Análise: Tenshu General (PC) é batalha rápida e direta pelo poder

Com uma pegada de jogos de tabuleiro, Tenshu General junta mecânicas de RTS a um tom casual.

em 04/02/2016
Existe um antigo ditado popular que diz que a primeira impressão é a que fica. Mas também existe um outro que diz que, para toda regra, existe uma exceção. E em minha análise de Tenshu General, fiquei feliz em descobrir que o jogo, apesar do visual pouco chamativo, traz qualidades interessantes. Desenvolvido pelo estúdio independente holandês SmartArt Game Studio, este é um título que vale uma olhada com mais atenção.


A proposta de Tenshu General é ser um jogo de estratégia de tempo real casual. Mas ao falar em jogo de estratégia, já pensamos em Starcraft, Age of Empires e outros títulos que demandam diversas e constantes tomadas de decisões. Como então fazer disso algo casual?


A guerra começou

Como o nome talvez já tenha sugerido, Tenshu General tem como pano de fundo o Japão Feudal. Existem quatro campanhas, cada uma de um general, todos a serviço do xogum. A história aqui é minima, servindo mais para contextualizar o jogador. Além das campanhas, há o modo “Conflito”, no qual é possível jogar somente uma partida, escolhendo o mapa e a dificuldade.

Você, como um general, tem um castelo, que é sua base. Nele você pode gerar suas tropas e seu mentor, também sendo possível construir muros para defender o castelo. A ação do jogo propriamente dita se dá com a movimentação das suas tropas. Em um mapa que lembra War (o jogo de tabuleiro), você deve passar pelos terrenos para pegá-los e assim ampliar seu território. O objetivo é sempre destruir o castelo inimigo.

O máximo de história que você vai ter nesse jogo
E para que ampliar seu território, você se pergunta? Para ter o controle de mais vilarejos e aumentar a produção de arroz, a moeda do jogo. O arroz vai permitir que você fortaleça seu exército, obtenha um mentor (unidade que aumenta a produção de arroz) e evolua as vilas localizadas nos terrenos, permitindo que elas gerem mais recursos. E não só isso: ao ter mais presença de mapa, você nega recursos ao seu oponente, essencial para se sair vitorioso.

Aqui cabe um detalhe importante: cada general pode ter no máximo quatro tropas. Isso te obriga a sempre movimentar suas peças e decidir a tática mais apropriada no momento. Ao mesmo tempo que você não quer seu oponente dominando muitos terrenos, uma ofensiva mal calculada pode levar à perda de uma tropa, o pode ser desastroso, visto o seu alto custo na partida.

Esse aspecto da movimentação deixa o jogo bem dinâmico, já que os terrenos podem mudar de dono constantemente. Você sempre tem que estar fazendo algo. Por outro lado, não há necessidade de gerenciar dez recursos e duzentas unidades militares. Com partidas que variam de 10 a 15 minutos, temos aqui nosso RTS casual, funcionando muito bem, obrigado.

Evoluindo uma vila

A vitória está nos mapas

Outro detalhe que adiciona mais uma camada estratégica a Tenshu General é a composição do mapa.

O formato dos mapas em si não possui muitos segredos, mas cada terreno pode possuir uma propriedade que beneficia um tipo de soldado da sua tropa. Montanhas são boas para arqueiros, soldados se dão melhor na mata e cavaleiros se dão melhor em planos.

Cada tropa pode ter até quatro guerreiros do mesmo tipo, totalizando 12 unidades. Por mais que o ideal seja possuir o exército completo, é difícil obter força máxima sem um bom controle do mapa. Dessa forma, prestar atenção aos terrenos ajuda muito. Se há muitas montanhas, compensa criar arqueiros primeiro, por exemplo.

Batalha entre dois exércitos

Nem todas as espadas são afiadas

Talvez a primeira reclamação de alguns sejam os gráficos do jogo, que lembram os jogos em Flash de uns anos atrás. Concordo que não são artes das mais bonitas; dada a proposta de Tenshu, no entanto, elas funcionam bem. Para efeitos de gameplay, você sabe exatamente o que significa cada coisa, e, sendo sincero, os gráficos não me incomodaram nem um pouco.

Por outro lado, senti que faltou certo polimento que, aí sim, prejudica alguns aspectos de Tenshu. Um deles é a visualização da composição da tropa inimiga. A única indicação da força do rival é o tamanho da bandeira que serve de ícone, fazendo com que o ataque seja, de certa forma, um tiro no escuro. Uma variação maior de artes durante a campanha seria positiva também.

A inteligencia artificial do jogo é bem agressiva, mas é um desafio possível de se lidar. Porém, em batalhas onde o computador controla mais de um general, você sempre vai ser a caça principal. Os inimigos até trocam uns alguns terrenos entre si, mas ficam só naquele “jogo de comadres”, pelo menos nas partidas que joguei. Isso deixa alguns mapas com uma curva de dificuldade um pouco maior do que deveriam possuir.

Um dos mapas iniciais
E, falando em batalhas contra múltiplos oponentes, um modo multiplayer aqui seria interessantíssimo. Contudo, Tenshu General só conta com modos para um jogador.

Durante o teste, também passei por alguns fechamentos inesperados do jogo. Não identifiquei o que poderia ter causado, mas é bem chato passar por esse tipo de situação.

A batalha dos generais

Tenshu General é, resumidamente, um jogo de tabuleiro para ser jogado sozinho. Sem muitos enfeites, ele pode até ser considerado um jogo “cru”. Contudo, nesse caso, isso não é um ponto negativo. O foco é um gameplay simples e desafiador, em partidas rápidas e sem complexidade desnecessária.

Não é um título livre de defeitos, e talvez uma versão com mais opções pudesse ser ainda melhor, como um modo multiplayer. Entretanto, Tenshu entrega exatamente o que ele propõe. Se você quer um desafio rápido ou mesmo nunca se deu bem em RTSs mas ainda tem vontade de tentar, Tenshu General pode ser uma boa pedida.

Prós

  • Jogabilidade rápida e simples;
  • Bom nível em desafio;
  • Suporte ao idioma português.

Contras

  • Alguns crashs ocasionais;
  • Falta de polimento em alguns aspectos mecânicose visuais;
  • Música praticamente inexistente;
  • Falta de modo multi-jogador.

Tenshu General — PC, Linux e Mac — Nota 7,0

Versão analisada: PC
Revisão: Bruno Alves
Capa: Diego Migueis

Formado em Game Design, desistente da Matemática Aplicada e atualmente cursando Jornalismo. Ainda aguardo o retorno triufal da Sega, fã de Metal Gear, Dark Souls e várias coisas vindas lá do Japão.
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