Às vezes você está na rua em um momento de pressa e acaba se encontrando com uma pedra, talvez grande, talvez pequena, talvez do tamanho certo para que esbarre nela e produza um “ai” bem sonoro; isso não é nada legal, mas em Tumblestone vira piada. O game repleto de puzzles encara amistosamente o jogador, entretanto mostra-se mais difícil que sua aparência, o que gera diversão e impaciência ao mesmo tempo.
No meio do caminho tinha uma pedra
Em um belo dia, Cleópatra estava indo para um restaurante e acabou por se cruzar com uma pedra em seu caminho, na verdade mais que uma, várias! Impossibilitada de passar por elas, decide removê-las, só que percebe que há mais e mais pedras, as tumblestones estão soltas pelo mundo. O objetivo da Rainha do Nilo já não é mais comer salada no restaurante, mas acabar com essa infestação e buscar vingança por atrapalharem sua refeição. E assim inicia a história de Tumblestone.
É bem simples, a história é contada em pequenas cenas que vão sendo reproduzidas depois que se conclui um certo número de fases. Novos personagens são sempre introduzidos para ajudar na saga, e depois um pouco da vida de cada um é contado ao longo do jogo: quais são seus desejos, porque estão ajudando e como é a relação com outras figuras.
Além da inserção de personagens, o jogo tenta incentivar o acompanhamento do enredo com uma certa pitada de humor, o que chega a se mostrar eficaz caso você esteja com riso fácil para uma comédia leve e desengonçada. Apesar disso, com a dificuldade dos puzzles aumentando e mais tempo sendo gasto neles, é perceptível que poderiam aparecer mais vídeos durante a campanha; por mais que a história não precise de um desenvolvimento maior, nenhum jogador fica entretido somente em quebrar pedras (a menos que seja um fã assíduo de Candy Crush).
“Se fosse fácil achar o caminho das pedras...
Tantas pedras no caminho são seria ruim”, como canta a banda Engenheiros do Hawaii na música Outras Frequências. Selecionar 3 blocos de mesma cor... Tumblestone pode parecer ser fácil, infantil e estável, entretanto o jogador que pensa isso vê que se enganou depois das primeiras 20 fases. No decorrer dos 11 mundos com 30 fases cada, o jogo aumenta sua dificuldade, porém não em níveis exatamente gradativos. Certos puzzles são mais difíceis de resolver que seus posteriores. No que deu? Quando eu atingi 100 puzzles solucionados já havia 483 reinícios. Não considero isso uma façanha.
Com tantos enigmas para se resolver, o game é competente em diversificar a jogatina. Em cada mundo há uma fase em que é necessário solucionar um puzzle em um tempo limite, assim vindo o próximo em seguida (que vai descendo enquanto resolve o atual, isso dá uma certa ansiedade), no total de quatro. Errando um, o reinício leva o jogador para o primeiro (diferente) de novo. No final dos mundos há uma “corrida”, é um desafio feito a outro personagem e então você e a máquina são postos lado a lado com os mesmos puzzles, vence quem conseguir completar três antes. Aliás, quando você pega outro personagem (cada figura tem o seu mundo) um novo estilo de jogo é imposto, sendo necessário mudar toda a tática de resolução de desafios que se tinha para adaptar-se ao novo, seja com a inclusão de pedras coringa, ou com uma irremovível, ou ainda impedindo que exclua pedras de mesma cor do último trio removido. São vários e vários desafios que chegam a se misturar, provocando o jogador para que sempre se engaje mais com algo novo.
A sensação é ótima quando se consegue resolver seguidos enigmas de primeira, porém quando se está na décima tentativa de um, a cabeça parece fechar e todas as tentativas de solucionar o puzzle não funcionam, o jogo já não fica mais legal como era antes. Para evitar que o jogador fique preso em fases, é possível conquistar fichas que possibilitam passar aquele nível, mas se quiser ela de volta para usar em outro (o número de fichas é limitado), terá que encarar o desafio.
Para resolver as 330 fases é necessário estar realmente empolgado com o jogo. Apesar disso ele parece fazer por onde, sempre adicionando novas coisas para que o jogador sinta-se com vontade de prosseguir, mas dependendo da pessoa pode não ser o bastante. Ainda bem que há outros modos de jogo.
Nos trailers de Tumblestone, o destaque maior vai para o multiplayer, e ele é realmente muito bom. É uma corrida que pode ser realizada com até quatro jogadores, todos resolvendo os mesmos enigmas, e numa disputa que exige agilidade e destreza a emoção é garantida. Existe o modo online e o local, mas claro que o local é bem mais bacana por você ver o desespero dos seus oponentes quando estiver na frente e a “zoação” deles quando você ficar para trás e perder de virada. No menu arcade existem outros modos que com certeza desafiam o jogador a se superar, depois dá para conferir o ranking global ou de amigos. Tumblestone pode ser muito divertido fora do modo campanha.
Uma pedra lapidada?
Pelas screenshots que você já viu, percebeu que Tumblestone não tem uma grande beleza, entretanto o game tem um visual autêntico se encaixando bem na sua proposta de enredo leve. Os ambientes dos mundos deixam o jogador inerte ao local em que se encontra: cada pedra tem sua expressão facial que fica variando durante a partida, os personagens são bem feitos (é interessante como os olhos não são mostrados) e os elementos visuais estão sempre bem posicionados durante as cenas exibidas.
A parte de áudio não é tão presente. Na verdade há música durante todo o jogo, mas é algo realmente de fundo e que não atrai tanta atenção. Seria um bom ponto a melhorar: mudar o ritmo da música de acordo com a situação da partida, deixando o jogador mais tenso ou calmo, mas essa imersão foi ignorada.
Tinha uma pedra no meio do caminho
Temos conosco Tumblestone, um jogo indie desenvolvido pela The Quantum Astrophysicists Guild que consegue entreter bem. O modo campanha é extenso, o que pode ser bom ou não dependendo de quem o joga, mas também diversificado e envolvente durante seu progresso; o modo multiplayer é perfeito para jogar com amigos, gera várias comemorações e momentos de êxtase com a criação de uma boa competição; já a área arcade garante mais a diversão para quem acabou a campanha (ou se cansou dela), serve para passar o tempo desafiando a si mesmo à superação.
O visual de Tumblestone é bastante original, entregando algo que é bom de se apreciar e que serve ao propósito de combinar com seu enredo simples e carismático contado de maneira leve e sutilmente engraçada de tão boba que é a história. Talvez a Sony, que chegou a encontrar inspiração em Angry Birds para fazer um longa metragem de Cinema, conseguisse algo legal com Tumblestone.
Encontramos Tumblestone como um jogo simpático, bom para uma tarde relaxada ou um encontro com amigos, sua mecânica fácil e original é dificultada ao longo dos estágios, a história é leve, a arte é visualmente adequada; se quiser adquirir o jogo terá boas horas de diversão nesse puzzle que chega a envolver os mais empolgados. Depois desse game, as pedras que você encontrar no caminho não serão vistas da mesma forma, não acha?
Prós
- 330 puzzles no modo campanha;
- Multiplayer é divertido;
- Campanha diversificada durante o progresso;
- Mecânica original.
Contras
- Dificuldade é instável e chega a tornar-se dura demais em pouco tempo;
- Áudio não foi trabalhado o bastante para fazer diferença durante o jogo.
Tumblestone — Linux, Mac, PlayStation 4, Wii U, Windows, Xbox One — Nota: 7.0
Versão utilizada para a análise: Windows
Revisão: Gabriel Verbena