Análise: DOOM (Multi) é rápido, brutal e gratificante

Contrariando expectativas, a nova versão do pai dos FPSs é impecável em técnica e mecânica.

em 14/11/2016

Em geral, eu sou um jogador bem eclético: já joguei centenas de jogos e sou adverso a pouquíssimos gêneros — ainda abrindo exceções para jogar alguns membros desses gêneros que me interessam. Jogos de tiro é uma das categorias que não jogo muito, porque sinto que, desde o final da década passada, a maioria deles tornaram-se repetitivos e simplesmente tentam imitar uns aos outros sem fim.

Portanto, foi um pouco surpreendente ouvir de dois amigos que eu deveria jogar o reboot de Doom (eu nunca joguei mais do que alguns minutos do original), pois trazia elementos de exploração dos quais sinto tanta falta no gênero. Para exemplificar, recentemente joguei todos os jogos principais da série Halo, e sempre achei um desperdício ter fases tão bem-trabalhadas mas com tão pouco conteúdo nelas além de hordas de inimigos para massacrar.



Doom, é claro, também tem sua parcela de hordas de inimigos. Afinal, o jogo é fundamentalmente sobre atirar em demônios, e a dificuldade progride com a presença de mais e maiores demônios e a exigência de um uso cada vez mais criativo do arsenal do jogador. O que diferencia Doom de seus contemporâneos é que as fases não são desenhadas apenas para guiar o jogador de uma arena de tiroteio para outra (apesar de que talvez seja possível jogar assim se o jogador desejar). Entre os momentos de ação intensa, há momentos solitários para explorar a fase e encontrar itens de vida, munição, novas armas e upgrades permanentes para a armadura ou as armas, com alguns inimigos esporádicos para apimentar.

Ao olhar o mapa de cada uma das treze fases de Doom, é imediatamente perceptível como o jogo foi influenciado por metroidvanias e jogos open-world. Em particular, foi com Metroid Prime (GCN) que a id Software aprendeu a construir mundos que unem ação e exploração em ambientes isolados e claustrofóbicos. Eu adoro fuçar em cantinhos, usando o level design ao meu favor, para encontrar qualquer segredo que os desenvolvedores tenham deixado lá, e isso se torna muito mais recompensador quando esses segredos me dão mais vida, pontos para melhorar minha armadura ou até desbloqueiam fases secretas.


Mas isso tudo não quer dizer que Doom é excelente apenas pelo seu elemento de exploração. O combate por si só o tornaria um dos meus FPSs favoritos. Rodando a 60 quadros por segundo com pouquíssimas quedas nos consoles, quaisquer sacrifícios visuais (que eu não percebi) mostram-se justificáveis quando o jogador está correndo, pulando e girando a mira em alta velocidade. As armas, incluindo a escopeta, o lança-mísseis, a arma de plasma, a motosserra e a BFG (Big F***ing Gun) são todas divertidas e eficazes em combate, permitindo uma variedade impossível de se ver em jogos que só permitem que o personagem carregue duas armas de cada vez. A única exceção fica por conta da pistola, que tem munição infinita e só é útil contra os inimigos mais fracos.

A maior de todas as mecânicas, no entanto, é a chamada Glory Kill. Quando um demônio está enfraquecido, ele começa a brilhar para indicar que, ao apertar o botão de combate corpo-a-corpo, nosso querido Doomguy irá arrancar sua cabeça ou parti-lo ao meio ou fazê-lo engolir seu próprio coração. Além das animações dignas de fatalities em Mortal Kombat, inimigos mortos assim sempre deixarão para trás itens para recuperar a vida. Ou seja, enquanto muitos shooters modernos incentivam o jogador a se esconder atrás de um muro para recuperar vida, Doom o incentiva a ser ainda mais agressivo e tentar matar inimigos no corpo-a-corpo. Claro, isso traz seus riscos e eu morri uma infinidade de vezes por querer me meter no meio de 17 demônios para matar um, mas quando dá certo é muito prazeroso.


Onde Doom não quis se concentrar, ele é bom o suficiente para se sustentar, mas nada excepcional. Sua narrativa é, previsivelmente, sobre um portal para o inferno em Marte, e, apesar de algumas loucuras bacanas, é apenas uma motivação para matar demônios. Só próximo ao final do jogo há alguns chefes e, com uma exceção, são um pouco decepcionantes. Mesmo assim, nada disso deve ser suficiente para fazer um jogador desistir da campanha, que não é curta para um FPS.

Uma palavra basta para resumir minha experiência com Doom: surpreendente. É um jogo que tinha de tudo para ser apenas um shooter genérico com violência excessiva, mas que, com combate incrivelmente polido e um excelente equilíbrio entre tiroteios e caças a tesouros, rapidamente se tornou um marco no seu gênero e um dos jogos obrigatórios de 2016. Ouvi dizer que o multiplayer não é muito bom, mas com uma campanha dessa qualidade, acho desnecessário se preocupar com isso.

Prós

  • Tecnicamente impecável;
  • Fases são feitas para exploração além de ação;
  • Combate incentiva agressividade do jogador;
  • Todas as armas, além da pistola, são divertidas e úteis.

Contras

  • Chefes um pouco anticlimáticos.
DOOM — PS4, XBO, PC — Nota: 9,5
Plataforma usada para análise: PS4
Revisão: Luigi Santana

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
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