil por diversos motivos. Vamos ver cada um deles aqui.


Criando o seu personagem

Ao começar o jogo, um dos pontos que já chama atenção é o processo de criação do seu personagem. Com uma infinidade de opções, Black Desert permite uma edição sem comparações, permitindo que o jogador modifique desde o formato da pupila até qual nível de ondulação que o cabelo dele terá. A título de exemplo, apenas para o cabelo, temos: a escolha do penteado (com mais de 20 opções de base para cada classe), três áreas distintas para coloração (raiz, pontas e meio), três áreas distintas para escolher o tamanho dele, uma barra para escolher o seu nível de ondulação e mais alguns detalhes extras. E isso, vale lembrar, são as opções de edição somente do cabelo.

Além do cabelo, podemos editar os olhos, boca, nariz, orelhas, maçãs do rosto, maquiagem, cicatrizes, pelos faciais, altura do personagem, nível de tonificação dos músculos, nível de gordura, escolher individualmente o tamanho de membros, a largura deles e outros detalhes. Podemos também escolher o nível de oleosidade da pele, a voz, as expressões faciais que o personagem fará em momentos distintos de jogo, o signo e a personalidade dele.



Como se não bastasse, ainda temos cinco tipos diferente de iluminação para conferirmos como o personagem vai ficar, vários modelos de roupas e armaduras para conferir também. Podemos salvar o modelo do personagem no computador, tirar fotos dele independentemente de concluirmos o personagem ou não e até escolher detalhadamente a posição que ele ficará na tela de escolha.

No Closed Beta, não foram todas as classes que ficaram disponíveis para jogo. Inicialmente foram mostradas somente o Guerreiro, Caçadora, Berserker, Feiticeira, Mago e Bruxa. Nos últimos dias a classe Domadora também foi disponibilizada para testes. Mas, como o servidor coreano já possui mais de dois anos de existência, é de conhecimento geral que outras classes já estão disponíveis, como a Valkíria e o Striker.

Ambientação à la “The Witcher 3”

Após a criação do personagem, chega a hora de entrar de cabeça neste novo mundo a ser desbravado. De cara o que chama a atenção é a ambientação detalhada em relação aos jogos de última geração. Impossível não lembrar de The Witcher 3: Wild Hunt (Multi) quando começamos a caminhar pelo vilarejo no qual acordamos e começamos a entender os comandos básicos de movimentação e interação do game.

A vegetação é deslumbrante, até mesmo nas configurações de vídeo mais leves. As cidades, por sua vez, são repletas de NPCs que não ficam simplesmente parados como estátuas esperando para que você converse com eles. Eles interagem entre si, caminham e realmente fazem coisas. Ao entrar em cidades maiores, vemos tanto movimento que chega a ser difícil distinguir de primeira os jogadores dos NPCs.


 Além disso, o mundo aberto do jogo aparenta ser enorme. Um continente inteiro com basicamente três grandes regiões pode parecer pouco para um RPG online para multidões, mas a escala de tamanho e distância é tão próxima do real que explorar os lugares se torna uma aventura a parte totalmente divertida e compensatória. Teletransportes, vale ressaltar, não existem no mundo de Black Desert, fazendo com que Cavalos, Burros e Carroças sejam muito úteis. Assim como também todo um sistema de transporte de mercadorias para comércio.

No menu de mapas do jogo, podemos acessar em 3D as localidades que já conhecemos, desbravando aos poucos novos locais com o decorrer da nossa própria exploração. Nele também acessamos os territórios de determinadas criaturas e podemos ver o clima das regiões, onde está chovendo ou com nevoeiro, por exemplo. Essas mudanças climáticas, vale lembrar também, alteram a visibilidade tanto do jogador quanto dos inimigos, assim como também a sua movimentação no mapa.


Possuídos por uma energia negra

Outro ponto interessante do game é que ele possui um “modo história” que guia a linha de missões principal ao longo da evolução de cada personagem. No enredo da história, seu personagem acorda tonto em um vilarejo e começa a se recuperar. Ele perdeu completamente a memória e está “possuído” por uma energia negra que guia seus passos, induzindo-o a fazer determinadas escolhas que, aparentemente, não são tão dignas assim.
 
