Lightspeed Frontier (PC) sonha alto, mas ainda não decolou

O game apresenta boas ideias, mas será que vale a pena adquiri-lo agora?

em 17/03/2017

Explorar mapas gigantescos, batalhar contra inimigos e coletar materiais para construir coisas são características que compõem basicamente qualquer game sandbox. Em desenvolvimento pela Crowdwork Studios, Lightspeed Frontier apresenta o mesmo esquema: o indie segue uma temática espacial e seu principal objetivo é desbravar o infindável universo com uma nave feita de blocos. No entanto, aqui muitas dessas características essenciais não funcionam como deveriam.

Em uma galáxia muito, muito distante...

Sem qualquer tipo de introdução ou enredo, o game inicia diretamente com a costumeira pergunta: “Deseja fazer o tutorial?” Optar em pular aqui é definitivamente uma péssima escolha, pois mesmo sem muitos comandos (algo raro no gênero), cada um deles é de suma importância à gameplay. Ou seja, deixar de saber um único comando pode causar grandes dores de cabeça. Por outro lado, montar naves, minerar ou até mesmo o próprio sistema de exploração do game são coisas que o jogador é obrigado a gastar várias horas aprendendo na marra, já que o tutorial mal os ensina.

Começamos com uma nave relativamente grande, próximos a uma estação espacial onde podemos abastecer, comprar itens, pegar missões etc. Não há nada a fazer por ali logo de início, pois você já começa com tudo pronto para sair e se aventurar por aí. O início anima, mas não demora muito para a empolgação terminar...


Uma nave nem tão suave

No próprio tutorial já é possível notar alguns dos problemas que o título apresenta, começando pelo mais imediato: o controle da espaçonave, que, além de confuso e desajeitado, conta com uma câmera que acompanha cada movimento que o jogador realiza. Não faz muita diferença quando se está em uma área vazia (afinal, você está no espaço), mas é um baita sufoco toda vez que for fazer qualquer coisa em uma estação. Além de ser quase impossível sair de lá sem bater em nada, são necessárias manobras constantes para ficar arrumando a câmera e sua posição em relação ao local.

O sistema de construção e customização da nave também é outro elemento falho. Para realizar o processo, é necessário mudar o controle do jogo para um modo onde o cursor do mouse fica livre e a câmera pode ser ajustada sem precisar mover o veículo. Cada pedaço é destacável e pode ser movido e realocado, além de que há funções específicas que cada um realiza, como servir de tanque de gasolina, gerar energia extra, etc. Arrastar bloquinho por bloquinho já é uma tarefa chata, mas infinitamente pior quando você não tem a mínima ideia do que deve colocar e que função cada peça desempenha no funcionamento da nave, pois, além da descrição precária, o tutorial simplesmente não ensina nada, como citado anteriormente. Até entender exatamente como construir um veículo que funciona razoavelmente bem, tive que gastar várias horas em naves falhas e tentativas frustradas de tentar explorar sem ser pego por algum problema causado pela falta ou excesso de algum elemento...


Construir, viajar e... morrer

Praticamente toda a minha gameplay se resumiu a essas três palavras. Mesmo já começando com um veículo pronto para começar a aventura, não demora nada para ele ser destruído e você ter que montar outro. Primeiro, porque o jogo acabou de iniciar e, segundo, porque não interessa aonde vá: você sempre vai dar de cara com naves inimigas.

Resumidamente, você fica um bom tempo construindo e planejando um veículo que funcione, sai para explorar e reza para não aparecer um inimigo (ou uma enxurrada deles) que seja umas cinco vezes maior que você, pois, caso aconteça (e vai acontecer), o único meio de evitar a morte é saltar para uma galáxia próxima e voar até sua estação. Isso tudo também torcendo para que seu combustível dure todo o trajeto e que não apareça(m) outro(s) inimigo(s) mais forte(s) até lá. Mas, de qualquer modo, algo que não há como evitar é encontrá-los, pois, além de aparecerem praticamente o tempo inteiro, eles ainda podem te fazer uma “visita” enquanto estiver bem tranquilo abastecendo ou fazendo qualquer outra coisa na estação, ou seja, mesmo lá você está inseguro.

O que simplesmente acaba com a vontade de continuar jogando é o fato de que toda vez que você morre, o seu progresso vai para o ralo. Sua nave já era, seu dinheiro reseta para você construir (arrastar dezenas de bloquinhos) tudo do zero e qualquer missão que tenha pego desaparece. Sendo assim, você fica preso num ciclo de construir, explorar um pouco, ser atacado e morrer logo em seguida.

Bons elementos e ideias

Apesar de todos os defeitos, o jogo tem seus pontos positivos. O estilo gráfico, mesmo sendo um tanto simples, combina muito bem com o ambiente. Além disso, as quatro músicas (sim, quatro) que tocam durante a jogatina, são surpreendentemente boas. Pode parecer ruim por ter tão poucas, mas é um bom indício de que ainda teremos ótimas trilhas, caso adicionem mais.

Algo que também chamou a atenção foi o toque de humor contido nos textos. Quase todas as explicações, descrições e diálogos são escritos em um tom humorístico, como: “Parece que uma tropa inteira de inimigos e a mãe deles estão por aqui”. Mesmo com uma ou outra meio forçada, a maioria me fez rir.



Um longo caminho a trilhar

Antes de qualquer coisa, é mais que importante lembrar que Lightspeed Frontier é um título que se encontra em early access, ou seja, ainda está em desenvolvimento e longe da versão final. Tendo dito isso, acredito que, apesar de todos os problemas atuais, o game possui sim um bom potencial para melhorar. A meu ver, é um indie com um grande carisma, grandes objetivos e que apresenta boas propostas. Tudo o que ele precisa é de tempo e muito amadurecimento. Enquanto isso, vou ficar de olho nos updates e acompanhar de perto como o game se desenvolve, pois ainda tenho esperanças em curti-lo como um bom título sandbox no futuro.


Revisão: Bruno Alves

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
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