Em 2012, um grupo musical de games, o Multiplayers, resolveu tentar algo inusitado: se reuniu com a Eruditu Orchestra para tocar músicas de vídeo games no Teatro Guaíra, o mais tradicional de Curitiba. Surgia o Games Classic Show, o maior espetáculo de música gamer criado em terras tupiniquins.
Quase três anos depois, no dia 10 de junho de 2015, eu fui novamente ao Guaíra para assistir ao Games Classic Show pela quarta vez. Desta vez fui, junto com outros administradores da Liga N-Blast PR, a convite de alguns dos organizadores para poder escrever esta resenha. Eu adoro assistir a orquestras e adoro música de games, então aceitei o convite com prazer!
Parecido, mas diferente
Como o nome já indica, o Games Classic Show 2.1 é uma variação sobre a segunda edição do espetáculo. Há algumas mudanças em relação ao GCS 2.0, que foi apresentado em 2014.
Uma das novidades foi a abertura do espetáculo com Fabio Lima, o Guitar Gamer do YouTube, que tocou sozinho no violão temas de The Legend of Zelda e Super Mario Bros., e completou com melodias de Cavaleiros do Zodíaco, Dragon Ball e até Bob Esponja. Eu e meus amigos ficamos boquiabertos com a apresentação de Fabio, incrédulos de que todo aquele som saia de apenas um violão.
Terminada a abertura, entra o maestro Carlos Domingues Eruditu, acompanhado de sua orquestra, recebidos com aplausos. Antes de cada música, o enorme telão – muito maior do que em edições anteriores, além de contar com dois telões adicionais nas laterais – mostra uma roleta, que ao terminar de girar indica quais jogos serão homenageados. Desta vez, são God of War, Assassin's Creed e The Elder Scrolls.
As músicas
Ao todo, sequência de músicas tocadas foi a seguinte:
1 - God of War, Assassin's Creed e The Elder Scrolls: Skyrim;
2 - Castlevania e Resident Evil 6;
3 - World of Warcraft e League of Legends;
4 - Metal Gear Solid, Call of Duty e Halo;
5 - Tomb Raider e Uncharted
Bônus - Chrono Trigger, Chrono Cross, Final Fantasy I e VII;
6 - Toren;
7 - Luigi's Mansion, Altered Beast, Golden Axe (I, II e III), Diablo;
8 - Angry Birds, Clash of Clans, Farm Heroes, Jelly Splash e Candy Crush;
9 - Disney (vários) e Kingdom Hearts;
10 - Donkey Kong, Sonic 1 e 2, The Legend of Zelda e Mario.
Especial - The Legend of Zelda
A seleção de músicas do Games Classic Show é um tanto curiosa. Enquanto aprecio as homenagens às composições dos brasileiros Vinícius Kleinsorgen e Antonio Teoli (responsáveis pelas trilhas de Toren e Jelly Splash, respectivamente), não vejo como Clash of Clans, Candy Crush ou até mesmo Altered Beast acrescentam ao concerto. Ao meu ver, existem dúzias de músicas de games mais interessantes que poderiam ter ocupado esse tempo.
Com as exceções das faixas bônus e especial, quase todas foram apresentadas da mesma forma que no Games Classic Show 2.0. As duas faixas adicionadas, na verdade, são reprises da primeira edição do GCS, a pedido de fãs que votaram pelos seus retornos. A faixa de jogos mobile recebeu a adição de Jelly Splash. Assim como no GCS 2.0, somos apresentados com uma grande variedade de músicas, mas algumas foram encurtadas ao ponto de parecerem ter sido tocadas com pressa.
Os arranjos foram fiéis aos originais e muito bem executados. Algumas falhas foram notáveis, como no final de Metal Gear e na passagem para Call of Duty, mas em geral as músicas foram ótimas. Os violinos não estavam com todo o peso que deveriam, então às vezes era difícil de ouvi-los. Esses problemas, contudo, têm se amenizado desde a primeira edição. Uma inclusão talvez desnecessária do GCS 2.1 foi colocar efeitos sonoros dos jogos no meio das músicas, em sincronia com o telão, que normalmente não incomodavam mas às vezes pareciam disputar com a orquestra.
Um problema recorrente dos Games Classic Shows anteriores foi a dessincronização das músicas com os vídeos do telão. Frequentemente a música terminava antes do vídeo, ou vice-versa. Desta vez, a sincronia foi quase perfeita. A única falha notável foi que o vídeo de Call of Duty entrou cedo demais, enquanto Lidia Brandão ainda cantava uma bela versão de "Snake Eater".
Outro ponto positivo em relação às edições anteriores foi uma melhor sinergia na orquestra. Os pequenos deslizes e perda de ritmo foram bem infrequentes e, desta vez acertaram a complicada entrada de "Hyrule Field" de Zelda: Twilight Princess, que desde a primeira edição do show era um momento de falta de sincronia entre os músicos.
Uma celebração musical
O show é completado pelos cosplayers, que encenam personagens dos games em questão no palco do teatro. Algumas das fantasias são fantásticas, e eles fazem um ótimo trabalho em deixar a plateia empolgada.
Enfim, assistir ao Games Classic Show foi novamente uma experiência ótima, recheada de muitas alegrias e poucas tristezas. Eu acho incrível isso tudo ser fruto de uma produção totalmente local, e espero ansiosamente pelas próximas edições do evento, sempre curioso para ver quais games ganharão homenagens.
Colaboração: Guilherme Bittencourt e Emmanuel Santos
Revisão: Farley Santos
Fotografias: Renan Greca
Revisão: Farley Santos
Fotografias: Renan Greca