O título nos coloca em um mundo no qual a humanidade precisa viver em estações, cidades improvisadas e submarinos, já que estão todos presos debaixo de grossas camadas de gelo. Mas, mesmo no momento da queda da civilização, conta a lenda que uma deusa benevolente escondeu um segredo em algum ponto muito profundo do oceano, gerando aí uma esperança e um objetivo para vários aventureiros.
Começamos com um submarino que só consegue ir até 200 pés de profundidade, e claramente o objetivo final estará muito abaixo disso. Logo, o objetivo central do jogo é ir buscando melhorias (ou mesmo novos submarinos) para poder ir cada vez mais fundo. Isso gera uma progressão interessante, que consegue gerar uma boa dose de tensão e ansiedade, mas que também sofre a pressão de alguns problemas nos sistemas do jogo.
É necessário administrar pessoal e recursos, dentre os quais os mais importantes são a comida, as partes usadas para os torpedos, e o oxigênio. Os dois primeiros podem ser coletados nos diferentes locais que visitamos, e também comprados em algumas lojas. Já o último funciona de forma um pouco distinta. Os recipientes de oxigênio funcionam como itens-chave não consumíveis, porém o oxigênio vai sendo usado e apenas pode ser reposto quando o submarino se conecta à alguma construção. No começo da campanha é bem difícil sofrer com isso, já que os locais para realizar paradas são mais abundantes. Mais para frente a coisa muda um pouco de figura.
Claro que do ponto de vista do mundo e do enredo, faz sentido que conforme vamos mais fundo no oceano, menos construções e veículos naufragados sejam encontrados. O problema é que o jogo salva apenas em alguns checkpoints, e mesmo realizando atividades centrais de uma missão, ou mesmo uma incursão que gerou loot ou novos tripulantes, é possível perder um bom tempo. O positivo disso é que o jogo é sobre explorar e se aventurar cada vez mais, e não é uma viagem que seria exatamente difícil. O problema é que em alguns momentos o sistema ultrapassa esse espectro de desafio e tensão, e começa a frustrar.
Felizmente a sensação de desbravamento e descoberta é muito compensadora durante boa parte da experiência. Encontrar construções retorcidas e destruídas da civilização antiga, seguir por um caminho tendo apenas como referência minas ou uma corrente marítima, até mesmo ver de longe uma construção e ir lá, são atividades que funcionam bem aqui.
Quando entramos em contato com uma construção, ou mesmo no menu de nossa embarcação, o jogo entra em um modo 2D. O aspecto visual agrada, e é bastante funcional para as atividades que precisam ser realizadas, como conversar com NPCs, interagir com baús, cofres e outros repositórios de loot e realizar trocas. Aliás, é interessante ver como as variações de preço dos itens de um lugar estão intimamente ligados com a situação. Se há falta de um produto (como comida) você pode vender por um preço mais caro. É um sistema interessante em jogos de viagem, pois dá a chance de usar flutuações de preço para conseguir ter acesso a mais equipamentos e recursos.
Os locais que visitamos têm, geralmente, alguma situação acontecendo, além de um background histórico, seja por estarem em um lugar que ocorreu essa ou aquela batalha, ou algum acontecimento. As pequenas narrativas que emergem desses lugares, e dos personagens que conhecemos ou recrutamos, são interessantes e dialogam constantemente com o mundo de Diluvion, sendo um incentivo a mais para continuar a jornada.
E existem ótimos momentos durante a aventura, principalmente quando a exploração e os combates acontecem em bom ritmo. O sistema de combate é relativamente simples e intuitivo, e geralmente os confrontos acontecem de forma satisfatória. Só tive problemas no começo, quando estava usando teclado e mouse para jogar, já que nessa configuração é muito difícil conseguir controlar o submarino e conseguir combater. Aliás, só movimentar o submarino já é bem complicado, já que é necessário controlar direção e profundidade.
A situação fica muito melhor jogando em um controle, e aí, pelos dois analógicos, a coisa flui muito melhor. É certeiro dizer que o título, mesmo sendo exclusivo para PCs, precisa ser jogado com um gamepad. Nos trechos nas cidades e construções, entretanto, é melhor usar o mouse, e isso é permitido.
Diluvion é um título que cumpre muito bem o que é o seu central, mesmo com deslizes. O enredo e as pequenas histórias dos personagens cumprem um papel interessante, assim como os trechos de combate. A administração de recursos é bem usada para gerar a tensão nas viagens e propor uma preocupação no equilíbrio entre tripulação e comida disponível, já que quanto mais tripulantes você tiver mais bônus terá nos diferentes setores da navegação. No geral, é interessante se aventurar e ir desbravando aos poucos esse oceano profundo e seus segredos.
Prós
- Senso de exploração e aventura impulsionados por sistemas e mecânicas;
- Interessantes histórias e localidades;
- Combate é competente;
- O aspecto visual agrada, tanto durante a exploração (3D) quanto nas construções (2D).
Contras
- O título por vezes ultrapassa o campo do desafio, e cai na frustração pela perda de horas de campanha;
- É impossível (ou pelo menos bem mais difícil) jogar sem um controle.
Diluvion — PC — Nota: 7.0