GRAV (PC) leva o gênero de sobrevivência para o espaço, mas desaponta pela falta de novidades

Explore planetas, derrote alienígenas, colete materiais, construa equipamentos e tente sobreviver neste ambiente hostil.

em 25/11/2015
Os games de sobrevivência, também conhecidos como survivals, estão na moda há algum tempo. A febre começou com jogos ambientados em cenários apocalípticos repletos de zumbis, como DayZ e Infestation, sendo mais tarde expandida a outras temáticas, como Rust e ARK.

GRAV
é a aposta da desenvolvedora indie BitMonster no gênero. O título, atualmente em acesso antecipado, traz diversas fórmulas consagradas e herdadas de seus similares, como sistemas de coleta de itens e de criação de armaduras e armas. Além disso, é possível também desenvolver sua base e diversos apetrechos que vão ajudá-lo a sobreviver em um ambiente hostil.

Grande mundo pequeno

A ideia de levar a sobrevivência para o espaço era algo até então inédito. Por isso, os primeiros vídeos de GRAV empolgaram muita gente. Se sobreviver na Terra somente com uma pedra nas mãos já era complicado, imagine ter que fazê-lo a milhares de anos-luz de casa, em um local totalmente desconhecido e recheado de alienígenas doidos para devorá-lo?
O belo planeta onde a jornada começa.
A premissa, no entanto, vai embora logo nos primeiros minutos de experiência. Em vez de um mundo sombrio e inóspito, o astronauta surge em um planeta cheio de árvores e pedras, com um belo céu azul e uma relva verdejante. Qualquer semelhança com a Terra não é mera coincidência. A expectativa, neste momento, já é quebrada: qual a graça de explorar um mundo tão amigável, como já fizemos tantas vezes em Rust ou em The Forest?

A parte visual do game não deixa a desejar. Apesar de os gráficos não serem de última geração, a Unreal Engine foi empregada de ótima forma, garantindo um colorido bonito que dá ao jogo um tom cartunesco. Cada astronauta usa uma roupa de cor aleatória, e seus rostos nunca são vistos.

A paisagem, embora bonita, é repetitiva.
O cenário é bastante amplo, como anunciado, e possui belas paisagens com desfiladeiros, praias e cachoeiras. Contudo, a variação da flora é mínima. A sensação é de que todo o planeta só possui um tipo de vegetação.

Os alienígenas, por outro lado, são bem variados e estão por toda parte. Basta apenas alguns passos para nos depararmos com uma nova espécie. Tais aliens são agressivos e se mostram prontos para atacá-lo assim que se abre uma brecha. Por isso, o ideal é construir logo uma cabana para se abrigar e fugir das investidas constantes dos bichões.

Colete, construa e vire o magnata do espaço

O objetivo de GRAV é basicamente coletar itens para sobreviver. Juntando madeira, o jogador consegue construir um abrigo e uma fogueira para recuperar a barra de energia. Curiosamente, não é necessário caçar para se alimentar — basta fazer uma dancinha tosca em volta da fogueira por alguns segundos para completar a vida.

As danças, aliás, são um dos pontos destacados pela desenvolvedora. Pode-se requebrar em qualquer lugar e em variados estilos. Essa “habilidade” não tem nenhuma utilidade na maioria das vezes, mas serve para dar um tom mais descontraído à aventura.
No começo, você tem apenas um pedaço de madeira, mas pode fabricar itens conforme coleta novos itens.
Já que o personagem não precisa comer carne, então o que fazer com os alienígenas aniquilados? Deles são extraídos materiais e itens fundamentais para construção de armaduras, armas e dispositivos tecnológicos que suprem necessidades básicas. É preciso craftar também a partir de árvores, rochas e fósseis para obter materiais.

Quanto mais o jogador acumula, melhores e mais variados apetrechos poderão ser construídos. Não é difícil encontrar megas mansões erguidas no meio dos campos, com sistemas de defesa avançados e até veículos estacionados nas garagens.
Infelizmente, não é possível dar uma de Trevor (GTA V) e sair por aí roubando carros…
Diferentemente de outros títulos semelhantes, GRAV possui um sistema de níveis. Cada monstro derrotado ou tarefa realizada rende pontos de experiência que vão subindo o nível do seu astronauta. Se estiver no 5, por exemplo, é altamente recomendado fugir de aliens nível 7 ou 8, pois dois ou três ataques deles podem ser fatais. Quanto maior o seu nível, mais itens estarão disponíveis para serem construídos.

Uma experiência mediana

GRAV promete muito para o jogador, mas entrega pouco. O início é bastante entediante, por isso poucos tem paciência para buscar progressão no game. Com amigos, a diversão deve aumentar um pouco, já que existem missões que só podem ser feitas em cooperação. O trailer do jogo mostra jetpacks, wingsuits e belos voos sobre planetas bem diferentes. Não vi nada disso durante as mais de seis horas que desfrutei do game.
Esse grandão aí é bem casca-grossa...
A Bitmonster, criadora do game, é uma pequena empresa composta por apenas cinco desenvolvedores, o que é surpreendente dada a proposta ambiciosa de GRAV. Este, talvez, seja o principal problema do jogo: a equipe enxuta faz com que as atualizações demorem a sair, algo imperdoável em um mercado tão competitivo.

Em acesso antecipado deste janeiro de 2015, GRAV completará um ano de vida com pouquíssima novidade. A empresa ouviu os apelos da comunidade e fez um grande update em outubro, chegando a renomear o game como GRAV Reborn, mas tudo está bem aquém dos concorrentes.

Se novos planetas vierem e as opções de customização crescerem vertiginosamente, com a inserção de quests criativas e sistemas de recompensas mais sólidos, talvez GRAV tenha potencial para se fortalecer. Um investimento em quests diversificadas e a inserção de alguns NPCs possivelmente daria mais vida ao game. Os servidores em que joguei suportam até 250 jogadores, mas é raro achar um que tenha mais do que 50. Servidores brasileiros? Nem pensar. O jeito é se contentar com um ping de 150. 

De qualquer forma, a Bitmonster precisa sair da mesmice e pensar em possibilidades jamais testadas, criar mecânicas novas ou inovações que dêem vida e identidade própria ao game. Ou, então, GRAV ficará conhecido por ser apenas “aquele survival ambientado no espaço”.
GRAV está acesso antecipado e pode ser adquirido no Steam e no Humble Bundle

Revisão: Buno Alves
Capa: João Gilberto Melo

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