Análise: Dungeon Rushers (PC) é uma aventura simples e casual

Jogo foca na exploração de calabouços de forma similar aos RPGs de mesa, mas repetição acaba cansando.

em 27/09/2016
Quando se começa a jogar Dungeon Rushers, jogo desenvolvido pelos franceses da Goblinz Studio, não demora muito tempo para se notar a clara influência que o jogo teve de RPGs de mesa e jogos de tabuleiro. Não em todos seus aspectos, mas em uma pequena fatia de todo este universo que é a exploração de calabouços, geralmente uma das partes mais divertidas dessas aventuras.




Seguindo tal premissa, Dungeon Rushers consiste em basicamente passar por dungeons, em busca de tesouros. Essa também é a motivação do herói do jogo, Ellian, um ex-limpador de banheiros que decide que saquear calabouços era uma opção melhor de vida do que lavar latrinas de tavernas. Seguindo nessa vida, seu grupo vai sendo formado conforme você vai explorando calabouços e encontrando outros personagens/arquétipos clássicos de RPGs. A trama aqui não tem muita importância, mas traz alguns textos engraçados com certa frequência.

Entrando no assunto das mecânicas, temos que falar de tabuleiros novamente. O primeiro deles é o que representa o mapa múndi. Conforme você passa por calabouços, vai seguindo adiante, em uma progressão linear. Mas o mais interessante são os interiores das dungeons, que também são representados como tabuleiros, esses já bem mais parecidos com o que poderíamos encontrar em um jogo físico.

Ao cumprir algumas metas bônus em cada dungeon, você abre o Heroic Mode
Você sempre começa em um ponto específico do mapa, com a visão somente da sua posição. Sem ver onde está “pisando”, o jogador deve passar pelo calabouço até chegar ao baú do tesouro, que marca a saída do local. A cada quadrado é possível encontrar outros tesouros, itens que podem trazer bônus ou penalidades de status, inimigos e armadilhas.

Apesar das dungeons em si serem sempre do mesmo formato toda vez que você as visita, a posição dos eventos pode mudar, o que dá um leve grau de incerteza ao caminhar por ela. Esse sistema é bem bacana, pois recria aquela sensação de “perigo” ao andar pelo tabuleiro, sem saber o que esperar. Um ponto positivo é que a movimentação do seu personagem é livre, só parando mesmo quando encontra um evento, dando dinamismo à ação de exploração.

Continuando, temos as batalhas, que adotam o modelo por turnos bem tradicional. Cada personagem tem sua ordem de ação para usar uma habilidade ou item. No seu grupo podem lutar até seis personagens enfileirados em duas linhas. Minha única reclamação aqui é que não existe um comando de ataque automático, que faz muita falta em algumas lutas que não exigem tanta estratégia.

Personagens para todos os gostos
Fora das lutas, os personagens ainda contam com um terceiro atributo, a estamina. Ela é usada para ações fora dos combates, como habilidades especiais (o anão pode revelar uma sala aleatória da dungeon com um tesouro), ações pré-combate (o bardo pode usar “sleep” nos inimigos antes da luta) ou para reagir às armadilhas encontradas no caminho, reações estas que vão desde desarmá-la a redirecionar o dano para um único personagem.

Isto resume praticamente toda a ação de Dungeon Rushers. Tudo muito simples e bem rápido de se entender. Contudo, talvez o maior trunfo do jogo também seja seu problema mais acentuado, pois o jogo só consiste disso. Depois um tempo de jogatina, a repetição de explorar calabouços, enfrentar inimigos e coletar tesouros cansa, já que, de certa forma, sempre é mais do mesmo, o que me fez pensar que seria um ótimo jogo para plataformas móveis.

Ainda existe um sistema de criação de itens, que não é nada extraordinário, e um modo para criação de mapas, que podem ser disponibilizados através do Steam Workshop, o que pode ser um recurso interessante para aqueles que se interessam pelo fator multiplayer. Também há um modo Arena, onde jogadores “enfrentam” dungeons criadas por outros jogadores. O invasor ganha se chegar ao final do calabouço, caso contrário, vitória de quem construiu o desafio.

Sistema de criação de itens
No aspecto técnico, também encontrei alguns problemas. A música por vezes parava do nada e recomeçava, em um corte seco. A sensibilidade do mouse também ficava estranha em alguns momento, não era raro o ponteiro dar umas “enroscadas” na tela, ao navegar pelos menus. Outra coisa que deixa a desejar é a falta de suporte a controles.

É hora do tesouro

Dungeon Rushers é um jogo divertido por sua proposta de emular a exploração de calabouços típica dos RPGs de mesa adaptada para uma jogatina single player. A essência dele funciona muito bem. O problema é que ele é só isso, ficando repetitivo após um tempo de jogo. O game funciona muito melhor em sessões curtas de jogo, sendo um ótimo exemplo de game casual. Alguns problemas técnicos ainda aparecem aqui e ali, mas nada que comprometa a obra como um todo. Se você é fã de jogos como Hero Quest ou D&D, talvez queira dar uma olhada nesta experiência, mais simples, porém divertida. Só não espere muita coisa.

Prós

Mecânica de “tabuleiro”;
Gráficos bem coloridos;
Enredo bem humorado.

Contras

Falta de variedade;
Repetitivo;
Problemas técnicos.

Dungeon Rushers — PC — Nota: 7.0

Revisão: Vitor Tibério


Formado em Game Design, desistente da Matemática Aplicada e atualmente cursando Jornalismo. Ainda aguardo o retorno triufal da Sega, fã de Metal Gear, Dark Souls e várias coisas vindas lá do Japão.
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