Análise: No Time To Explain Remastered (PC) — por que viagens no tempo são tão legais

Com uma mecânica de jogo interessante e bastante humor, a obra da tinyBuild tem potencial, mas a dificuldade alta demais estragou tudo.

em 25/07/2015

No Time To Explain Remastered (PC), feito pela desenvolvedora independente tinyBuild, é um action-platformer que traz um bom enredo, toneladas de humor e momentos épicos de cair o queixo, somados a uma boa mecânica de jogo. Essa versão remasterizada que foi lançada recentemente na Steam, e que está a caminho do Xbox One, teve modificações interessantes em relação ao original, mas teve seu grande potencial desperdiçado devido principalmente à sua dificuldade desbalanceada.

Muito mais do que uma simples arma

O jogo possui uma mecânica bem chamativa: sua arma não apenas danifica seus inimigos, mas serve também como um meio de transporte. Algo parecido com uma Portal Gun misturada com jetpack. A jogabilidade é fluida e não existe um tutorial, mas não é nada complexo, basta mover a mira com o mouse e atirar.
"I believe I can fly! I believe I can touch..."
Ao ser reconstruído na engine Unity, a mecânica se manteve intacta, mas a forma como foi executada em determinada fase mudou tudo, trazendo variedade. Um bom exemplo é a terceira fase onde você joga com o jogador de futebol americano, o canhão dele não dispara lasers, mas te catapulta para longe de tão forte. Os visuais certamente não mudaram muito, mas o jogo ficou mais difícil.

Louco é pouco

Humor não falta no jogo da tinyBuild. As poucas falas e cenas no jogo rendem um sorriso ou uma boa risada. Fora que não faltam momentos bizarros no título — ou vai me dizer que um mundo feito de açúcar e doces tem alguma relação plausível com viagens no tempo? Não, o bolo a qual se referiam no decorrer da trama não tinha relação com Portal (PC).

Mas, afinal de contas, qual é a premissa e o enredo do jogo? A ideia do mesmo é você salvar o futuro, mas precisamente seu “eu do futuro”. O que te põe em inúmeras realidades paralelas devido a mudanças na linha do tempo. É quase como O Exterminador do Futuro… se Kyle Reese tivesse sido raptado por um fruto-do-mar assassino e Sarah Connor tivesse que salvá-lo.
Por que, sr. Sirigueijo? Por que!?!
Também não faltam momentos épicos no jogo. Por acaso, a possibilidade de enfrentar um “tubarão-lula” com uma arma de raios e um solo de guitarra ao fundo não é demais? Isso     leva a outro ponto interessante do jogo: a trilha sonora, ela é a o ponto forte de muitos momentos, pois se encaixa em várias vezes na jogatina de forma memorável.

Além disso, o game possui chapéus colecionáveis que alteram o visual do personagem e deixam a experiência ainda mais divertida! Estão espalhados pelo jogo e são 60 no total. Vale detalhar que seus efeitos são extremamente aleatórios, o que os torna engraçados. Ainda assim, os chapéus apenas alteram seu personagem cosmeticamente, o que não afeta a jogabilidade em nada.

Quando foi que pisaram na bola? 

O jogo da tinyBuild tem, como característica gritante, níveis bem construídos, no entanto, basta um deslize e você já era. Isso não é algo irritante no início do jogo, mas a dificuldade progride de forma desbalanceada, em um nível tão alto que se torna irritante.
Depois desse boss as coisas passam a ser um inferno.
A exemplo da terceira boss battle, em que você enfrenta o núcleo de uma nave alienígena que é protegida por uma casca, basta destruí-la para que a esfera caia e você possa causar-lhe dano. Parece fácil, não? Seria, se não houvesse entulho pesado caindo na sua direção, esferas gravitacionais que mudassem a direção de seu tiro dependendo de seu ângulo e se a esfera não eletrizasse e chão toda vez que caísse.

Também existe o exemplo das fases como as que o ocorrem na nave espacial, com espinhos por todo lado e você necessitando de reflexos rápidos para não cair ou ser catapultado rumo a eles (Mega Man mandou um abraço). Tudo aqui tem um padrão para ser superado, assim como todos os elementos do jogo podem agir contra e ao seu favor.
SPACESHIP!
Mas o jogo não te perdoa e é ai que mora o problema. Com exceção das boss battles, onde você tem três vidas, o resto é quase como uma tacada de sorte. Um passo em falso nos níveis comuns e você já era, a dificuldade do jogo remete e muito o que fora visto em I Wanna Be The Guy (PC).

Com os amigos é muito melhor

O jogo também possui um multiplayer cooperativo, o que é uma adição muito inteligente à obra. Resolver os puzzles ao lado de três outros jogadores pode facilitar ou atrapalhar as coisas, dependendo da situação e da disposição de seus companheiros, fora que todos podem usar chapéus diferentes.
Ainda que seja essa maldita fase...
A forma como o modo de cooperação funciona é bem interessante, já que todos possuem a mesma arma e condições em mãos, e cabe aos jogadores usar sua massa cinzenta para superar os obstáculos. O interessante a ressaltar é que o multiplayer é local, o que pode tornar as coisas um pouco diferentes, já que os controles tradicionais (mouse e teclado) podem ser alterados com mais pessoas jogando ao mesmo tempo. Ainda assim, o multiplayer online faz falta.

Pegaram pesado...

No Time To Explain Remastered é um jogo indie de peso. A forma como foi refeito e as diferenças (adições) em relação ao título original o tornam um título mais completo, mas a dificuldade irrita, podendo estragar algo que era para divertir.

Prós

  • Multiplayer local é uma ótima adição;
  • Mecânica interessante;
  • Boa trilha sonora;
  • Variedade quanto ao level design e as boss battles.

Contras

  • Preço ainda alto;
  • A dificuldade é alta demais;
  • Falta do multiplayer online.   
                         No Time To Explain: Remastered — PC — Nota: 6.0

Revisor: Alberto Canen
Capa: Felipe Fabrício




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