Into the Stars (PC) deixará a viagem espacial bonita e tediosa

Fugindo e sobrevivendo em uma galáxia desconhecida, o jogo vai apostar no mundo aberto para conquistar os jogadores, será suficiente?

em 26/07/2015
Há alguns anos um despretencioso jogo indie conseguiu trazer tudo o que os fãs de ficção científica esperaram por muito tempo. FTL - Faster Than Light (PC) apresentou uma mistura de estratégia em tempo real, RPG por texto, e Rogue-like, tudo isso a abordo de uma espaçonave fugido desesperadamente de uma armada inimiga.


Fatalmente FLT inspiraria outros tantos desenvolvedores em seus futuros jogos, e é o caso deste Into the Stars (PC) que assume claramente sua inspiração no jovem clássico. Sendo assim, impossível analisar esta demo, disponibilizada por meio de acesso antecipado, sem comparar com aquele a quem ele se identifica.

A fuga continua

Do que foi disponibilizado, não há nada sobre o enredo, no entanto, ele está descrito na página do jogo na Steam. Lá ele é revelado como, realmente, construído em cima de FTL com um toque de várias outras convenções do gênero. Uma raça humanoide foi atacada seguidamente durante 10 anos por uma horrorosa espécie conhecida como Skorn, até que a civilização já não mais resistiu, e foram lançadas naves Arcas, contendo o que restou de humanos para buscar um novo planeta para abrigá-los.
Antes de começar a viagem, é preciso escolher os membros da tripulação, sistemas e recursos iniciais da nave. Um processo muito demorado.
Controlando uma dessas naves, o jogo se desenvolve na travessia de uma galáxia, de uma ponta a outra, buscando um novo planeta para abrigar a civilização restante enquanto fugimos de naves Skorn espalhadas pelo local.

Diferente da mecânica mais comum da viagem no espaço (e a usada de FTL), o jogo não trabalha com "saltos" entre os sistemas planetários; é preciso ir viajando de um planeta para o outro "manualmente". Claro que essa navegação é com escala reduzida, e não estamos anos-luz de um planeta a outro.

Sobrevivendo

A jogabilidade de Into de Stars é focada, na verdade, na sobrevivência da sua nave por essa galáxia. A viagem poderia, no limite, ser realizada em linha reta, no entanto, isso não é viável. É necessário explorar o maior número de planetas o possível pois é preciso captar recursos para que a população civil a bordo de sua nave consiga ser transportada com vida até o final.
A capitação de recursos é feita em uma espécie de mini-game, é preciso navegar a sonda pelo solo coletando cada um dos recursos. 
Os recursos primordiais são o oxigênio para o suporte de vida e matéria prima para os sintetizadores de comida, além de combustível para a nave e para as sondas e naves auxiliares. E você conquista esses recursos fazendo expedições de mineração em cada planeta.

Além disso, durante as viagens você pode encontrar naves Skorn, e será necessários enfrentá-los. No entanto, apesar de você, de fato, pilotar a nave enquanto viaja no espaço; isso não ocorre no combate. O sistema de batalha é simples até demais, cada funcionalidade da nave tem um temporizador que você deve acionar para atacar ou defender o adversário.

Navegação bela e tediosa

Como você precisa navegar manualmente entre os planetas, o que não demora mais que um a três minutos dependendo de cada local, o jogo coloca algumas "atividades" para preencher esse espaço de tempo. Enquanto a nave viaja, a população civil que você transporta (assim como a própria embarcação) apresenta alguns problemas, como ação de gangues, doenças ou equipamentos defeituosos em que é necessário deslocar um membro da tripulação para resolver.

Percebe-se que os desenvolvedores já notaram a principal falha do jogo, que é uma experiência bastante tediosa. Ainda que muito preocupado com um visual muito bonito e polido, o jogo aponta como seu diferencial o ambiente 3D e a exploração de mundo aberto; que, no verdade, não serve para muita coisa. Todas as ações principais da jogabilidade, o combate e a captação de recursos, não são realizadas nesse sistema. Pilotar a nave não tem funcionalidade nenhuma no jogo em si, apenas se deslocar um planeta a outro.
Tela de Combate, sem pilotagem nem estratégia, apenas esperando o momento certo de apertar cada botão.
Existem outros problemas menores, especialmente no uso dos menus (por exemplo a quantidade de recursos a serem transportada, na casa de centenas, que é selecionada clicando em setinhas), ou então o demorado processo de iniciar a aventura, mas isso os desenvolvedores já se prontificaram a aprimorar.

No entanto, ainda assim, apesar de uma premissa interessante e uma excelente inspiração, o jogo tem um grave problema de jogabilidade que, aparentemente, não há como ser resolvido sem repensar o jogo todo. O ambiente 3D, a exploração e a pilotagem servem para muito pouco na jogabilidade, que é focada na sobrevivência, e não são usadas no combate.

É na verdade, mais um exemplo significativo do desgaste que o gênero de mundo aberto está sofrendo. Apesar de não estar exatamente nesse aspecto do jogo o problema, ele aposta praticamente tudo só nessa característica. As demais mecânicas do jogo são muito básicas e não tem relação nenhuma com o mundo aberto. Into the Stars acredita que é um bom jogo, e pode se diferenciar dos demais, apenas por proporcionar instantes de tediosa viagem livre pelo espaço.

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