Hacknet (PC) torna o hackerismo divertido

Trazendo uma experiência ao mesmo tempo autêntica e acessível, Hacknet é um simulador de hackerismo “de verdade”.

em 30/07/2015
Na televisão, cinema e literatura, a ciência da computação parece ser incrivelmente divertida. Computadores são terminais mágicos, hackers grandes espiões cibernéticos e siglas como “IRC” e “html” tomam ares quase que místicos. Na vida real, entretanto, programar e invadir sistemas são tarefas bem mais mundanas, cansativas e tediosas. Por mais que muitos tenham a computação como um hobby, ela é uma área de trabalho, não de entretenimento.


Por isso, à primeira vista, a premissa de Hacknet (PC) é, no mínimo, inusitada. Em vez de se focar na mítica entorno do hackerismo, o jogo simula práticas e procedimentos reais usados na invasão e derrubada de sistemas — de uma forma bem mais simplificada, mas com muito mais precisão do que a abordagem usada pela cultura pop.
Até mesmo na criação de sua interface houve um cuidado para ser o mais autêntico possível. O jogador tem à sua disposição um terminal em que deve digitar comandos — comandos estes com sintaxe similar (quando não iguais) a do Unix shell. Programadores e analistas de sistema se sentirão em casa.

Como o jogo não quer limitar seu público à parcela mínima da população mundial que sabe programar, há também uma interface gráfica que abstrai vários elementos do terminal. Apesar de acessível, o resultado final não tira o aparência “técnica” da estética. A interface é muito bem construída para que o jogador se sinta um hacker “de verdade”.

Help

Mas sentir-se um hacker é diferente de ser um. Por isso, em seus primeiros minutos o game se foca em ensinar os comandos básicos para navegação, investigação de sistema e (claro) invasão. Eles servem como as mecânicas do jogo e são sua principal forma de interação com o mundo de Hacknet. Para quem está familiarizado com Linux e sistemas Unix, esta primeira parte mais parece uma aula virtual de uma versão simplificada do BASH (se você não sabe o que BASH significa: continue assim!).

Quando os primeiros programas e ferramentas de quebra de segurança são adquiridos é que começa o hackerismo “de verdade”. A partir deste momento, o jogo se transforma numa espécie de quebra-cabeça sequencial. O procedimento é simples e linear: verificar quais portas de comunicação da maquina que se pretende invadir estão abertas e, se alguma estiver fechada, abrí-la com o programa certo, digitando seu nome no terminal. A adição constante de novas barreiras e programas para quebrá-las garante que o título não fique repetitivo rapidamente.

É um processo instigante, mas não exatamente a coisa mais emocionante do mundo. Se qualquer coisa, a experiência é muito mais contemplativa. A música calma, interface minimalista e ritmo do jogo são extremamente calmantes. Quer dizer, até você começar a derrubar o seu primeiro servidor.

Takedown

Quando você recebe a missão de derrubar um servidor, as instruções são claras: não deixe rastros, use todos os seus recursos e seja rápido. Ao invadir a máquina, tudo muda. A música fica frenética, a tela psicodélica e, pela primeira vez, você tem um tempo limite para executar suas ações.

Estas simples mudanças trazem uma sensação de urgência gigantesca. Os simples procedimentos aprendidos até aquele momento se tornam muito mais desafiadores de se executar quando se sente que há algo em jogo — e tornam-se muito mais divertidos de se realizar por isso.
Destruído o servidor, a demo se encerra. A experiência apresentada, que cobre as mecânicas básicas e alguns conceitos avançados do jogo final, tem cerca de 1 hora. Tempo curto, mas o suficiente para mostrar o que Hacknet realmente será. Ele usa sem medo todas as partes chatas e entediantes da computação. Entretanto, ele não é menor ou ruim por isso. Muito pelo contrário, faz bom uso de suas inspirações e, mesmo com toda sua autenticidade, seu espírito é igual ao da computação como vista na TV e cinema: frenético, cheio de adrenalina e glamour. Certamente um título que agradará tanto programadores quanto pessoas “normais”.

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.