Com o desenrolar das missões é visto um crescimento dessa energia, que passa a ter uma forma física cada vez mais macabra. Esse espírito negro, além de guiar sua história principal e dar o tom de mistério ao enredo do jogo, também tem algumas outras funcionalidades como o encantamento de armas, confecção de alguns itens mágicos e outras coisas. 


Vale lembrar que o jogo não é focado somente nessas missões do modo história. Além delas, Black Desert também possui missões “secundárias” que garantem o prestígio do seu personagem em diversas cidades do game. Além disso, outras missões com o conceito de Conhecimento existem, mas dessas falaremos mais a frente. Tudo isso não garante um ganho necessariamente alto de pontos de experiência. O que deixa o jogador livre para crescer apenas matando monstros, caso queira. Entretanto, ele perderá diversas informações e bonificações que essas missões proporcionam caso faça isso.
 
Com isso, o jogo foca bastante em abrir o leque de opções do que o jogador precisará fazer. Missões da história, missões secundárias, missões de conhecimento, matar monstros, montar comércios, cultivar itens de mantimento como trigo ou pescas, melhorar suas montarias, melhorar seus equipamentos e adquirir conhecimento sobre o mundo. Tudo isso deixa a aventura muito mais variada e imersiva se comparada a outros jogos do gênero lançados nos últimos anos.


O conceito de Conhecimento

Um mecanismo original do game que agrada muito ao ser explorado é o de Conhecimento. Em Black Desert, determinadas informações cruciais sobre criaturas, cidades, missões e NPCs não estão disponíveis para todo e qualquer jogador. Para saber tudo sobre o mundo no qual o jogador está, seu personagem precisa adquirir conhecimentos sobre esse mundo. 


 Funciona basicamente da seguinte forma: se o jogador se depara com um tipo de criatura no mapa que nunca viu antes, ele não saberá o nível da criatura e nem quantos pontos de vida ela possui. Ao enfrentar essa mesma criatura algumas vezes, na lógica do jogo, o personagem conhecerá mais sobre seus hábitos e comportamentos, liberando assim pontos de conhecimento sobre aquela criatura e, consequentemente, a região na qual ela vive. Dando a ele acesso a dados como, por exemplo, os pontos de vida dela.
 
Desse mesmo modo, o jogador também precisa conversar com NPCs para melhorar sua relação com eles, criando literalmente uma rede de contatos que libera mais itens para serem comprados nas lojas, bem como mais missões se tornam disponíveis dependendo do nível de conhecimento que você possui sobre aquele lugar, aquele NPC ou do nível de amizade que você possui com ele. Com isso, as missões se tornam muito mais orgânicas, numa rede de interações que, novamente, remete a RPGs single player

Sistema de Combate de primeira!

Falando em experiência de jogabilidade single player, outro ponto muito relevante de Black Desert que pôde ser experimentado com muito gosto no Closed Beta foi o seu incrível sistema de batalhas. Um dos pontos mais comuns de críticas em RPGs online são o sistema de combate pobre, muito parado ou então focado em ataques automáticos, impossíveis de se desviar, entre outras coisas. Em Black Desert as coisas funcionam de um modo um pouco diferente desse padrão.
 
De começo, o sistema de atalhos para habilidades de luta funciona de um modo totalmente diferente. Ao invés de simplesmente deixar golpes nos atalhos numéricos do teclado, o jogador monta combos como em jogos de luta, utilizando combinações das mais variadas para desferir golpes combinados e muito poderosos. As Teclas Q, E, R, F, Shift, C, W e S podem ser combinadas com os botões direito e esquerdo do mouse para darem golpes muito diversificados que, em sequências que variam de jogador para jogador, podem ser a diferença entre a vitória ou a derrota numa luta.


 Desviar de ataques é muito mais prático também, pois, ao apertar duas vezes um dos botões de movimento, o personagem faz um rolamento de esquiva que ajuda a fugir do alcance de diversos golpes, principalmente aqueles de corpo a corpo. Esse sistema, para funcionar, precisaria de um servidor muito estável que permitisse que os movimentos de personagem e adversário sejam os mais fluidos possíveis, e a RedFox tem feito isso muito bem.
 
