Infinity Blade: Awakening expande o mundo do jogo original

Escrito por Brandon Sanderson, o livro se passa logo após o jogo e funciona como prelúdio para Infinity Blade II.

em 19/10/2014
Infinity Blade (iOS) foi um ótimo jogo. Possuía várias qualidades como a jogabilidade viciante e a ótima direção de arte. Mas a história deixava um pouco a desejar. Ela não era ruim, mas foi certamente subaproveitada. Ficava claro que havia muito mais por trás do God King — e o final secreto, desvendado após destruir o chefe secreto nas catacumbas do castelo, apenas reforçava isso. Mas ao fim da jornada, o jogador ficava com muito mais perguntas do que respostas. Qual era o propósito do God King? O que a Infinity Blade tinha de tão especial? Quem eram os prisioneiros na catacumba do castelo?


Este livro, escrito por Brandon Sanderson, não responde todas as perguntas. De certa forma, ele até cria outras. Mas ele consegue contextualizar o mundo de Infinity Blade e mostra que, sim, havia de fato muito mais por trás de tudo o que vimos no mundo do jogo — e como ele é curioso e único.

Brandon Sanderson é um escritor americano de fantasia. Dentre os seus trabalhos mais famosos está a série Mistborn. Ele também trabalhou na série Wheel of Time, concluindo a saga após a morte de seu autor original, Robert Jordan.

Seu pai foi vingado... e agora?

A trama do jogo era, antes de tudo, confinada. Ela se desenvolvia em torno do castelo e o ciclo de vingança da família   guerreiros obstinados em matar o God King. Não havia tempo para qualquer outro tipo de consideração, apenas a missão de chegar ao trono e matar o tirano, sem explicações do porquê.

O livro se aproveita muito bem deste fato — em partes, até o justifica. É revelado que Siris (o descendente que conseguiu vencer o God King e personagem principal do livro) tinha em si uma vida confinada. Desde o nascimento, seu propósito era matar o tirano que governava sua vila, treinando já muito pequeno com este único objetivo em mente. Sua obsessão com isso chegou ao ponto de ele não saber fazer algumas tarefas simples e cotidianas, como cortar lenha ou andar à cavalo — todo tempo livre de sua infância e adolescência era reservado apenas para treinar. A única coisa que Siris sabia fazer era lutar; seu único propósito era morrer em combate contra o God King.

Mas, diferente de todos os seus antepassados, ele não morreu. Agora, ele precisa procurar um novo propósito. O mundo é tão desconhecido para Siris quanto para o leitor, fazendo com que os dois entrem numa jornada de descoberta.

Demora um pouco para que Siris comece a explorar o mundo. Em primeiro momento, o guerreiro decide retornar ao familiar castelo, sem saber onde ir. Brandon Sanderson consegue recriar descritivamente o local muito bem, de forma que os jogadores logo reconhecem as cenas.

Além de locais, o autor consegue retratar cenas de ação muito bem também. No próprio castelo, na sala do trono, há uma luta contra três inimigos ao mesmo tempo. Mesmo com vários personagens em combate, é fácil entender o que está acontecendo e o leitor não se perde.

Ao fim desta batalha, há uma revelação súbita de que a morte do God King não foi sequer o começo da luta para libertar a humanidade. Após algumas deliberações e descobrir mais um pouco sobre a Infinity Blade, Siris ganha um novo propósito: procurar o Worker of Secrets, o criador da lâmina que carrega.

É um segredo para todo mundo!

Claro, achar o Worker of Secrets não é tão fácil, a começar pelo fato de que Siris sequer sabe onde ele está — ou se ele é real. Complicando ainda mais sua situação, outras pessoas estão atrás da Infinity Blade, desde outros Deathless, que almejam o poder da lâmina, até humanos comuns e mercenários.

Para piorar, pensamentos confusos, diferentes de sua personalidade, começam a invadir a mente de Siris. Lembranças que não são suas, ideias que desconhece, impulsos violentos que nunca teve antes.

Essa luta interna interna de Siris, lidando com esses impulsos que não conhecia, é bem representada e toma boa parte do livro. Em muitos aspectos, o romance é muito mais uma jornada de descoberta do próprio Siris do que do mundo. No decorrer da viagem, é revelado que há muito mais por trás da linhagem do personagem e que sua vitória contra o God King não foi mera coincidência.

Siris é um personagem bem trabalhado, que desconstrói um pouco a ideia do que seria um soldado perfeito — e os efeitos reais que a criação de alguém para ser um guerreiro desde nascença teria. Já os outros personagens são mais genéricos. Nada que chegue a ser irritante, mas eles parecem estar lá apenas para a conveniência da trama e informar a Siris o que ele deve fazer ou para onde deve ir.

Despertar

Infinity Blade: Awakening é uma leitura interessante. Se aproveita bem dos poucos elementos da história presentes no jogo e introduz o jogador a uma verdadeira mitologia envolta daquele mundo. Os fãs do jogo certamente acharão o livro divertido, e ele serve como ótima introdução para Infinity Blade II.

Revisão: Leonardo Nazareh
Capa: Daniel Silva

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