Análise: Zero Escape: Zero Time Dilemma (Multi) - entre o ego e a morte

O novo jogo da série Zero Escape é o melhor que o gênero tem a oferecer.

em 02/07/2016

Quando surgiram primeiras notícias relacionadas a Zero Escape: Zero Time Dilemma (Multi), a promessa que este seria o jogo mais violento da série me transmitiu a impressão de algo “gore”. De fato, apesar de não ser visualmente perturbador, o game possui algumas ideias e conceitos mais fortes com que já me deparei.


Para que você possa entender um pouco melhor, peguemos Danganronpa como exemplo. Ela também é uma série visual novel desenvolvida pela Spike Chunsoft e possui uma temática semelhante. Nesta, porém, seu objetivo é somente investigar e provar qual dos outros participantes é o assassino, o que, no final das contas, faz o jogador se sentir uma espécie de herói. Enquanto em Zero Time Dilemma suas escolhas podem acarretar diretamente na morte de uma ou mais pessoas, ou seja, você pode se tornar um homicida e, é claro, os outros personagens nem sempre reagirão de uma maneira positiva ao fato, o que pode aumentar ainda mais o derramamento de sangue.

Três equipes, um só desejo 

A história tem início no dia 31 de dezembro de 2028, no deserto de Nevada, onde nove pessoas despertam e se descobrem confinados, quando um homem mascarado anuncia o começo do "jogo da decisão", que aparentemente definirá a sobrevivência da humanidade. Na sequência, os novos personagens são divididos em três times, cada um sendo representado pelas consoantes C, Q e D.

Neste novo título temos o retorno de quatro personagens que participaram de jogos anteriores: Junpei, Akane, Sigma e Phi, além da adição de novos: Carlos, Q, Diana, Eric e Mira. Note que os veteranos não são os líderes, logo, apesar de serem experientes, não são eles que tomam as decisões finais.

No início do game não há qualquer espécie de introdução propriamente dita à história, podendo fazer com que aqueles que nunca tiveram contato com a série sintam-se um pouco perdidos ou mesmo que erroneamente achem que os dois jogos anteriores sejam pré-requisitos. Na verdade, não é necessário que se tenha qualquer conhecimento prévio para compreender a história de ZTD, pois à medida que você avança no jogo a história dos veteranos é recapitulada aos poucos, enquanto a dos novos personagens é revelada.

Efeito Loreal 

Do mesmo modo que Zero Escape: Virtue's Last Reward (PS Vita/3DS), Zero Time Dilemma possui um dos melhores gráficos entre os jogos do gênero. A única coisa que incomoda um pouco são brilho e nitidez acentuados, principalmente no que se refere aos cabelos do personagem, mas nada que você não possa se acostumar após algumas horas de jogatina.

Sem perda de tempo 

A primeira coisa que chama a atenção no jogo é o fato dele ser quase que inteiramente dublado, e o melhor de tudo é que agora, diferentemente de seu antecessor, os protagonistas também são dotados deste recurso, tornando sua jogatina mais fluída, prazerosa e, mais uma vez, destacando-o entre os visual novels.

Outra coisa que chama atenção é a existência de vários finais, que variam de acordo com as decisões que você toma no decorrer da história. Você tanto pode terminar o jogo em literalmente cinco minutos como pode seguir um caminho que exigirá dezenas de horas de dedicação para ser concluído. Esse elemento aumenta muito a curva de interesse e rejogabilidade do título.

Para alcançar cada um desses finais, entretanto, você terá que encarar diversos puzzles que exigirão não somente uma grande atenção aos detalhes, mas também um conhecimento conhecimento científico mínimo, principalmente em matemática, física e química. Algumas vezes uma pesquisa também poderá contribuir bastante nesse processo, ainda mais porque os desafios envolvendo tempo são quase inexistentes.

Escapar, decidir e sobreviver 

Não importa em que momento do jogo você esteja, seu objetivo será sair da sala onde você se encontra e avançar para o local seguinte. Para isso, terá que superar vários tipos distintos de desafio, dentre os principais estão o time to decide , seek a way out e survival.

O primeiro, aparentemente, é o mais simples de todos e, como o próprio nome diz, consiste em tomar rapidamente uma decisão. O problema, entretanto, é que sua escolha pode, voluntária ou involuntariamente, matar tanto a você como aos demais participantes. O segundo é o obstáculo mais comum de todos e se resume em procurar um modo de escapar da sala em que você se encontra em segurança. E, por fim, no último tipo de desafio, um ou mais membros do seu time correm risco de morrer, caso você não seja capaz de resolver todos os puzzles da sala a tempo.

O interessante do time to decide é que a sua simplicidade permite que, cedo ou tarde, todos os jogadores, independente de sua habilidade com puzzles, conquistem, ao menos, um dos finais do game. Afinal de contas, basta realizar uma escolha e mesmo que a consequência desta seja desastrosa, posteriormente, sempre é possível retornar ao momento chave de decisão, e mudar sua decisão.

Do mesmo modo que Virtue's Last Reward, após terminar o jogo ou mesmo somente escapar de uma sala, você terá a sua disposição algumas mecânicas que lhe ajudarão a conquistar outros finais, como a opção Flow, que lhe permite reviver qualquer momento o jogo que deseje, contanto que você já tenha passado pelo mesmo anteriormente. Esse recurso economiza tempo e a paciência do jogador, tornando sua jogatina mais fluida e menos repetitiva, pois evita o tédio e frustração de ter que começar o jogo desde o início.

Posso parar quando eu quiser 

Por mais que a história do jogo seja muito imersiva, a vida real geralmente te chama nos momentos mais tensos e importantes da jogatina. Para tentar solucionar este problema, é permitido que você interrompa a partida a qualquer momento, mesmo durante as cinematics. Mas, se mesmo assim, você ainda perder parte do diálogo entre os personagens ou quiser relembrar algo em especial, como uma senha, há uma opção chamada Log, que contém todas as conversas ocorridas na sala em você se encontra.

Dilema zero na hora da compra 

Zero Time Dilemma está longe de ser o jogo mais sanguinolento que já tive contato, mas é definitivamente um dos melhores visual novels que já tive o prazer de jogar. Ele não é fácil, muito pelo contrário, é um grande desafio, principalmente para sua paciência, mas vale muito a pena, pois cada sala deixada para trás é uma parte da história revelada, dando oportunidade para que você conheça melhor os personagens e, aos poucos, esclareça os mistérios da trama.

Diferente de outros jogos do gênero, ele permite que você pare e salve a qualquer momento do jogo, além de possuir mecânicas que lhe possibilitam avançar e retomar as partes da história, para que você conquiste novos finais sem ser obrigado a começar o jogo novamente. Deste modo, não há qualquer dilema no momento de recomendá-lo, até aqueles que nunca tiveram contato ou desgostam do gênero deveriam dar uma chance a ele, pois se trata de uma série única, sendo este realmente o maior de todos os atrativos.

Prós

  • Inteiramente dublado;
  • História imersiva;
  • Mais de sete finais distintos;
  • Possibilidade de reviver qualquer momento da história;
  • Permite pausar e salvar a qualquer instante. 

Contras

  • Nenhum.
Zero Escape: Zero Time Dilemma — PS Vita/PC/3DS — Nota: 10.0
Versão utilizada para análise: PS Vita
Revisor: Vitor Tibério
Capa: Peterson Barros


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