Propaganda eleitorais bem inesperadas rolaram esse ano. |
Este que vos escreve, mesmo, fez um esforço para evitar comprar determinadas brigas, já que as redes sociais se tornaram um campo de batalha inóspito para a racionalidade. “Intolerância” se tornou o sobrenome de milhões de pessoas, e qualquer assunto era motivo para briga. Céus, vi pessoas discutindo ao ponto de chegar em ofensas, numa conversa comparativa sobre as versões de Pokémon, enquanto outros não mediam palavras para atacar quem preferia PlayStation 4 acima de Xbox One. Experimentasse dizer “qual o problema de gostar dos dois?” para ser o novo alvo dos duros verbetes usados de munição pelas duas facções. É aí que nos lembramos de não alimentar os trolls.
Resumo da base de fãs neste ano. E em todos os outros. |
Ter plena ciência de que algo nunca será plenamente perfeito me permitiu crescer muito nesse ano, tanto na vida gamer quanto jornalística, e até pessoal. Isso me deu a oportunidade de enxergar determinadas situações sobre um novo ponto de vista, ser mais analítico com questões em que precisava ser mais frio e evitar criar uma série de conflitos por conta de opiniões divergentes. Claro que isso não me livrou ainda de ouvir críticas construtivas e destrutivas quando tomei algumas decisões, mas fico satisfeito de saber que, pouco a pouco, aprendo a hora certa de falar e de ficar calado. Existem contras que foram feitos para ser enaltecidos e outros que falam por si só, e o mesmo vale para os prós. É tudo uma questão de olhar mais com a mente, e menos com o coração.
Supostamente, essa a causa original do #GamerGate. |
E isso tudo apenas agravou a minha situação nos esforços de manter-me fora de grandes discussões, porém, nem mesmo as grandes empresas de jogos cooperaram dessa vez. Nunca escondi que sou um grande fã da Ubisoft, mas 2014 foi um período negro para a empresa francesa; marketing demais e produtos de menos reinou em diversos jogos dos últimos períodos, cite-se como exemplo Watch Dogs. Ou o que houve foi uma pressa insistente em criar o melhor produto antes e conquistar os corações (e carteiras) dos jogadores depois, fazendo com que nascessem atrocidades como Assassin’s Creed Unity. O título recebeu uma atualização de remoção de bugs e defeitos com pouco mais de 6 Gb. Gente, isso não é uma atualização, é um novo código-fonte.
Mas foi por uma causa justa. |
Não quero que esse texto se torne uma demagogia forçada, não estou dizendo que sou perfeito, mas, sim, que talvez eu tenha encontrado a estrada dos tijolos de ouro que podem me levar para um maior esclarecimento. Pode ser que isso acabe me jogando em uma vala ainda mais funda? Pode sim, mas considerando que 2014 foi um ano de esclarecimento e evolução para mim, prefiro crer que esteja, ao menos, na direção certa. É só eu não ferrar com tudo no ano que está por vir.
Não podemos apenas jogar e aproveitar uns com os outros? |
Da mesma maneira, espero ter bastante calma e paciência quando for a hora certa de discutir e ensinar. Um professor não se classifica somente pelo seu conhecimento, mas também por sua capacidade de transferir sabedoria. Espero poder ser um bom professor, mesmo para aqueles que não me veem como educador, e que eu não vejo como aluno. Se todos reconhecerem suas posições como mestre e aprendiz para cada ponto da vida, creio que só tenhamos a ganhar a cada novo passo, rumo em direção a evolução.
Torço para que as empresas de games aprendam com os erros e fracassos passados para serem um pouco melhores nos períodos que estão por vir. A verdade é que nenhuma delas jamais será perfeita e agradará gregos e troianos. Mas não cometer deslizes básicos que vão desanimar ambas as regionalidades já é um excelente começo para a estrada do sucesso. Engraçado que eu me sinto muito insignificante ao dizer algo assim; sou apenas um jornalista de jogos de 21 anos, enquanto alguns de meus objetos de trabalho já estão há mais de 100 anos brigando pela sua fatia no mercado. Ou o meu ego que é tão grande, a ponto de me julgar digno de fazer uma crítica a elas, ou são elas que não estão conseguindo acompanhar o ritmo frenético da evolução?
Falta pouco para termos imersão total em games. Mas estamos prontos para isso? |
A minha promessa derradeira é de continuar em 2015 o que eu já comecei em 2014. Acredito que o amadurecimento me tornou, neste ano, um gamer melhor. Entretanto, sei reconhecer que ainda estou longe do ideal, e não devo perder o ritmo agora. Uma ação de cada vez, continuarei dando meu máximo para compreender mais os que estão ao meu redor, ter um maior respeito pela opinião alheia e saber quais lutas valem a briga e quais valem o silêncio.
Fica aqui o meu desejo de que esse texto não tenha sido inútil para você que me acompanhou, seja somente nesses últimos 15 parágrafos, seja em todos esses 366 dias. Torço para que todos tentem encontrar o seu centro e os seus objetivos, e que achem força para continuar com suas Resoluções de Ano Novo nos meses que estão por vir, que só tendem a ser cada vez mais frenéticos. Não tenham medo de defender o que acreditam, mas estejam abertos para aprender algo novo. Essa é a melhor maneira de ter certeza que, quando se perguntarem, no próximo ano, se são gamers melhores, poderão responder que não...
“Este ano eu fui uma pessoa melhor.”
Revisão: Jaime Ninice
Capa: Sérgio Estrella