Mesmo com o problema do atraso de mais de quatro horas para a abertura do servidor por conta de uma quantidade massiva de jogadores que tentavam se conectar ao mesmo tempo, a empresa conseguiu estabilizar tudo e nenhum lag que prejudicasse o sistema de combates foi percebido durante o Closed Beta. Vale comentar que testei o jogo em três redes distintas de internet, uma de 20 Mb/s, uma de 10 Mb/s e uma de 2 Mb/s. Em todas os combates foram igualmente fluidos e fáceis de administrar.

 
Com essa gama de controles incrível e uma árvores de habilidades imensa para cada classe de personagens, o jogo preza pela individualidade dos seus jogadores. Pois será praticamente impossível que dois jogadores de modo espontâneo tenham a mesma aparência e também as mesmas árvores de habilidades de luta. Mesmo com tudo isso, o uso que cada jogador faz dessas habilidades também é bastante individual. O PVP, por exemplo, é muito mais desafiante e baseado nas habilidades de cada jogador, não simplesmente nos pontos de atributos dos seus personagens. 

Uma variedade incrível de coisas para fazer

Além de tudo que foi mostrado, Black Desert ainda possui uma gama incrível de opções do que podemos fazer em jogo. Como já foi citado, os vários tipos de missões permitem uma exploração muito mais ampla do jogo. Entretanto alguns sistemas próprios a serem explorados individualmente também vão comer boas horas de cada jogador para dominar tudo que o game disponibiliza para seus jogadores.
 
Num mecanismo que lembra o antigo Tibia (PC), jogadores podem comprar casas em cidades e utilizá-las como armazéns, locais de descanso ou até como lojas. Além disso, nada como brincar de “The Sims” mobiliando a residência e deixando-a com uma cara mais sua. Porém aqui começa um pouco o uso de Pérolas (moeda paga com dinheiro real inserida dentro do game). 



O sistema pago das pérolas, como em todo jogo do gênero, desbalanceia um pouco a relação entre pagantes e não pagantes, mas nada que prejudique muito a experiência do game para quem apenas comprou o título e não pretende fazer microtransações dentro dele.
 
As montarias recebem uma atenção tão importante como as residências: têm uma própria árvore de habilidades, capacidade de carregar itens, fazer câmbio e comércio, assim como também é possível equipá-las de várias formas. O detalhamento desses sistemas agrada bastante e mostra como o jogo tem potencial para ser explorado por muito mais que uma centena de horas. E isso, é claro, com um único personagem.

Com ou sem montaria, jogadores podem marcar um ponto no mapa e deixar o personagem seguindo automaticamente.

A reinvenção dos MMORPG

Black Desert pode não ser perfeito, mas chega muito mais perto do que tudo que já vimos no gênero, principalmente com servidores sul-americanos. Mesmo com uma poluição visual desnecessária às vezes, o jogo possui um visual incrível que irá puxar um pouco o nível de processamento dos PCs, mas nada que alguém que acompanhe os jogos dos últimos anos já não consiga jogar. Além disso, toda essa experiência é coberta por uma trilha sonora e efeitos muito bons que aumentam ainda mais a imersão.
 
A RedFox aparentemente está trabalhando duro para proporcionar um servidor estável e gratificante para os brasileiros, mesmo que sua central ainda esteja nos EUA. Todos os bugs e erros encontrados durante o Closed e informados à empresa são corrigidos o quanto antes, e, mesmo com alguns grupos tóxicos na comunidade gamer que se debruça sobre o título, a empresa busca de diversas maneiras agradar os consumidores e isso realmente é importante em um jogo online do tipo de Black Desert.



Resta esperar a data do lançamento do Open Beta do game para que o servidor funcione a todo vapor e tenhamos acesso a tudo que Black Desert tem para oferecer. Vejo vocês por lá! 
 
Revisão: Luigi Santana

Gilson Peres é Psicólogo e Mestre em Comunicação pela UFJF. Está no Blast desde 2014 e começou sua vida gamer bem cedo no NES. Atualmente divide seu tempo entre games de sobrevivência e a realidade virtual.
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