Programas sobre games na TV aberta: funcionam?

Numa época em que blogs e vlogs ganham cada vez mais atenção, novos programas de TV sobre games são lançados, mas será que ainda existe espaço para esses programas?

em 28/08/2015
Programas sobre games na TV aberta não são novidade, desde a década de 90 diversos programas já foram ao ar em praticamente todas as emissoras. Na maioria das vezes os programas não duravam mais do que um ano na programação. Informações incompletas ou incorretas e abordagem que não falava a mesma língua do seu público alvo eram os principais motivos para o declínio.



Recentemente surgiram novos programas sobre games na TV aberta. O programa Madrugames da Rede Globo era apresentado na madrugada e por isso não fez muito sucesso. Já o E-Games, da RedeTV, continua firme e forte. Entre acertos e erros, o programa vem ganhando notoriedade e merece atenção dos jogadores.

Os programas exibidos na TV aberta

Mar Games (1992 a 2007) — Manchete/Record: O programa mais antigo é também o que mais tempo ficou no ar. O motivo é simples: foi o melhor programa sobre games já exibido na TV aberta no Brasil. Ele funcionava como uma revista na TV, tinha uma sessão de novidades, detonados e dicas e truques. Tudo isso apresentado por pessoas que sabiam do que estavam falando. Num período no qual a internet ainda engatinhava, o Mar Games era a melhor forma de se atualizar no mundo dos games. O programa chegou ao fim quando a Rede Record comprou a TV Mar e resolveu retirar alguns de seus programas da programação.


Play Game (1993) — SBT: Completamente voltado para o público infantil, era apresentado por um Gugu Liberato mais descontraído, com roupas coloridas no lugar dos ternos bem alinhados. O programa tinha parceria com a Tectoy, e por isso só exibia jogos da Sega. Não era um programa muito informativo e se preocupava mais em fazer gincanas e desafios.

G4 Brasil (2002 a 2006) — Bandeirantes: A internet ainda não tinha o YouTube, sendo assim era possível obter apenas imagens dos lançamentos. Talvez por isso o programa era focado em exibir vídeos de lançamentos dos games, o que era até uma boa ideia, mas só isso não iria manter o programa atrativo.

MTV Games (2011 a 2013) — MTV: Apresentado por PC Siqueira e Diego Quinteiro, foi um programa moderno e muito parecido com o trabalho realizado por vários youtubers. O programa mostrava gameplay dos principais lançamentos do mercado, recebia convidados e visitava diversos eventos de game, a fim de trazer novidades fresquinhas. Assim como o Mar Games, foi um programa muito bem feito, pena que durou pouco tempo. Em 30 de setembro de 2013 o canal encerrou suas atividades na TV aberta.

MTV Games

Madrugames (2014 a 2015) — Globo: No papel tinha tudo pra dar certo. Notícias atualizadas, convidados do e-sports e expansão de conteúdo através do site G1. Tudo muito moderno e dialogando com as expectativas dos jogadores. Mas o programa entrava no ar às quatro horas da manhã do domingo e praticamente não foi divulgado. Um erro fatal para uma emissora que tem a maior atenção dos telespectadores, que culminou com o encerramento do programa no mês de janeiro.

Madrugames recebe Erick Moreira, o Chuchu, Campeão brasileiro de Street Fighter IV

E-Games (2015) — RedeTV: Por enquanto vem se mostrando um belo programa, apesar de pecar na apresentação da Gabriela Pasqualin, que não demonstra conhecimento da área. O programa tem foco nos e-sports, conta com diversos convidados que deixam o programa mais atraente e mantém temas interessantes. Diferentemente dos outros programas, o E-Games não tem intenção de mostrar gameplay ou mostrar os lançamentos do mercado. O foco está nas disputas online e no debate com os convidados, e até agora tem dado certo.


