O fim do Steam Greenlight, plataforma do Steam em que usuários escolhem parte de novos jogos a serem lançados na loja, é uma notícia não tão nova; mas que vem sendo menos discutida do que eu gostaria em meios que não focam unicamente no desenvolvimento independente. Essa notícia vem recebendo reações mistas, principalmente considerando que a alternativa apresentada, nomeada Steam Direct, propõe-se como mais cara e inacessível aos desenvolvedores. Apesar de parecer uma péssima notícia em primeiro momento, após se tomar conhecimento do que acontece no Steam Greenlight, é difícil não ver seu fim como um mal necessário.
Não só a ideia, mas como o sentimento de necessidade de escrever esse texto veio inicialmente ao ler essa notícia. Resumindo para quem não quiser ler tudo ou sequer clicar no link, um desenvolvedor brasileiro independente de jogos insultou por meio de seu perfil no Steam um jogador que teria feito uma análise negativa de seu jogo. Em posteriores esclarecimentos, o desenvolvedor em questão disse que havia sido vítima de uma invasão de perfil por parte de sua ex-mulher, que seria a responsável pelos insultos. Curioso como sou, decidi dar uma olhada um pouco mais a fundo na página do jogo para entender melhor tudo o que estava acontecendo, e então que entrei um pouco mais fundo no “lado negro” de alguns jogos do Steam Greenlight.
"Que deselegante" |
Favor não dizer que eu dei nota 10 |
O primeiro responsável por tudo isso é óbvio: os desenvolvedores. Eu gosto de acreditar que isso não se aplica a profissionais sérios do ramo; mas claramente as pessoas que fazem essa submissões tem algum tipo de ambição; talvez a de conseguir ter um sucesso inicial para “deslanchar”; mas é difícil acreditar que muitos desses não ajam de má fé, principalmente notando a falta de qualquer apreço envolvido em suas próprias criações. No entanto, minha primeira reação; não só a ler a notícia que me levou a escrever esse texto, como ao ver a página do jogo e ao pesquisar mais a fundo o que acontece no Steam Greenlight foi me perguntar como o próprio Steam pode deixar isso acontecer.
Não há moderação no serviço do Greenlight e isso é terrível. Qualquer pessoa pode submeter qualquer coisa, desde que se inscreva e pague a taxa necessária, que seria a esperança de poder afastar os “trolls” do serviço e que claramente não funcionou. O Steam é facilmente o mais popular dos serviços de compra de jogos para computador e é muito desanimador ver sua falta de preocupação com um serviço que é diretamente responsável pelo que vai estar em sua loja. Como já tinha dito, não é uma questão de ter jogos para todos os gostos, mas de ter em sua própria loja práticas que entram em claros problemas legais e que prejudicam a confiabilidade não só da loja, mas da plataforma e da mídia como um todo.
Padrão de qualidade |
Lembra quando diziam que Bad Rats era a pior coisa no Steam? Bons tempos... |
Eu sou um grande entusiasta dos jogos independentes. Acredito que jogos de grande orçamento muitas vezes não podem se dar ao luxo de correr os riscos que esses jogos se propõem e que cada vez mais, esses títulos fazem parte daquele pequeno “hall” de jogos que empurram a mídia para um novo nível, e é completamente entristecedor para mim ver a distribuição desses jogos ser dificultada pela falta de seriedade e comprometimento dos seus próprios desenvolvedores, distribuidores e principalmente do próprio jogador. Para um público que insiste tanto que os jogos deveriam ser levados mais a sério, está na hora de perceber que muitas vezes nós que não os tratamos com o respeito merecido.
Revisão: Ana Krishna Peixoto