Alan Wake: conheça um dos protagonistas mais enigmáticos dos games

Muitas perguntas estão em aberto sobre o enredo, mas Alan dá algumas dicas do que pode ter acontecido.

em 18/10/2015
Em meio a tantos jogos de terror psicológico com policiais e caminhoneiros como protagonistas, o game Alan Wake (X360) se destacou em 2010, ano em que foi lançado (o game também saiu para PC em 2012), por apresentar um mundo passivo às transformações impostas diretamente por seu personagem principal, trazendo uma narrativa em primeira pessoa capaz de deixar muitos escritores de romance com inveja.

[Alerta: o texto possui spoilers!]

Neste jogo, Alan Wake, cujo nome sustenta o título, é um escritor renomado que anda desanimado por conta de um lapso de criatividade, o que o leva a partir em uma viagem rumo a Bright Falls com sua esposa Alice em busca de paz e descanso. Porém, esta cidadezinha típica norte-americana já teve dias melhores.

Controlada pela Presença Sombria, um mal obscuro que faz uso das habilidades de escritores para aumentar seu poder transformando histórias fictícias em realidade, Bright Falls alterna entre paraíso com vizinhança receptiva de dia e inferno com psicopatas possuídos pelas sombras ao cair da noite.

Realidade ou pesadelo?

Após a hospedagem do casal em um chalé que fica no meio de um lago afastado da cidade, uma discussão é iniciada quando Alan descobre que Alice havia levado uma máquina de escrever, na esperança de que o lugar pudesse trazer de volta a criatividade do escritor.

As luzes do chalé se apagam e, com o desaparecimento de sua esposa, vista pela última vez dentro das águas escuras do lago, que na verdade é onde adormecia a Presença Sombria, Alan se vê em uma aventura sem volta que testará sua sanidade a todo instante. Ao longo do jogo, recolhemos páginas de um manuscrito chamado "Departure", assinado pelo protagonista. Apesar de não se lembrar de tê-lo escrito, Alan reconhece o título e diz ter planejado criar um livro com esse nome. Essa coincidência  que mais parecia uma brincadeira de péssimo gosto  poderia até ser ignorada, se essas páginas não fossem capazes de antecipar os acontecimentos da trama.
Não se engane... Cauldron Lake pode parecer um sonho de lugar, só que é onde começa um verdadeiro pesadelo.

Dupla personalidade

No início do jogo, é difícil dizer porque Alan havia escrito aquela história sombria. Ele mesmo não fazia ideia...mas com o tempo, alguns vídeos são apresentados para que tomemos conhecimento disso, e Alan também, já que não recordava do que havia acontecido em uma semana inteira (antes de seu acidente de carro). 

Vemos que na verdade a Presença Sombria havia dominado o personagem por alguns dias para que trabalhasse nisso, em busca de mais poder. Só que Alan teve seus surtos de lucidez durante essas sessões, contando com o apoio de Thomas Zane. Em alguns momentos, é possível acreditar que o personagem tenha sido corrompido completamente e que tudo aquilo que acompanhamos (o estranhamento com a realidade) é apenas o resultado de uma perca de memória.

O equilíbrio

Thomas Zane, o primeiro escritor a ser manipulado, que foi capaz de aprisionar a Presença Sombria no lago, guia Alan e ensina-o que a única forma de atingir as sombras é com o uso da Luz, fundamental até mesmo na mecânica do jogo (quantas vezes vocês não ficaram aliviados por alcançar um poste de luz no meio da floresta, hein?).

Em sua tentativa de acabar com a Presença Sombria, Thomas forçou um "final feliz" e não obteve sucesso. Não de forma permanente. Para não correr o mesmo risco, Alan acreditava que a única forma de por um fim neste mal era preciso por em equilíbrio a "equação" entre o bem e o mal. E por isso, ele próprio dificultou seu caminho até a batalha final nos momentos em que escreveu a história sem o controle absoluto do mal.
Thomas Zane: "siga a Luz."

Mr. Scratch

Mr. Scratch é uma versão alternativa de Alan. Na verdade, sua parte irracional separada de seu corpo após os eventos ocorridos no jogo principal. Com papel melhor explorado nas DLCs The Signal e The Writer, assim como no título Alan Wake: American Nightmare, este vilão é quem tenta manter Alan longe da realidade, aprisionado nesse pesadelo sem fim.
Mr. Scratch pode até ter sido criado a partir de Alan, mas possui um humor bem estranho... É o típico psicopata. 

Final? Que final?

Para ter sua amada de volta, Alan sabia que um sacrifício seria necessário. Lançou-se no lago, onde tudo começou após ter acabado com a Presença, o que levantou uma série de dúvidas nos jogadores sobre o que de fato aconteceu.

Teria Alan reescrito a história em algum momento, transformando tudo aquilo em um sonho (a forma mais segura de controlar a situação, arriscando sua sanidade ao manter o mundo real a salvo e seus ente queridos também), ou a frase "Acorde, Alan", ouvida pelo jogador no final do game seria uma forma de a Presença enganar Alan (e a nós também!), mantendo-o em transe, escrevendo, enquanto ele acredita ter salvado o mundo? Será que é a vez de Alice tentar resgatar seu marido desaparecido? São muitas as possibilidades, mas uma coisa é certa: esteja louco, ou não, e seja lá qual for o real paradeiro de Alan Wake, sua habilidade de dedução, seu espírito heroico e sua percepção de que é necessário haver sempre o equilíbrio entre o bem e o mal, fazem dele um personagem enriquecedor mesmo na história mais maluca possível. Esperamos revê-lo em breve...
Um final feliz para o casal seria legal, por mais difícil que isso possa parecer após o final do primeiro jogo.
Revisão: Luigi Santana
Capa: Nívia Costa


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