Concorrência pesada

O principal problema dos programas sobre games na TV é um problema geral da TV. A internet vem desbancando qualquer programa informativo da televisão. Com informações atualizadas e de fácil acesso, mesmo programas consagrados como o Jornal Nacional da Rede Globo estão perdendo audiência. Esse cenário só piora com programas sobre tecnologias, uma vez que o público alvo destes programas está acostumado a obter informações na internet.

Pra piorar a situação, o número de blogs e vlogs cresce sem parar. E ao contrário do que pensam alguns céticos, a maioria é feita com muita qualidade. Blogs como Jogorama e Gamesfoda, além do GameBlast, trazem notícias fresquinhas e matérias sobre diversos assuntos. Tudo com muita qualidade. Mas se você faz questão do vídeo, é possível assistir ao gameplay de um jogo poucas horas após o seu lançamento no canal do Zangado. Já o canal do Muca Muriçoca faz a cobertura dos principais eventos de games unindo informação e diversão.

O canal Jovem Nerd fala de games e diversos outros assuntos geeks
Todo esse conteúdo é atualizado diariamente enquanto que os programas da TV geralmente são exibidos uma vez por semana. Portanto, fica difícil disputar com a internet, então o que resta é inovar.

Expectativas para o E-Games

O E-Games está no caminho certo. Com diversos convidados no programa, os debates são enriquecidos com diversas opiniões. O programa também organiza disputas online entre equipes consagradas no cenário nacional, tudo com comentários das principais jogadas.

Um dos pontos fortes do programa são as entrevistas e a cobertura de eventos. Algo que uma equipe de TV pode fazer com mais qualidade que um youtuber, uma vez que dispõe de mais recursos. O programa que exibiu a cobertura da final do campeonato brasileiro de League Of Legends (PC) foi excelente. No auditório, convidados com experiência em LoL debatiam os acontecimentos da grande final. Durante o programa foram exibidas entrevistas com as equipes, realizadas ao longo da semana decisiva e durante o evento, uma equipe entrevistava torcedores e mostrava todo o clima da grande final.

Entrevista com Thulio Carlos (SirT), caçador da equipe paingame.

O programa ainda não é um primor de qualidade, mas o público tem se mostrado paciente com o programa. Mesmo após os absurdos cometidos ao falar da franquia Pokémon, quando eles não apenas erraram, mas chegaram a inventar imagens sobre os jogos da franquia.

Após os erros cometidos, a equipe do E-Games pediu desculpas aos telespectadores em sua página no Facebook e corrigiu as informações.

Organização é a palavra que os responsáveis do programa da RedeTV precisam aplicar nas próximas edições. Como o programa é ao vivo e quer atuar em um ritmo frenético que gira em torno de redes sociais, interação com convidados, matérias e campeonatos ao vivo de jogos em apenas 45 minutos, tudo tem que ser bem apresentado para atingir o sucesso que todos nós esperamos.

Por que é importante dar certo

Com mais informações sobre games, todos nós ganhamos, principalmente se essas informações estiverem espalhadas por todo o tipo de mídia. A televisão é um dos principais veículos de propaganda, e quanto maior a visibilidade dos games, maior a chance de um desenvolvedor independente conseguir recursos pra desenvolver um jogo ou de um atleta dos games conseguir patrocínio.

Esse novo programa sobre games tem tudo para dar certo na televisão aberta, ainda mais no momento de ebulição dos atletas e competidores que crescem ano a ano. Acreditando que o E-Games da RedeTV conseguirá emplacar, mas para isso precisa sofrer um direcionamento melhor para não cansar a paciência do telespectador.



O programa vai ao ar todo sábado às 18:30, horário de brasília, então vamos dar uma força para ele, para que a audiência consiga bons índices e que não seja somente mais um programa passageiro na TV e sim mais uma fonte de informação para todos nós.

Se você ainda não assistiu ao programa, vale a pena conferir. Se já assistiu, deixe seu comentário e sua opinião sobre os programas sobre games na TV aberta.

Revisão: Vitor Tibério
Capa: Diego Migueis

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.