Conheça Alex Roger, a mente por trás de Korruptus

Game Designer do dia para a noite, fundador da AGW Global e idealizador de Korruptus, confira a nossa conversa com o empresário e estudioso Alex Roger.

em 12/08/2014

Talvez alguns de vocês tenham ouvido falar do jogo Korruptus, disponível para Android e iOS. Inspirado nos problemas vividos pela grande parte da massa brasileira — do desvio de verba por parte dos políticos corruptus até sobreviver por um mês com apenas um salário mínimo — o jogo, além de engraçado e caricato, faz diversas críticas sociais. Entretanto, o quê vocês talvez não saibam, é que ele foi feito em menos de quarenta dias por uma equipe montada do dia para a noite. Conversamos hoje com Alex Roger, o Lead Game Designer que encabeçou esse projeto.



Seguindo atrás de um sonho

Atuando nas áreas de Tecnologia, Construção Civil e Comércio exterior, Alex criou sua primeira empresa há 14 anos, essa de tecnologia, que sempre oi sua paixão. “Eu era o principal profissional e tive que aprender a fazer de tudo (manutenção de computadores, celulares, redes, telefonia, programação, design gráfico, webdesign)... Busquei e fui a cursos e eventos em todo o mundo (China, Taiwan, Hong Kong, Singapura, África do Sul, e em todos os cantos dos EUA) para aprender sobre diversos seguimentos”, nos conta Alex.

Ele manteve essa rotina de estudos e correria atrás de serviço e foi nutrindo sua empresa (que chegou a 35 funcionários). “Foi assim por muito tempo, até que, estudando sobre gameficação e como as mensagens através dos games são absorvidas de maneira poderosa, surgiu a ideia de criar Korruptus, para passar a mensagem da minha indignação de forma que possa ajudar as pessoas a tomarem suas decisões”.


Depois de tentar contactar várias empresas para executar o projeto, ele desistiu por pedirem prazos longos demais. Dada a natureza contextual do jogo (no caso, referente aos protestos brasileiros), se não fosse feito rápido, perderia a atenção do público e ficaria desatualizado. “Foi então que fiquei sabendo sobre uma palestra de programação de games em uma escola próxima e resolvi buscar os organizadores para me indicarem alguém para executar o projeto! No final das palestras vi que não era uma pessoa; fazer game é difícil e envolve muitos profissionais difíceis de se encontrar…”, diz Alex.

Criando uma empresa do dia para a noite

Mas justamente naquela palestra, se encontravam pessoas do ramo, mas cada uma com sua especialidade. Alex não hesitou e perguntou ao palestrante: “quais profissionais preciso para ter essa equipe de criação de jogos?” “ Ele citou, eu anotei e contratei 10 pessoas naquela mesma noite e naquela mesma palestra!”. Roger chegou a contratar até mesmo funcionários de uma das empresas que haviam feito um orçamento para seu projeto e mais dois outros profissionais de uma cidade diferente.

E assim, nasceu a AGW Global!
“Pedi para me encontrarem no endereço marcado em três dias, que, por um amigo, já sabia que estava disponível para locação. Comprei tudo e montei tudo nesses três dias! Nós começamos a fazer o game de imediato e ficamos até tarde várias noites. Inclusive, solicitamos alguns reforços de artistas e programadores”. O esforço foi tanto que, em apenas quarenta dias, Korruptus estava pronto! “Enquanto produzíamos, senti como é bom criar de novo! Como é bom fazer parte disso... e agora ver pronto!”. E dessa sensação, veio a vontade de criar mais um jogo… e mais outro… e um terceiro… E eis que a AGW Global está produzindo quatro jogos atualmente e se consolidando como a maior empresa de games do estado do Espirito Santo, segundo seu fundador.

“E as empresas que cuidava? Não cuido mais!”, clarifica Alex. “Só fico nesse projeto em tempo integral! Eu vi que esse foi o diferencial dos grandes da tecnologia: largaram tudo e se dedicaram 100%. Então fiz isso. De 7:00 as 23:00 todos os dias eu fico lá…”. Acreditando no potencial para executar qualquer game, Alex confia no seu taco mas sabe que podem haver dificuldades — as quais ele afirma que estará pronto para tentar resolver com ajuda da sua equipe.

