Análise: WOLFLAME (PC) é um retorno às origens dos shmups

Inspirado pelos clássicos dos arcades, WOLFLAME me fez perguntar em que ano estamos.

em 08/06/2016


As pessoas que se recordam da época em que máquinas de arcade eram mais comuns sem dúvida têm alguma experiência com os famosos "jogos de navezinha", ou shmups (encurtamento de shoot 'em up). O gênero combinava perfeitamente com a filosofia engolidora de moedas dos arcades e, apesar da notoriedade de alguns jogos como Xevious e R-Type em consoles, entrou em extinção junto com as máquinas que o hospedavam.

O gênero não morreu completamente, é claro. Star Fox é um dos poucos exemplares do estilo que conseguiu uma transição bem-sucedida para o 3D. Mais recentemente, foram os desenvolvedores indies que trouxeram de volta os shmups — assim como outros formatos clássicos dos anos 1990, a exemplo de metroidvanias e roguelikes. Jamestown, em particular, fez sucesso razoável trazendo mecânicas tradicionais complementadas por ideias novas tanto na jogabilidade quanto em visuais, ambientação e narrativa.

Uma homenagem fiel

WOLFLAME, da desenvolvedora Astro Port, não faz nada disso. Não tem história, nem personagens. Existe uma nave e inimigos que devem ser destruídos. O jogo é tão autenticamente anos 1990 que, em determinado momento, tive que parar e procurar informações na Internet pra ter certeza de que não se tratava do relançamento de algum clássico. Poucas coisas entregam sua modernidade: uma são os sutis efeitos 3D que complementam algumas animações e outra é o fato de que um "game over" não significa ter que começar tudo de novo (isso seria impensável num arcade).
É possível usar drones iguais nos dois lados...
Se não fosse por essa moleza de poder continuar a partir de checkpoints razoavelmente frequentes, eu com certeza não teria passado da sexta fase do jogo (muito menos da nona). Do jeito que ele é, apenas tive que lidar com a sensação de "quero continuar jogando, mas é melhor parar antes que eu jogue um controle pela janela". Não é o jogo mais difícil do gênero, mas com certeza é desafiante o suficiente para entreter aqueles que gostam de desviar de dúzias de tiros simultaneamente… Bem, eu joguei na dificuldade "normal" e existem três outras acima disso, então há desafio em abundância.

Para mim, o que distingue os jogos desse gênero uns dos outros é o sistema de upgrades da nave. Em WOLFLAME, em vez de melhorar os tiros da nave em si, power-ups adicionam drones na esquerda ou na direita da nave, que complementam o poder de fogo. Existem três tipos de drones, cada um com vantagens e desvantagens, e decidir qual usar de cada lado é parte da estratégia para otimizar o poder de destruição. É tão delicioso ver sua nave atirando para todos os lados e destruindo tudo em sua frente quanto é frustrante tomar apenas um tiro e perder todo o progresso feito nesse aspecto. Para amenizar isso, o especial da nave "engole" tiros inimigos, além de ter um alto poder destrutivo e, após recomeçar com uma nova vida, há a possibilidade de aparecer um power-up que restaura seus drones como estavam antes.
... Ou variar!

Para bem e para mal

Os pontos negativos do game, assim como os positivos, são consequências da emulação tão precisa de jogos antigos. É bizarro jogar algo com formato de imagem vertical hoje, e é notável que seria um pouco melhor se a câmera fosse horizontalmente fixa e mais larga em vez de ser móvel e tão estreita. As opções de controle também são limitadas; não pude usar o excelente gatilho do controle de Xbox para atirar (afinal, é um botão que se mantém apertado quase o tempo todo). Contudo, a minha maior decepção é a falta de um modo cooperativo — esse tipo de jogo sempre é divertido com um amigo.

WOLFLAME tenta, para bem e para mal, ser realmente autêntico com os jogos que o inspiram. Portanto, acredito que vá agradar aos fãs do gênero e possivelmente ajude novos jogadores a conhecerem o estilo.

Prós

  • Homenagem fiel aos shmups dos anos 1990;
  • Power-ups simples, mas bacanas;
  • Desafiador.

Contras

  • Homenagem fiel aos shmups dos anos 1990;
  • Opções limitadas de configuração;
  • Ausência de modo cooperativo.

WOLFLAME — PC (Win/Lin) — Nota: 8.0

Revisão: Robson Júnior


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