Sabe quando encontramos obras que não são facilmente explicadas por palavras, mas que, ao termos contato direto com elas, entendemos rapidamente o que elas significam? Essa é uma boa definição para falar de Small Radios Big Televisions, jogo do pequeno estúdio canadense Fire Face e publicado pelo Adult Swin, para PC e PlayStation 4.
Inicialmente, vale dizer que SRBT é um jogo bem curto, que dura algo em torno de duas horas. Sua progressão se dá através da exploração do cenário, que sempre são salas vistas lateralmente e de pequenos puzzles que, de maneira geral, são bem tranquilos e simples. Definitivamente o foco do título não é trazer quebra-cabeças complicados.
O diferencial em Small Radios está no seu visual e no mundo peculiar que ele nos apresenta. Você começa em uma fábrica vazia, apenas xeretando coisas, abrindo portas e passando pelas salas. Sua única dica da história que se passou ali está em fitas cassetes. Contudo, elas não trazem gravações de áudio, mas sim, pequenos mundos de realidades virtuais, que podem ser acessados através do TD-525, um aparelho que serve como um óculos/conversor.
Esse é o aparelho que toca suas fitas
É estranho pensar nesse conceito que mistura realidade virtual, algo tão moderno, com as arcaicas fitinhas, tão populares até metade dos anos 90. Cada fita traz um ambiente específico: praia, campo, montanhas, etc. Cenários naturais e via de regra, os quais são associados a pensamentos positivos. Dentro desses mundos, geralmente podemos encontrar itens que nos permitem progredir com a campanha. Contudo, não é possível explorá-los, pois a câmera é fixa em um ponto, permitindo apenas que se olhe ao redor.
Esses cenários contrastam bastante do ambiente padrão do jogo, fábricas e depósitos aparentemente abandonados. O próprio estilo visual desses ambientes difere bastante do “mundo real”. Durante a transição de fases, pequenos diálogos nos dão o pano de fundo do que aconteceu ali naqueles lugares e porque essas fitas existem. Por ser um jogo curto e não ter uma trama complexa, vou me abster de falar qualquer coisa sobre ela.
SRBT não traz puzzles complicados, mas não é essa a proposta do game
Voltando para o assunto das fitas, nem todas as fitas vão te ajudar a progredir na campanha em um primeiro momento. Existem, ao longo do jogos, desmagnetizadores que, ao serem usados, distorcem o conteúdo das fitas, mostrando outra perspectiva da realidade, normalmente bem psicodélica. De toda forma, acessando essas realidades alternativas, podemos encontrar itens que não estavam presentes na gravação original. É interessante observar que, em cada estágio do jogo existem mais de um desmagnetizador, e cada um deles tem efeito diferente sobre as fitas que estão com você.
Em relação aos controles, tudo é controlado através do mouse. E aqui faço minha única reclamação do título: girar algumas peças ou controlar a câmera em alguns momentos é muito ruim. A sensibilidade do cursor é muito alta, e várias vezes fiquei rodando mais do que deveria. Uma opção para regular isso seria muito bem vinda.
Cada base dessa é uma fase. Repare nas portas, que são as entradas e saídas do local.
Small Radios Big Televisions não é, nem de longe, um jogo revolucionário. Não há mecânicas incríveis, tão pouco uma trama memorável. Porém, o pouco tempo que passei nele, foram momentos bem agradáveis. Ele tem um charme próprio que acabou fisgando minha curiosidade. É um jogo despretensioso, que talvez te faça pensar um pouco sobre algumas coisas, ou então te faça dar uma pausa com a sua correria diária. Eu poderia argumentar que o título poderia ter mais fases, ou desafios mais difíceis, mas claramente essa não é a proposta. Definitivamente não é um jogo que vá agradar o grande público, mas se você procura por algo diferente, quase experimental, talvez valha dar uma conferida.
Prós
Direção de arte;
Gameplay fácil e simples;
Trilha Sonora.
Contras
Sensibilidade do cursor do mouse para controlar algumas peças.
Small Radios Big Televisions — PC/PS4 — Nota 8.0 Versão usada para análise: PC
Revisão: Ana Krishna Peixoto
Flávio A. Priori
Formado em Game Design, desistente da Matemática Aplicada e atualmente cursando Jornalismo. Ainda aguardo o retorno triufal da Sega, fã de Metal Gear, Dark Souls e várias coisas vindas lá do Japão.
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