Aprendendo com a equipe

“Eu dei muita sorte, foi o que muitos disseram. Consegui de cara encontrar boas pessoas!” comenta, enaltecendo os seus funcionários. “Mas não dei sorte em relação ao game designer e gerente de produto, tive que assumir essa parte”, brinca. “E como fazer? Não aprendi em uma palestra, seria impossível! Montar uma empresa era fácil… Mas entender do negócio não era!”, relata o empresário. “ Tentei achar algum game designer, mas na minha região não consegui...Por isso, resolver ser um! Comprei 5 grandes livros e conversei com vários profissionais do ramo, adaptei algumas coisas ao jeito que já estava acostumado a trabalhar e pesquisei muito na internet…”


“Vi tanto tutorial, tanto material que nem sei contar... Assisti o filme Indie Game umas 30x! Mas  tive dificuldades todo o tempo — e ainda tenho! Pelo menos comecei a entender sobre uma série de ferramentas e vi que conseguiria ajudar a equipe; contribuí em muito no projeto! Montei eu mesmo o GDD [Game Design Document] no PowerPoint (risos)”. Mas se adaptar ao ramo não era uma tarefa a ser feita sozinho, nos conta Alex. “Tentei absorver o máximo de conhecimento da equipe. Fizemos reuniões todo o tempo! Sentei ao lado de cada um e estudei em que cada um era melhor. Troquei várias vezes as suas funções, para escolher o melhor do grupo para animações, o melhor estilo para os conceitos dos personagens, o melhor para cenário…”

O segredo de Korruptus foi o entrosamento da equipe e os incansáveis estudos de Alex Roger, mas ainda assim, ele não se dá por satisfeito: “ Se eu começasse a fazer ele agora faria muita coisa diferente... mas perderia o pulo! Por isso, nós vamos fazer a versão 2 com cinco vezes mais personagens tanto heróis quanto vilões, vários cenários e uma jogabilidade e conceito diferentes!”. E enquanto produziam Korruptus, também já investiram em outra frente, o jogo Cockroach, já disponível na Google Play e pendendo à aprovação na Apple Store.

Projetos futuros inspirados no passado

Jogando videogame desde que se conhece por gente, Alex já teve quase todos os consoles, do Atari ao Xbox One, e sente uma grande atração pelo fator nostalgia. Justamente por isso, ele tem o desejo de pegar as mecânica de jogos os quais amava e transformá-las em algo novo — vide a imagem ao lado, de um jogo que deve estar pronto nos próximos 20 dias, inspirado no clássico Frostbite. Alex sabe que produzir quatro jogos com uma equipe tão pequena é algo muito ambicioso, mas reitera sua confiança na habilidade de seus companheiros de trabalho.

“Fora esse jogo inspirado em Frostbite, temos em produção Sandiego, um sobrenome que é bem conhecido no mundo dos games, Fishman, ao estilo timberman "jogo infinito de um tap", mas sem copiar nada”.

A empresa vem fazendo os jogos e remunerando seus funcionários com capital próprio, mas Alex insiste em fazer certas ressalvas: “fico chateado quando dizem que foi fácil pra mim fazer com dinheiro… E garanto: só dinheiro não faz nada. Assim como só programar, ou só ser artista. Não vai ter nada bom. Temos vários casos aí de Indies que tem dinheiro ou recebem financiamento e não conseguem completar um projeto; Se não estudar, buscar os melhores e estiver pronto para compartilhar ideias e experiências, não vai conseguir!”


Por fim, Alex Roger, que teve a coragem de abrir mão de uma carreira consolidada para correr atrás de um sonho, deixa algumas palavras para quem também quer seguir nessa área mas tem receios:

“Esse ramo é poderoso, muita coisa já foi lançada e isso dá medo âs vezes, mas vem! Vem por que temos cada vez mais consumidores e não existe concorrência para jogos, só gosto. Tem que achar o grupo que gosta e fazer como eles querem! E não importa o que você vai fazer... alguém vai gostar!  s vezes mais pessoas. o que te dará mais dinheiro, às vezes menos, o que te dará mais experiência para o próximo projeto.”

Por mais interessante que tenha sido o nosso papo, Alex teve que voltar para tocar sua empresa e seguir com seus estudos — afinal, fazer jogos requer um comprometimento integral. Mas fique ligado aqui no GameBlast que você confere, em breve, a análise de Korruptus e dos futuros títulos da AGW Global!

Capa: Hugo H. Pereira
Revisão: Alan Murilo

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
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