Como muitos jogos do início do século (sim, eu sou velho), Rogue Continuum (PC) é um Action RPG com fortes inspirações na franquia Diablo, mas que adiciona uma grande dose de elementos de roguelike, como geração procedural de inimigos e do mapa em cada uma das fases. O jogo está sendo desenvolvido pela Rocklastic e distribuído pela Surprise Attack, que há pouco também nos trouxe o divertidíssimo simulador de hackerismo, Hacknet (PC).
A história do game se passa no ano de 2890 DC, quando chegam à Terra pequenas porções de uma desconhecida e hostil força alienígena. A única esperança da humanidade é uma unidade especial de super-soldados galácticos que planeja escapar em um protótipo de nave espacial que, fortuitamente, pode viajar no tempo, o que faz essa unidade voltar 28 dias no passado. Quando retornam são surpreendidos por criaturas que eles nunca antes viram, mesmo assim, eles decidem acabar com esses aliens.
Como nos livros de colorir
O visual lembra muito algumas HQs amadoras que se vê pela internet a fora, possuindo um traço muito grosso, o que torna os gráficos do game muito primários (no mau sentido da palavra) e toscos. Entretanto, por se tratar de um Acesso Antecipado sem data de lançamento anunciada, ainda há tempo dos responsáveis pela arte do jogo, ao menos, suavizarem o contorno, tanto dos personagens quanto de outros elementos que compõem o cenário.
Sobre serras elétricas e robôs alienígenas
Como todo bom jogo desse estilo, desde o início do game, você terá a opção de escolher entre quatro classes distintas, cada uma delas com Status, Skills e Armas únicas. São elas:
- SmackDown Sam, o Gunner — com óculos espelhados super estiloso, este brutamontes é mais do que apenas músculos, possui uma arma que proporciona tiros rápidos e contínuos, seu especial faz com que temporariamente ele comece a atirar em uma velocidade insana.
- Ownage Olga, a Sniper — esta linda garota de cabelos negros é tão bela quanto mortal, conseguindo atirar de uma longa distância com uma enorme precisão, seu especial consiste em colocar uma mina terrestre que explode poucos segundos depois de colocada ao chão.
- Rampage Rufus, Close Combat — apesar de lembrar muito Sir Hammerlock, da série Borderlands, Rufus não é um sniper, muito menos um cavalheiro, ele se utiliza de armas de curto alcance, como serras elétricas e espadas e, quando os inimigos se acumulam ao se redor, dá conta deles com uma explosão que provoca dano em todos os inimigos à sua volta.
- Destructobot, o Walking Tank — não tem como negar a semelhança deste robô com o ED-209, presente na franquia de filmes Robocop, de qualquer maneira, ele não será nem o primeiro nem o último a se inspirar nele. Destructobot é sem dúvida alguma o mais lento dos quatro personagens, tanto em questão de mobilidade quanto para carregar a sua arma, porém compensa isso com duas machine guns e uma resistência a dano incomparável. Seu especial consiste em soltar dezenas de misseis continuamente.
O objetivo do game é basicamente destruir o Boss local para que você possa prosseguir para a próxima fase. Em outras palavras, diferentemente de outros jogos, existe a possibilidade de fugir dos minions e correr direto para o chefe do estágio, sem muita dificuldade, entretanto as batalhas em si são difíceis, logo recomenda-se que se progrida alguns níveis antes de enfrenta-lo, para aumentar o valor de suas habilidades e adquirir novas skills.
Infelizmente, até o momento, o game possui pouca variedade de skills, principalmente comparado a grandes destaques do gênero, como Diablo II (Multi) e Torchlight II (PC) – todas as skills das quatro classes de personagem reunidas não chegam nem próximo da quantidade de skills de uma única classe de personagem desses jogos.
Outro elemento que incomoda é o fato de somente se poder melhorar o personagem — aumentar status e adicionar novas skills — fora das missões, o que além de ser pouco intuitivo, quebra o ritmo do jogo. Esperamos que futuramente seja permitido distribuir os pontos de status e skills durante as fases, mesmo correndo o risco de morrer no processo.
As classes do jogo estão bastante desbalanceadas, por exemplo, a Sniper, apesar de provocar critical hits, não gera muito dano quando comparado às outras classes. Todavia, esse tipo de problema é bastante normal, até mesmo para jogos que foram terminados e estão há algum tempo no mercado.
A geração procedural também não é uma das melhores coisas do game, trazendo pouca variedade a cada partida, principalmente quanto à disposição do cenário, que é sempre semelhante, e aos bosses, que permanecem sempre os mesmos. Aliás, mesmo outros elementos roguelikes, como dificuldade e a permadeath, parecem não combinar com o estilo do jogo, fazendo com que essas características sirvam mais para disfarçar o tamanho do jogo, que dura apenas algumas poucas horas.
E, por fim, mas não menos importante, Rogue Continuum ainda não possui um modo multiplayer online, o que provavelmente será um dos seus maiores atrativos. Os desenvolvedores especulam que irá demorar pelo menos mais um ou dois meses para sua implementação.
Roguelikes estão na moda, mas não combinam com tudo, querida
Pelo que nos foi apresentado até o momento, apesar deste gênero ter saturado o mercado na década passada, podemos dizer que Rogue Continuum tem potencial, pois traz novas classes e uma história que provoca curiosidade, porém é essencial que, de duas uma: ou eles desenvolvam melhor os elementos de roguelike presentes no game ou que os retire de vez, o que também exigirá o rebalançeamento do jogo, além de outras prováveis modificações.
Revisão: Alberto Canen