Tendo jogado no final de semana algumas boas horas dessa mais nova aposta da Ubisoft, Rainbow Six Siege me deixou com sentimentos conflitantes. Ao passo em que é capaz de demonstrar versatilidade, bom uso de cenários destrutíveis e recompensar trabalho em equipe, o jogo tem alguns péssimos problemas, sendo o maior deles a monotonia. Como joguei no PS4, este teste foi focado na experiência nessa plataforma.
Ritmo e estratégia
O beta possuía dois modos: em um deles é necessário completar objetivos enquanto o time deve defender-se de ondas de inimigos (controlados por computador); no outro é onde acontece o clássico mata-mata em equipes, no qual há duas condições para a vitória: aniquilar o time inimigo ou completar o objetivo dado (pode variar entre desarmar bombas ou matar o refém).As partidas sempre começam com a escolha de seus personagens, que possuem habilidades e gadgets próprios para melhorar o rendimento geral do time. Esses gadgets exclusivos vão de escudos blindados, géis explosivos e até interruptores de drones. Depois que cada um escolhe seu personagem e local de aparecimento, é iniciada a fase de planejamento.
Nela, os jogadores têm quarenta segundos e objetivos diferentes dependendo do lado em que estão, sendo os terroristas encarregados de defender uma bomba e os “policiais” de encontrá-la. Neste momento o sentimento de pressa é constante: os terroristas tentam ao máximo barricar portas, reforçar paredes, jogar arames no chão para reduzir a mobilidade do time inimigo e armar explosivos; os policiais tentam rastrear o esconderijo dos oponentes por meio do uso de drones (destrutíveis) e, se encontrá-lo, já podem planejar como se infiltrar e derrotar inimigos com maior eficiência.
É nesse momento que o jogo mostra toda a sua versatilidade: os terroristas acuados devem fazer o máximo para defender sua posição e os policiais podem entrar virtualmente por qualquer lugar. A graça aqui é explodir paredes, usar rapel para destruir janelas, tetos de vidro e todo e qualquer vacilo pode custar a vitória do seu time: um personagem aliado morto significa menos habilidades, menos armas, mais lugares para defender e maior tensão para os membros da equipe. Se os dois times tiverem boa comunicação e habilidade, os confrontos serão muito tensos.
Cenário destrutível
Uma das coisas mais esperadas para este jogo é a possibilidade de pintar e bordar com o próprio cenário, sendo possível quebrar frações das paredes para usar de vantagem tática. Posso dizer que pelo beta já deu para ver que o jogo explora isso muito bem, já que tecnicamente qualquer parede é destrutível e dá para fazer pequenos furos e até grandes buracos. Para aqueles que defendem, isto é um completo pesadelo, fazendo com que os times tenham de reforçar as paredes antes de tentar se esconder atrás delas, além de que, se você parar pra pensar, qualquer parede e janela vira uma possível porta.Vale também dizer que para tal o jogo sofre com algumas texturas ruins e os gráficos no geral não impressionam. Várias paredes são isentas de detalhes e os cenários dão uma grande sensação de mesmice. Pode ser que até o jogo final a capacidade gráfica melhore, mas o que vi no beta foi bem “normal” para a oitava geração.
Os membros do esquadrão
Tive a oportunidade de testar apenas alguns dos personagens, já que a maioria deles requeria grande quantidade de pontos para desbloquear e nível elevado. No total havia dez Operadores (Operants) com as mais variadas qualidades. Sledge pode usar sua marreta para despedaçar paredes, Mute carrega consigo um obstrutor que desabilita drones, Smoke possui explosivos que quando detonados soltam um gás nocivo, Thermite usa suas bombas para destruir paredes com reforço, Doc pode usar estimulantes para reviver aliados mais rapidamente e vários outros.Esses foram os que testei (ou joguei contra), e posso comprovar que cada um tem seu próprio papel na equipe. Se eu estava de Thermite, os jogadores esperavam que eu destruísse paredes próximas ao objetivo, se estava de Smoke devia soltar o gás na sala inimiga para facilitar a infiltração e assim por diante.
O enfadonho beta
Depois de dizer tudo isto, e apesar de sentir que o jogo possui potencial, ele não me impressionou muito. Quero dizer, é legal explodir paredes, tentar agir como um time, mas partidas realmente boas são extremamente difíceis de acontecer e depender da habilidade de outras pessoas é complicado. Muitas vezes fui morto por granadas ou tiros de aliados, várias e várias vezes o Sledge não destruía paredes e por aí vai.Rainbow Six Siege tenta muito inovar e trazer um cenário competitivo, mas o próprio beta já mostra possivelmente como as coisas serão: várias pessoas tentando interagir sem um pingo de comunicação. Fora que, apesar de algumas partidas apresentarem um ritmo tenso, elas acabam tão rápido quanto começam porque alguém já fez uma burrada terrível ou esqueceu de reforçar a parede e uma bomba explodiu logo atrás dela. Se você tiver um time de amigos, excelente. Se não? Boa sorte.
É fácil dizer também que o beta mostrou um jogo em que o cansaço e a mesmice serão grandes amigos. Os objetivos são sempre simples, as ações, as mesmas e, apesar da versatilidade, a impressão de tédio é constante. Logo na minha segunda hora de jogo, Rainbow Six já me deixava entediado. Entre ali, desarme aquela bomba, espere o inimigo chegar, solte alguns arames, reforce paredes e repita o processo mais umas vinte vezes. Pode ser que no lançamento, com a adição de novos personagens e maior rotação de modos isso mude, mas até lá, é cruzar os dedos e esperar para ver.
Impressionou?
Não muito e não posso dizer que não era esperado. Jogos que dependem fortemente de equipes são difíceis de domar e aproveitar, principalmente se estiver jogando sozinho. O ritmo do jogo é muitas vezes devagar e fazer a mesma coisa várias vezes seguidas é no mínimo cansativo, apesar das opções táticas. O jogo oferece muito planejamento e estudo de maneiras mais eficientes de se jogar como um time, e para aproveitá-lo é bom mesmo que você tenha um.Rainbow Six Siege está com data de lançamento prevista para 1° de dezembro de 2015 para as plataformas PC, PS4 e XBO.
Revisão: Vitor Tibério