A Fenix Fire Entertainment nos apresenta um conteúdo já brilhante no Early Access do Steam. Mesmo que o título tenha alguns problemas a serem considerados, a experiência imersiva de se explorar um planeta novo e desconhecido no melhor estilo “Perdido em Marte” que se possa conseguir, é incrível. Vamos agora falar um pouco sobre esse ótimo título que está chegando por aí.
Realismo e complexidade na dose certa
Um dos principais elementos a serem notados durante as primeiras horas jogando Osíris é seu realismo. Claro que os belos visuais do planeta e a jogabilidade fluida agradam no primeiro contato, mas é o realismo das mecânicas e das nossas opções de ação como astronauta que conferem ao jogo o lugar merecido no gênero Survivor.O jogo começa tradicionalmente como qualquer outro do seu gênero: caímos em um planeta e precisamos montar uma base para sobreviver, mas isso só será possível explorando o ambiente, coletando recursos e sobrevivendo às ameaças que aparecem e aumentam durante a noite. Uma mecânica que lembra bastante jogos sandbox como Minecraft (Multi), mas que vai um pouco além, trazendo mecânicas mais complexas e muito bem explicadas dentro do game.
Elementos chave dão o toque de realismo ao título. O acesso aos inventários não pausa o jogo, a visibilidade noturna é quase zero, nós temos fome e sede, aumentamos nossa temperatura ao correr e precisamos controlar nossas dosagens de oxigênio e gás carbônico. Além disso, ao construir bases, precisamos nos preocupar com a despressurização de ar para poder guardar objetos delicado dentro dela, fora paredes e a confecção de elementos mais específicos como plástico e cabos eletrônicos.
Tudo é muito interessante e faz a mente de quem está jogando realmente trabalhar rápido. Os elementos de sobrevivência possuem a combinação exata de realismo e complexidade que tornam o jogo muito mais imersivo. O jogador passará horas buscando minérios e gases certos, explorando o ambiente desconhecido e usando artifícios até rústicos para mapear o lugar, enquanto ainda não possui capacidade tecnológica para fazer isso de forma mais especializada.
Um planeta feito para lhe matar
Combinado com mecânicas tão interessantes de crafting e building, Osíris: New Dawn ainda conta com uma AI selvagem muito interessante. Na lua na qual o jogo se passa, a impressão que temos é que tudo é feito para nos matar. Cada elemento de fauna e flora possui algum artifício específico para nos causar dano, nos atrapalhar ou nos enganar de alguma forma. Aqui a contemplação não é a única coisa que você fará, tudo vai querer lhe matar de alguma forma, principalmente a fauna.Essa especificamente merece elogios a parte. A variedade de criaturas é exuberante e aterrorizante ao mesmo tempo. Aracnídeos gigantes que se aproximam de você rapidamente, artrópodes que rastejam pela areia e podem se organizar em bandos, pesados monstros semelhantes a rinocerontes que gostam de se alojar próximos às minas de alumínio e cobre, caçadores noturnos que parecem ter vindo diretamente de um filme do Alien, minhocas do tamanho de arranha-céus que lhe matam enquanto você ainda está tentando acreditar que elas existem. A variedade de animais é simplesmente incrível e enfrentá-los se torna uma experiência épica.
Experiência essa com uma excelente trilha sonora por trás, que com temas eletrônicos e instrumentais leves contribui ainda mais com a imersão nessa experiência espacial. Como se não bastassem essas criaturas incríveis atrapalhando a exploração do planeta, alguns espécimes da flora também influenciam e podem ser utilizados pelo jogador de forma criativa. Uma determinada planta que mais lembra um ouriço-do-mar causa terríveis danos ao astronauta que a tocar, entretanto, da mesma forma, pode servir de armadilha para determinadas criaturas que nos perseguem. Tudo depende da criatividade e habilidade do jogador.
