A primeira coisa que se nota ao se olhar para o jogo é o seu visual diferenciado, com os personagens e cenários sendo representados como miniaturas de tabuleiros. Sinceramente, não são muitos títulos que vão para esse caminho, e é uma opção artística que eu aprecio bastante, ainda mais quando o trabalho é bem feito, como é o caso aqui. Há algo de “confortável” ao ver orcs e dragões se digladiando em cima da mesa da sala, com alguns livros ao fundo.
Might & Magic Showdown é um RPG de estratégia em tempo real. Em um grupo de até quatro guerreiros, o jogador sempre tem o controle de um personagem principal, chamados de Heróis, enquanto os outros NPCs aliados, chamados de Criaturas, são comandados por ações pré-programadas. Eu, particularmente, achei semelhante ao sistema de gambits de Final Fantasy XII, com a diferença que você já tem todos os comandos logo de cara, e não pode alternar entre os membros do seu grupo.
A campanha principal do single player conta com 30 missões, divididas em Básico, Avançado e Expert. Nos dois primeiros estágios, o jogo te mostra as mecânicas, como uso de suportes e tanques, sinergia, táticas básicas, entre outras. Não chega a ser um grande desafio, mas é bem bacana ficar brincando com as possibilidades, uma vez que você percebe que passar de fase é fácil. Já no Expert, seus conhecimentos são colocados à prova, mas exceto pela última missão (que é um inferno na Terra), nenhuma dá muito trabalho. Terminando o Expert, são liberadas mais 30 missões, os Proving Grounds.
Essa é a tela onde você dá as instruções para suas criaturas. Na minhas experiencias, foi normal ter que mudar essas configurações, de acordo com as condições da luta ou composição do time. |
Sinceramente, no começo eu não me senti muito atraído pelas batalhas. Mas, à medida que fui evoluindo, conseguindo novos personagens e diversificando minhas táticas, o jogo foi me conquistando. Para cada tipo de personagem (dano corpo a corpo, dano a distância, suporte e tanque), existem distintas opções como, por exemplo, magos de dano direto ou invocadores de criaturas, suportes de cura ou de utilidade. Nessa fase de beta existem 20 personagens: sete Heróis e 13 Criaturas.
No geral, minha maior crítica para o modo de combate fica na interface do jogo que achei bem simplória. Os buff e debuff aplicados em cada personagem são ícones bem pequenos, e não há nenhuma indicação visual extra do status dos seus aliados, bem como se algum deles estiver recebendo muito dano e/ou estiver próximo de morrer.
Momentos antes do quebra-pau. |
Como eu disse no começo do texto, os personagens são retratados como miniaturas de jogos de tabuleiro, bonequinhos mesmo. E todos eles podem ser personalizados através da ferramenta de pintura, que dá muita liberdade e, ao mesmo tempo, pode ser usada facilmente, mesmo que você seja um péssimo desenhista ou ilustrador.
Cada boneco tem diversas camadas, e cada uma delas três níveis de tinta: normal, sombreado e iluminado (tradução livre). Usando essa três combinações, é possível chegar a efeitos bem interessantes. Para os mais habilidosos, também há um modo “pincel”, onde se pode pintar livremente sem a restrição das camadas.
Outro detalhe muito interessante são os tipos de tinta. Além das cores padrão, existem tonalidades que dão características de couro, plástico e metal às pecinhas e devo admitir que o efeito final impressiona de uma maneira muito positiva. Admito que meu maior estímulo em comprar novos bonecos era poder pintá-los ao invés de usá-los em alguma tática avançada de luta ou algo assim. Dica importante: até o momento, só existe um slot por personagem para se salvar a pintura personalizada, conteúdo é possível comprar mais de uma cópia de um boneco do mesmo tipo caso você tenha várias ideias para o mesmo personagem.
Um porém que pode frustrar alguns no começo é que nem todas as cores são disponibilizadas logo de cara. Muitas delas são desbloqueadas ao se subir de nível com os heróis, concluir missões, comprar bonecos, ou atingir alguma conquista.
Might & Magic Showdown passa longe de ter o melhor sistema de luta ou ser uma revolução do RPG. É um jogo muito simpático e que diverte em pequenas e boas doses, pelo conteúdo mostrado até agora. Além do modo PvE, ainda existe o PvP que, pelo menos na minha experiência, foi uma verdadeira roleta russa: em duas partidas eu fui atropelado e na terceira, eu que atropelei o oponente.
O jogo ainda está em acesso antecipado e melhorias estão sendo adicionadas constantemente, então, tais problemas são perfeitamente compreensíveis. Da mesma forma, os desenvolvedores também planejam adicionar mais conteúdos Single Player conforme as respostas que recebem da comunidade e incrementar os modos de duelo entre jogadores, com mais modos.
Ainda que com seus altos e baixos, a grande cereja do bolo fica para o modo de pintura, este sim, fantástico, tanto em sua concepção como em sua execução. Ficar brincando de colorir é muito divertido e dar seu toque de originalidade para anões, anjos e golens é incrível. Mesmo sem muita habilidade, é possível criar figuras muito bonitas, com os mais diversos efeitos, seja um druida multicolorido, ou um guerreiro orc como uma pecinha de ferro com uns leves sinais de ferrugem.
De acordo com a página do Steam, a previsão de duração da fase de acesso antecipado é de dois meses, o que deve terminar pela segunda metade de Março, caso tudo corra como o planejado. Might & Magic Showdown é exclusivo para PCs.
Revisão: Jaime Ninice