Exploração realista e detalhada
Somado às mecânicas de construção do jogo e aos elementos de ação proporcionados pelas criaturas, a exploração é o terceiro grande pilar que faz Osiris: New Dawn um excelente pedido para os amantes de survivor. A lua na qual você se encontra é muito interessante, cheia de mistérios e bastante extensa, o que faz as explorações serem, no mínimo, instigantes.Mesmo que o ambiente seja de um tom desértico constante visto de longe, ao começar a explorá-lo, o jogador não ficará preso em monotonias ou mesmices por muito tempo. A quantidade de minerais diversos para serem coletados é enorme (mais de 10 variações, no mínimo). Somado a isso ainda temos três tipos de gases naturais que também necessitamos para a confecção de determinados itens. Somando tantos elementos para coleta, que estão organizados em lugares distintos e específicos do mapa, encontrá-los e coletá-los de forma eficiente se torna um desafio a parte para cada jogador pensar sobre.
Como se não bastasse a extensão do lugar e a variedade de elementos para se buscar, o planeta lhe bombardeia com tempestades de areia, chuvas ácidas e neblinas de forma aleatória que realmente dificultam nossa vida diminuindo a visibilidade e atrapalhando a locomoção em certos lugares. Além disso, ainda contamos com cavernas a serem exploradas, crateras com animais que nos emboscam e até bases abandonadas por outros sobreviventes de algum tempo anterior ao nosso. Realmente tédio não é algo muito constante nesse jogo.
Alguns pontos ainda precisam de ajuste
Como o jogo ainda está em Early Access, é esperado que alguns bugs e problemas surjam durante a experiência de jogo. Porém, é importante os citarmos aqui e que a Fenix Fire consiga dar cabo deles o quanto antes. E os problemas não giram somente em torno de bugs gráficos e de textura, mas acabam infelizmente atrapalhando a experiência do jogador em certos momentos.Um problema frequente é o fato de as missões principais do jogo, que lhe guiam pelas diversas opções de crafting que o título disponibiliza em uma ordem lógica, ignorar o fato de você avançar mais rápido que ela em algum momento ou então resolver antecipar alguma construção. Por exemplo, se o jogador construir uma câmara de despressurização de ar antes que as missões o peçam para fazer isso, a missão não se completa sozinha, ele precisará destruir sua construção e construí-la de novo para que a missão dê sequência. Isso é um problema pois obriga o jogador a ser linear em um jogo que faz tudo para que ele sobreviva a sua maneira.
Além disso, durante a noite alguns comportamentos referentes aos animais podem frustrar. Para início de conversa, as construções básicas como os Habitats possuem determinados bugs de textura que permitem às criaturas entrar e atacar o jogador, deixando-o sem proteção. De forma contraditória, as criaturas não conseguem subir em cima do habitat independentemente de seu tamanho, tornando a parte externa da construção mais segura do que a interna.
Além disso, um autosave existe sem a ciência do jogador, o que pode causar desconforto e frustração caso o jogador faça alguma escolha que queira reparar ou então seja prejudicado por conta de algum bug do jogo, impossibilitando-o de voltar atrás em suas ações mesmo sem ter salvo o jogo depois disso.
Um ótimo título com o pé no chão
Mesmo com os problemas citados, a experiência ao jogar Osiris: New Dawn é fantástica e acreditamos que esses problemas sejam corrigidos até a versão final do jogo ser lançada. Osiris é um título que não brinca em serviço e traz com competência artifícios que fazem a exploração espacial ser uma experiência única a cada novo dia que se passa nessa lua.
Os mecanismos de crafting vão até muito além do que a maioria dos jogos disponibiliza, possibilitando a construção de grandes cúpulas, painéis solares, veículos terrestres incríveis, naves espaciais para orbitar o planeta e até um Mecha! Mas não se enganem, construir tudo isso leva muito tempo e custa bastante trabalho braçal por parte do solitário astronauta. Outro ponto muito positivo a ser considerado, por fim, é que essa solidão é opcional.
Osiris: New Dawn conta com um multiplayer estável para até oito jogadores simultâneos em um único mapa. Os jogadores podem ser inimigos ou aliados dependendo do formato do mapa (PVP ou PVE), o que torna as experiências ainda mais interessantes e interativas. Osiris vem com tudo para provar que inovações no gênero são possíveis hoje, contanto que sejam feitas com passos firmes e a cabeça no lugar certo. Um indie que já recebeu vários prêmios antes de seu lançamento, mas que merece muitos mais pela frente.
Revisão: Luigi Santana